domingo, 23 de dezembro de 2012

NATAL e ANO NOVO

Boas festas
e
Ano Novo 
acima das expectativas

quinta-feira, 20 de dezembro de 2012

amizade…



Os dicionários definem-na como “sentimento de quem é amigo”. 

Dizem, ainda, que se trata de “afeição mútua, dedicação…”. 

…Mas, as conversas entre amigos são contínuas!... 

Não se cingem a simples trocas de palavras; já que ainda que fiquem apartados durante anos, os amigos retomam-nas, sempre no ponto em que ficaram, empenhando, todavia, a experiência entretanto adquirida e vivida. 

Serão intemporais?... 

Os grandes amigos não carecem de comunicação constante e ininterrupta... 

Podem não dizer nada um ao outro, entre os encontros. Porém, quando se tornam a ver, a sensação é a de que se tinham visto no dia anterior. 

Esse dia podia ter sido ontem, há um ano, ou quarenta anos atrás. 

O tempo que medeia entre os encontros é trocado por um abraço, um aperto das mãos, ou mesmo um simples olhar. 

As bibliotecas, cheias de livros, relatam histórias que podem ser utilizadas como ilustradoras de amizades indescritíveis. 

Desde a mais remota antiguidade os grandes autores e pensadores deram lugar de destaque aos sentimentos de amizade, muitas vezes conotando-a com o amor. 

Porém, sem fugirmos ao tema, vamos deixar isso à filosofia e aos filósofos e atentaremos, antes, no mais primário e simples sentimento da amizade. 

Desde um instinto de sobrevivência da espécie, com necessidade e cumplicidade na protecção por, e de outros seres semelhantes ou não, distinguem-se diferentes e diversas origens e variados níveis, para o sentimento da amizade. 

Entram aqui as motivações primárias e, perdoe-se-nos a redundância, a pureza de sentimentos, tão mais perto da pureza quanto a simplicidade dos seus sujeitos. 

Disse Aristóteles que a amizade é uma alma com dois corpos. 

Difícil não é o significado da definição: dois corpos, ainda que um cão e um gato, vêem-se facilmente; já a alma, que, supostamente, lhes está subjacente, não é tão evidente. 

Dizer-se que a ONU decretou o dia 20 de JUL como Dia Mundial da Amizade, que o cão é o melhor amigo do homem, que os três mosqueteiros são o símbolo da amizade, ou despedir-nos “com amizade” no final de uma carta, são conceitos tão distantes e díspares, que em nada nos poderão elucidar sobre a amizade. 

Já a compreensão de uma palavra, ou acto, menos reflectidos, a mão nas costas num momento difícil, ou a ajuda anónima, podem estar muito acima daqueles conceitos universais. 

Um pai, uma mãe, que vêem partir um filho para a guerra, quando o olham e apertam pela última vez, sem dizerem uma palavra, manifestam a maior prova de amizade; será ela que ficará a sublimar o amor de pais. 

É que o amor e a paixão são mais exigentes, mais arrebatadores, mais visíveis; não mais verdadeiros, seguramente. 

Foi por algumas destas razões que intitulei…laços…o sentimento com que tentei definir a ligação de um grupo de camaradas que, há 40 anos, combateram na Guiné e, sempre que se reencontram vão continuando a conversa...como se nunca se separassem…

quinta-feira, 6 de dezembro de 2012

O“anónimo”

Quanto mais consultas faço, mais se afasta a hipótese de qualquer justificação para defender e, muito menos aceitar, a figura – já que outra coisa não me parece – de “anónimo” (para mim, escuro, sombrio, maldoso...). 

Nas Sociedades ancestrais, por razões compreensíveis, foi muito usada a figura “anónimo”. 

Porém, com a evolução do Pensamento e o progresso dos direitos literários e de autor, o anonimato, se não for pedido por razões aristocráticas, pela sátira anónima que se quer pôr a salvo, ou por diversas resistências literárias, é cada vez mais raro e injustificado. 

Desde o séc.XVII e, acentuadamente no séc.XVIII, houve muita curiosidade de descobrir os autores de obras anónimas. 

Foi, porém, no séc.XIX que se publicaram variadíssimas colectâneas, de muito útil e vasta consulta. 

