domingo, 23 de dezembro de 2012

NATAL e ANO NOVO

Boas festas
e
Ano Novo 
acima das expectativas

quinta-feira, 20 de dezembro de 2012

amizade…



Os dicionários definem-na como “sentimento de quem é amigo”. 

Dizem, ainda, que se trata de “afeição mútua, dedicação…”. 

…Mas, as conversas entre amigos são contínuas!... 

Não se cingem a simples trocas de palavras; já que ainda que fiquem apartados durante anos, os amigos retomam-nas, sempre no ponto em que ficaram, empenhando, todavia, a experiência entretanto adquirida e vivida. 

Serão intemporais?... 

Os grandes amigos não carecem de comunicação constante e ininterrupta... 

Podem não dizer nada um ao outro, entre os encontros. Porém, quando se tornam a ver, a sensação é a de que se tinham visto no dia anterior. 

Esse dia podia ter sido ontem, há um ano, ou quarenta anos atrás. 

O tempo que medeia entre os encontros é trocado por um abraço, um aperto das mãos, ou mesmo um simples olhar. 

As bibliotecas, cheias de livros, relatam histórias que podem ser utilizadas como ilustradoras de amizades indescritíveis. 

Desde a mais remota antiguidade os grandes autores e pensadores deram lugar de destaque aos sentimentos de amizade, muitas vezes conotando-a com o amor. 

Porém, sem fugirmos ao tema, vamos deixar isso à filosofia e aos filósofos e atentaremos, antes, no mais primário e simples sentimento da amizade. 

Desde um instinto de sobrevivência da espécie, com necessidade e cumplicidade na protecção por, e de outros seres semelhantes ou não, distinguem-se diferentes e diversas origens e variados níveis, para o sentimento da amizade. 

Entram aqui as motivações primárias e, perdoe-se-nos a redundância, a pureza de sentimentos, tão mais perto da pureza quanto a simplicidade dos seus sujeitos. 

Disse Aristóteles que a amizade é uma alma com dois corpos. 

Difícil não é o significado da definição: dois corpos, ainda que um cão e um gato, vêem-se facilmente; já a alma, que, supostamente, lhes está subjacente, não é tão evidente. 

Dizer-se que a ONU decretou o dia 20 de JUL como Dia Mundial da Amizade, que o cão é o melhor amigo do homem, que os três mosqueteiros são o símbolo da amizade, ou despedir-nos “com amizade” no final de uma carta, são conceitos tão distantes e díspares, que em nada nos poderão elucidar sobre a amizade. 

Já a compreensão de uma palavra, ou acto, menos reflectidos, a mão nas costas num momento difícil, ou a ajuda anónima, podem estar muito acima daqueles conceitos universais. 

Um pai, uma mãe, que vêem partir um filho para a guerra, quando o olham e apertam pela última vez, sem dizerem uma palavra, manifestam a maior prova de amizade; será ela que ficará a sublimar o amor de pais. 

É que o amor e a paixão são mais exigentes, mais arrebatadores, mais visíveis; não mais verdadeiros, seguramente. 

Foi por algumas destas razões que intitulei…laços…o sentimento com que tentei definir a ligação de um grupo de camaradas que, há 40 anos, combateram na Guiné e, sempre que se reencontram vão continuando a conversa...como se nunca se separassem…

quinta-feira, 6 de dezembro de 2012

O“anónimo”

Quanto mais consultas faço, mais se afasta a hipótese de qualquer justificação para defender e, muito menos aceitar, a figura – já que outra coisa não me parece – de “anónimo” (para mim, escuro, sombrio, maldoso...). 

Nas Sociedades ancestrais, por razões compreensíveis, foi muito usada a figura “anónimo”. 

Porém, com a evolução do Pensamento e o progresso dos direitos literários e de autor, o anonimato, se não for pedido por razões aristocráticas, pela sátira anónima que se quer pôr a salvo, ou por diversas resistências literárias, é cada vez mais raro e injustificado. 

Desde o séc.XVII e, acentuadamente no séc.XVIII, houve muita curiosidade de descobrir os autores de obras anónimas. 

Foi, porém, no séc.XIX que se publicaram variadíssimas colectâneas, de muito útil e vasta consulta. 

Entre as portuguesas, salientamos a de Martinho A. Fonseca – Subsídios para um Dicionário de Pseudónimos, Iniciais e Obras Anónimas, de Escritores Portugueses – Lx. 1896. 

Também o Hagiológio – Relação anónima, de Jorge Cardoso, impressa em Lisboa, foi um sucesso. 

Anónimo, do grego anónimos – usados caracteres latinos para representar os sons da palavra grega -, significa: “sem nome”, “que não recebeu nome”, “que não se deve nomear”, “que não se dá a conhecer”, “desconhecido” (segundo o Dicionário Etimológico da Língua Portuguesa, do Dr. José Pedro Machado – Editorial Confluência, 1ª edição publicada em fascículos – iniciada em NOV1952). 

Já o Dicionário da Língua Portuguesa Contemporânea – Academia das Ciências de Lisboa – Edição Verbo, em 2001, dá a seguinte entrada: “sem nome”, “que oculta a sua identidade”, “de quem não se sabe o nome”, “que não é notável”, etc. 

Filosoficamente, chegaremos facilmente a um não ser, não concreto, não visível e, portanto a uma coisa inexistente, concretamente. 

Por oposição o ser , que tem um nome, existe, dá-se a conhecer, exibe o seu nome, para o bem e para o mal quer ser reconhecido, identificado. Não esconde a identidade, embora possa fazer reserva do seu nome. 

O nome é um direito natural, que ninguém aceitaria substituído, por exemplo, por um número. Não compreendemos, pois, que alguém aceite ser referido como anónimo. 

Pensamos mesmo que o conceito de anónimo não merece sequer consideração, pois quem não quer, ou não pode, ser nomeado, deverá fazê-lo usando a expressão incógnito

Essa sim com o significado de identificado, mas com reserva de publicação do nome, por razões pessoais, legais e de defesa de interesses vitais. 

Também o uso de pseudónimo é aceitável, pois subentende uma reserva de nome, longe e contrária, portanto do anónimo e sem o sentido pejorativo atribuído a este. 

Todavia, podemos aceitar, por razões de força e ênfase: “manifestações e contribuições anónimas”.