Entre as portuguesas, salientamos a de Martinho A. Fonseca – Subsídios para um Dicionário de Pseudónimos, Iniciais e Obras Anónimas, de Escritores Portugueses – Lx. 1896. 

Também o Hagiológio – Relação anónima, de Jorge Cardoso, impressa em Lisboa, foi um sucesso. 

Anónimo, do grego anónimos – usados caracteres latinos para representar os sons da palavra grega -, significa: “sem nome”, “que não recebeu nome”, “que não se deve nomear”, “que não se dá a conhecer”, “desconhecido” (segundo o Dicionário Etimológico da Língua Portuguesa, do Dr. José Pedro Machado – Editorial Confluência, 1ª edição publicada em fascículos – iniciada em NOV1952). 

Já o Dicionário da Língua Portuguesa Contemporânea – Academia das Ciências de Lisboa – Edição Verbo, em 2001, dá a seguinte entrada: “sem nome”, “que oculta a sua identidade”, “de quem não se sabe o nome”, “que não é notável”, etc. 

Filosoficamente, chegaremos facilmente a um não ser, não concreto, não visível e, portanto a uma coisa inexistente, concretamente. 

Por oposição o ser , que tem um nome, existe, dá-se a conhecer, exibe o seu nome, para o bem e para o mal quer ser reconhecido, identificado. Não esconde a identidade, embora possa fazer reserva do seu nome. 

O nome é um direito natural, que ninguém aceitaria substituído, por exemplo, por um número. Não compreendemos, pois, que alguém aceite ser referido como anónimo. 

Pensamos mesmo que o conceito de anónimo não merece sequer consideração, pois quem não quer, ou não pode, ser nomeado, deverá fazê-lo usando a expressão incógnito

Essa sim com o significado de identificado, mas com reserva de publicação do nome, por razões pessoais, legais e de defesa de interesses vitais. 

Também o uso de pseudónimo é aceitável, pois subentende uma reserva de nome, longe e contrária, portanto do anónimo e sem o sentido pejorativo atribuído a este. 

Todavia, podemos aceitar, por razões de força e ênfase: “manifestações e contribuições anónimas”.


terça-feira, 27 de novembro de 2012

Saber e Conhecer


 Se saber significa, entre outras coisas, ter conhecimento, não deveríamos começar este ensaio parafraseando o prémio Nobel sul-americano, que afirmou: 

Hoje temos mais conhecimento e menos saber

Mas, porque estou de acordo com a afirmação e ela não se me afigura paradoxal, vou tentar interpretá-la, enquadrando-a no que o dia-a-dia por aí nos mostra. 

Recuando no tempo – e uso esse privilégio por cinco ou seis décadas -, aprendi nos livros de Psicologia, também nos de Pedagogia e quiçá nos de Didáctica, que os conceitos de saber e conhecer não são uma e a mesma coisa e, no limite, podem até ser incompatíveis; se não, antagónicos. 

Já na Filosofia o mestre mandou-me abordar o tema pela Retórica. 

Começando pelos pensadores de antanho, vemos que, para Platão o conhecimento é a crença verdadeira e justificada. 

Leonardo da Vinci dizia que todo o conhecimento se inicia com sentimento. 

Anos mais tarde, Francis Bacon afirmou que o conhecimento é poder. 

Actualmente insiste-se na especialização: conhecer cada vez mais, de cada vez menos. 

Nestas teorias, o conhecimento, tal como o saber, implicam limitação; isso, porém, contraria a essência do conhecimento. 

Essa é, a nosso ver, a característica pobre da especialização hodierna, que cria “super-células”, vogando no plasma, sem ligação e articulação: qualquer coisa como robots sem coordenação e comando lógico e racional. 

Todos os dias nos deparamos com leis, decisões, análises, previsões e enunciados teóricos, sem a mínima ligação entre si, sem aplicação viável e na maior parte dos casos com resultados perniciosos e contrários ao fim em vista. 

Orçamentos não consentâneos com a realidade do dia-a-dia, contratos que não resistiriam a uma primeira análise se tivessem sido minimamente aferidos antes de celebrados. 

Tudo isso é fruto de gente cada vez mais conhecedora, com mais meios de diagnóstico e análise; mas que sabem cada vez menos. 

Pelos anos setenta, quando o Marketing, se difundiu em Portugal e se começou a programar, a debater campanhas e a estabelecer objectivos, os empíricos resistiram enquanto puderam e acabaram por contratar, para as suas empresas, equipas de marketing, a utilizar estudos de mercado, a estudar tendências e oportunidades de negócios. 

Um facto curioso, que recordo ao pensar no que por aí vejo: durante alguns anos nenhum director ou quadro intermédio das multinacionais era nomeado se tivesse mais de 40 anos; mais tarde, com menos dessa idade ninguém ascendia aos lugares de direcção. 

Hoje parece que voltámos aos tempos antigos, esquecendo-nos que, embora parecendo mais simples, a gestão é muito mais complicada, quer se trate de sistemas privados, quer se entre no sector público, onde a complexidade implica alta capacidade de gestão e decisão. 

E, como a História não volta para trás, a falta de capacidade, já visível a olho nu, é gritante no sector da Administração Pública e na condução da Política de que todos dependemos. 

Porque não se cria no ensino uma preparação de quadros para a administração e governo?

quinta-feira, 15 de novembro de 2012

Elegia nobre - monólogo

                        Meu pai, regando na horta
O milho, aqui da Renda, este ano, deitou mais palha que espiga; mas está uma horta de se lhe tirar o chapéu. 

Água, graças a Deus, não tem faltado, a terra foi bem estrumada e ainda levou um cheirito de adubo. 

Até o tempo tem ido de feição – bastante calor e manhãs cheias de maresia, até horas do almoço. 

A passarada veio bastante mais cedo e, que me alembre, nunca vi tantos taralhões a chegar, como neste Agosto. 

Os pincheiros, que nalgumas terras aqui perto se chamam branquinhos, vêm lá de umas terras que o Zé me disse que ficam ao pé da Ásia, ou lá que diabo é isso. 

Algures para os lados do Irão, onde já andou a trabalhar um dos moços do Manel da Chã. 

Trazem uma anilha branca, de lata, na pata, com um número muito grande e letras. 

Mais uns dias e desbandeiramos o milho, para ver se fugimos às chuvas que quando apanham os pastos a secar lhes tiram uma parte do chorume e até criam mofo quando se têm de arrecadar húmidos. 

Depois a besta pega-lhes mal. 

Até as abóboras, que acostumamos semear no meio do milho, deitaram duas ou três por cada pé e grandes como não me alembro de ter visto por estas bandas. 

Só o feijão catarino, que também metemos no meio do milho, não deu nada que se veja. 

Pouco vingou e os que se escarpentaram ficaram definhados e ao limpar da flor perderam-se. 

A pouca palha que deitaram, não tem mais que vagens vazias, ou com os bagos mirrado.


Às vezes, durante as regas, meu pai entrava em monólogos; quer falando sozinho, quer continuando depois de se ter ido embora algum possível interlocutor que, ocasionalmente, por ali passasse.

Era também vulgar falar com plantas ou animais, com a água que corria nos regos e nas belgas, com os bichitos que se iam levantando e correndo na frente da água. 


Era, verdadeiramente enternecedor, ver e ouvir estes autores e actores, esta gente simples e verdadeira, actuando no grande cenário da Natureza, a que pertenciam e com que se confundiam. 

Tal como os passarinhos que não param de cantar se ninguém estiver a ouvi-los.

terça-feira, 6 de novembro de 2012

História;Romance



Carlos Ruiz Zafón, escreveu o seguinte: “Há alturas e locais em que não ser ninguém é mais honroso do que ser alguém”, para caracterizar cenários actuais.

Não podendo esquivar-me ao choque que estas palavras me causaram, reflecti: Ao que nós chegámos! 

E olhando para a minha neta, como faço muitas vezes, em circunstâncias semelhantes, interroguei-me: daqui a uma ou duas dúzias de anos, como será isto tudo? Que valores servirão de matriz ao comportamento da colectividade humana? Que regime político vigorará?

E acabei pondo-me, como ponto de ordem, as palavas do meu avô, ditas há perto de sessenta anos: adeus mundo; cada vez melhor!... 

Embora, até agora, mais de meio século decorrido, haja uma parte, incomensuravelmente melhor, e outra ainda se não tenha revelado, não quero perder a esperança.

Todavia, quem havia de dizer, quando cresci, entre gente simples e honrada, respeitadora de diversos estatutos: o da idade, o da educação, o da honradez, o da luta pela vida, o do respeito pela velhice, pela deficiência de qualquer espécie, que não ser ninguém poderia vir a ser mais honroso que ser alguém!...

Quem havia de dizer que haveria cursos sem qualquer utilidade, diplomas sem exames sérios, honestos e universais, comprados por favores, por numerário ou por nome de família ou filiação em qualquer coisa, indefinida e obscura?

Quem havia de dizer, quando brincávamos com as anedotas do Q.I. que haveríamos de ver realidades tão absurdas como as que hoje, proliferam?

Continuo a ter muita honra em todos os que comigo colaboraram, durante quase cinquenta anos de trabalho; tenho orgulho em todos os que ajudei a subir nas carreiras profissionais, nos que subiram muito mais alto do que eu, nos que desenvolveram actividades muito mais conseguidas do que eu. 

É para eles que escrevo. São largas dezenas de amigos que ajudei a crescer e sem nunca mandar inscrever ninguém fosse no que fosse, para além das Faculdades para fazer exames reais e alcançar cursos úteis e acrescentadores de valor curricular.

Como seria bom se pudéssemos transformar e dar vida às personagens que manejamos no que escrevemos; voltar a ter, no comum dos mortais, os grandes génios que já cá não estão. 

Ou seja, dar ao Historiador e ao Homem Simples a possibilidade de que dispõe o Romancista. 

Teríamos menos inquietações!...

segunda-feira, 29 de outubro de 2012

Será possível?



                                                                                               Eça de Queiroz
Transcrevemos, fiel e integralmente, o texto seguinte, pois embora sem qualquer enquadramento de contexto, constitui uma peça literária digna do seu autor, ajustada aos ventos da História, apesar do século e meio de atraso, e embora escrita num regime monárquico, não ofende, nem deslustra os grandes princípios republicanos. 
 
“ORDINARIAMENTE todos os ministros são inteligentes, escrevem bem, discursam com cortesia e pura dicção, vão a faustosas inaugurações e são excelentes convivas. Porém, são nulos a resolver crises. Não têm a austeridade, nem a concepção, nem o instinto político, nem a experiência que faz o ESTADISTA. É assim que há muito tempo em Portugal são regidos os destinos políticos. Política de acaso, política de compadrio, política de expediente. País governado ao acaso, governado por vaidades e por interesses, por especulação e corrupção, por privilégio e influência de camarilha, será possível conservar a sua independência?” 

(Eça de Queiroz, 1867, no “O distrito de Évora”) 

Vai ser possível, sim senhor. Não conservar a sua independência – não se conserva aquilo que se não tem com plenitude e dignidade -, mas vai ser possível restaurar e, depois, conservar a independência do nosso País. 

Desde que o senhor escreveu essas palavras, muitas peripécias pesaram sobre a vida política deste nosso País. 



Desde crises de regime, a guerras e sobressaltos económicos, tudo o que de mau previu e não quis dizer, expressamente, nas suas linhas, nos tem sucedido. 

Incomensuravelmente mais mau do que bom, a ponto de continuarmos na cauda desta Europa, que também não tem feito muito mais do que nós. 

Em ambos os cenários, no mais restrito do nosso País e no mais amplo da Europa, já se abriram janelas de esperança, já se acenderam luzes que brilharam enquanto os substratos perniciosos, que nunca foram bem enterrados, vieram ao de cima. 

E, como que por fatalidade, temos de reconhecer que qualquer jornal actual que publicasse o que o senhor escreveu, no periódico de sua direcção, não estaria a ser desonesto com os seus leitores. 

Mas descanse em paz, sr. Eça. 

O tempo para si já não conta, tenha esperança, como nós.

quarta-feira, 17 de outubro de 2012

Licor de Singeverga


Há, na tradição portuguesa, uma grande variedade de licores; porém, o único que, em Portugal, é verdadeira e exclusivamente monástico é o Licor de Singeverga

É produzido pelos monges beneditinos, através da destilação de uma panóplia de mais de cento e cinquenta ervas aromáticas e medicinais. 

Não sofre a interferência de quaisquer entidades exteriores ao Mosteiro, pois todos os processos, desde a recolha das plantas, à rotulagem, estão rigorosamente descritos no livro de preceitos, em uso na Instituição e criteriosamente guardado em lugar restrito e seguro. 

A produção é limitada, dada a manutenção dos processos artesanais; pelo que é bastante limitada a quantidade de lojas que oferecem esta preciosidade ao público, em geral. 

A inexistência de publicidade e marketing é, também, uma limitação das vendas. 

O Licor de Singeverga é comercializado em garrafas (ver ilustração) com 3 tamanhos diferentes – o corpo da garrafa tem, em alto-relevo: LICOR DE SINGEVERGA. 

O vidro tradicional é castanho-escuro, embora recentemente tenha aparecido branco. 

A rolha, garantida por selo de chumbo, com o escudo dos beneditinos, e os cordões sujeitos por um rótulo de gargalo. 

A venda do Licor é uma das maiores receitas do Mosteiro e da Ordem. 

O Licor de Singeverga tem cor âmbar dourada, ao nariz denota ervas intensas e especiarias, na boca tem um corpo inteiro, paladar forte e delicado a doce de ervas e especiarias. 

Funciona como um digestivo perfeito. 

Tem 30º de volume alcoólico e pode ser bebido, ligeiramente frio. 

Segundo o irmão José, que actualmente tem a seu cargo as principais e decisivas fases da produção do Licor de Singeverga, nada mais há que ervas balsâmicas e terapêuticas, num licor inteiramente artesanal, que segue uma formulação muito antiga, fruto de prolongadas e pacientes experiências. 

Daqui para a frente não vale a pena pensar em mais nada: é beber com moderação, pois trata-se de uma bebida espirituosa. 

Mas, há muitos que dizem tratar-se de um medicamento e, assim, parece que o melhor é juntar as duas coisas num único golo. 

E que faça bom proveito a todos os que tiverem a felicidade de bebê-lo. 

PS. Na casa de família de minha mulher, na Beira Alta, sempre vi uma garrafa de Licor de Singeverga e quando se queria obsequiar ,com maior distinção, servia-se um cálice, no final da refeição. 

Na reserva da garrafeira sempre vi várias garrafas, algumas das quais estão na minha posse há várias dezenas de anos. 

Explicava o “padrinho”, Monsenhor e entendido em costumes e tradições, como se recebia no Mosteiro de Singeverga e como era feito aquele maravilhoso Licor. 

E acrescentava que graças a amigos nos Beneditinos, recebia regularmente obséquios com aquela preciosidade.

terça-feira, 9 de outubro de 2012

Metrossexuais



Metrossexual é a designação, na gíria, de um homem urbano, excessivamente preocupado com a aparência, gastando uma grande parte do seu tempo e bastante dinheiro em cosméticos, acessórios e roupas.

O termo, originado nos anos 90, pela junção de metropolitano e sexual, foi usado, pela primeira vez em 1994 pelo jornalista britânico Mark Simpson e aproveitado pelas revistas masculinas britânicas e norte-americanas, para chegarem, com esta definição, ao seu alvo.

Porém, só no início deste século, a par da diluição dos tabus relativos à cultura gay, o termo foi reintroduzido, nos meios citadinos, tendo-se verificado em 2002, a grande popularização do termo metrossexual e do conceito que lhe é adstrito.

Num novo artigo, Mark Simpson afirmou que havia um atleta, por demais conhecido, que se enquadrava no perfil do metrossexual.

Nada menos que David Beckham, ao tempo atleta do Los Angeles Galaxy, que gostava de passar o dia nas compras, arranjar as unhas, ir ao cabeleireiro, fazer depilação e cuidar do corpo.

Depois, duas grandes campanhas de marketing: uma pesquisa de mercado pela firma Euro RCSG Worldwide e os artigos do jornal New York Times, fizeram o resto: estava, amplamente lançado o termo e o conceito de metrossexual.

Estes homens, vaidosos, estão geralmente, bem colocados, profissionalmente. Não vivem sem a sua marca predilecta de hidratante para a pele, apreciam um bom vinho, sonham com os últimos modelos de carros desportivos, gostam de comprar peças de design. Deixam de cortar o cabelo no barbeiro, frequentam, assiduamente, institutos de beleza, cuidam da sua pele, cultivam o físico, não se sentem embaraçados ao entrar numa perfumaria para adquirir cosméticos para uso próprio. Vivem com belas mulheres.

Mais do que uma moda passageira, está bem difundida a presença destes homens nas sociedades europeia e norte-americana, dando origem a um nicho, com crescimento exponencial, no mercado de acessórios e produtos masculinos. 

Na perfumaria e cosmética, as grandes marcas – Dolce & Gabbana, Giorgio Armani, Prada, Versace, entre outras -, têm colocado cada vez mais artigos à disposição destes clientes. A Tod´s – marca de sapatos manufacturados -, tem, no mercado, modelos, especialmente dirigidos aos metrossexuais, cujo preço vai além dos 350 euros, por par.

As revistas, da especialidade, são regularmente folheadas pelos homens que querem saber o que está ou não na moda. A SIC Radical transmitiu, em 2004, uma britcom - Metrosexuality de 1999, com o título “Metrossexual Como Eu”. 

O site Bleacher Report, considera Cristiano Ronaldo o atleta mais metrossexual do Mundo, que é visto, pelos norte-americanos, como o atleta mais vaidoso, seguido por Tom Brady e David Beckham – o 1º e o 2º vivem com top-models e o terceiro é marido de estilista. 

Note-se que metrossexual não é sinónimo de gay, poderia ser, isso sim, antónimo.

quinta-feira, 27 de setembro de 2012

Tenham senso, sr.s!


                                                        Olá velhote!... Olá careca!...

Li a notícia, sobre um “Procurador” – hesitei no uso de maiúscula -, que pôs uma acção judicial contra um Dicionário da Língua Portuguesa que, a pág. tantas, na entrada “cigano”, escreve, entre outras definições, com a indicação de forma pejorativa: “que, ou aquele que trapaceia, velhaco, burlador”. 

Quer, o autor da acção, que o Dicionário seja retirado da circulação e a Editora seja condenada a pagar uma avultada indemnização, por “semear a intolerância étnica”

E teríamos aqui mais dois semeadores da intolerância étnica se o procurador visse a imagem de ilustração desta “Folha solta”, que apenas retrata dois carinhosos amigos, cumprimentando-se. 

Confesso que a primeira coisa que me veio à cabeça, foi: que falta de senso! E uma catadupa de casos analógicos bloquearam-me: 

Então estamos sujeitos a ser, um dia, julgados por um procurador com este grau de intolerância e esta falta de senso?!... 

O meu consolo e tranquilidade vieram com a indicação de improcedência da referida acção. 

Porém, extrapondo o princípio, cheguei à nossa Constituição; Lá está explícito que qualquer forma de discriminação, nomeadamente a étnica, política ou religiosa, pode ser considerada geradora de actos inconstitucionais e susceptíveis de nulidade - passe a forma de expressão, tratando-se de um não jurista -. 

Na prática, qualquer adjectivo, que qualifique um ser humano, pode ser interpretado como intolerância étnica. 

Basta que seja visto à luz do recalcamento típico, do que é costume chamar-se politica e linguisticamente correcto. 

Aliás, não faltam exemplos jurídicos, jornalísticos e outros, em que se usa uma panóplia de eufemismos para amenizar certas qualificações. Diz-se invisual para fugir a cego, negro e africano ou de cor, para fugir a preto, iletrado em vez de analfabeto, inverdade por mentira e por aí adiante. 

Na História também encontramos muitos exemplos de falta de senso que levaram ao sacrifício máximo, muitos escritores exímios e pensadores célebres. 

O povo, que tantos, por aí, apregoam, "chama os bois pelo nome” e não é por isso que é menos respeitador, ou que revela sinais de intolerância. 

Mas, entre os dois léxicos: o popular e o erudito, nunca hesitarei em seguir o da gente simples que tão rigorosa e objectiva é, quando quer dizer aquilo que lhe vai na alma. 

Pode ser grosseiro, ou mal-educado – para os que assim o interpretem -, mas dá, de certeza, mais lealdade e respeito, do que recebe. 

O Povo, não se sente discriminado, quando canta: “A rica tem nome fino./ A pobre tem nome grosso./ A rica teve um menino./ A pobre pariu um moço.” 

As verdadeiras discriminações são as daqueles que se esquecem, no essencial, dos que também são seres humanos merecedores daquilo que só podem ver escrito na Constituição, mas nunca estará ao seu alcance. 

Parafraseando A. Aleixo: “Vós, que lá do Vosso Império / Proclamais o Mundo Novo./ Calai-vos, que pode o Povo / Querer um Mundo Novo, a sério”.

quarta-feira, 19 de setembro de 2012

Singeverga - Beneditinos



O Mosteiro de Singeverga é o único mosteiro masculino que, em Portugal, segue a Regra de São Bento (Imagem à direita da ilustração)

Foi fundado em 1892, na freg. de Roriz, conc. de Santo Tirso, por monges idos de Cucujães – onde iniciaram a restauração da vida beneditina, após a extinção de Ordens Religiosas, em 1834. 

A família Gouveia Azevedo – ao tempo ainda viva e residente no “casal” de Singeverga, outrora pertencente ao "couto" do mosteiro de Roriz -, doou a casa à Ordem Beneditina. 

Os monges instalaram-se nas dependências agrícolas do “casal”. 

18 anos depois, com a Proclamação da República, tiveram de se dispersar e exilar – uns foram para a Bélgica, tendo a maior parte ido para Samos (Galiza). 

Ficou só, como capelão da família fundadora, o Padre Manuel Baptista de Oliveira Ramos, que viria a ser nomeado pela Santa Sé, em 1922, Prior de Singeverga. 

Entretanto, em 1926, os monges regressados de Samos, instalaram-se na Falperra (Braga) para não comprometerem o que o Padre Ramos tinha, entretanto, conseguido salvar. 

Reposta a normalidade religiosa e a liberdade da Igreja e das Instituições Religiosas, a comunidade deixou Falperra e foi para Singeverga, onde iniciou, em pleno, a vida monástica conventual.

Singeverga é elevada a Abadia, em 1938 e, desde então, teve vários Abades, sendo o último D. Luís Bernardo Sacadura Botte Aranha que governa, actualmente, uma comunidade de 36 monges e as suas casas dependentes. 

A “Regra de São Bento” (Ora et Labora), Reza e Trabalha, implica 3 características especiais para a vocação monástica dos Beneditinos: 

· A escuta da palavra de Deus, no silêncio, ou na reflexão; no recolhimento, ou na leitura. 

· O trabalho quotidiano, pastoral, intelectual, agrícola, artesanal e manual. 

· O acolhimento, na hospedaria, de todos os que vivem no mundo e procuram, no Mosteiro, um lugar e tempo para reflexão, descanso e oração. 

A Ordem de São Bento entrou em Portugal no séc. X, antes, portanto da fundação da Nacionalidade. 

O trabalho da comunidade é exemplar no campo educativo, quer no Mosteiro, quer na “Escola Claustral”, fomentando as vocações e o ensino laico. 

Em Singeverga, consta do património do Mosteiro de São Bento – casa mãe dos Beneditinos, em Portugal, uma tela (Adoração dos Reis Magos), exposta atrás do altar-mor e atribuída a Tintoretto; Uma colecção de borboletas (única na Europa); e o famoso Licor de Singeverga (que será objecto de outra Folha Solta).

domingo, 9 de setembro de 2012

O jogo do pião


O Quincas estava aterrorizado e deu um passo atrás para não ver, de tão perto, a desgraça do seu pião, levando mais uma valente seca. 

O Ruço queria ver, bem de perto, o Guedelhas a falhar e chegou-se à frente. 

O jogo era dar secas nos piões dos adversários sem os fazer sair do círculo limitado pela circunferência traçada no chão. Cada pião que saísse ficava livre. 

O jogo continuava enquanto o jogador, acertando nos piões dos adversários, os não fizesse sair do círculo. Valia a perícia e um pião bem artilhado: pesado para acertar nos outros e não saltar e com um bico forte e afiado para ferir os outros – dar secas-. 

O Guedelhas, com um pião de azinho e uma baraça comprida, era forte e mais alto que os outros jogadores; era temível. Ninguém tinha visto, mas todos aceitavam e repetiam a sua gabarolice de já ter rachado dois piões. Mas, o que era certo é que as marcas das secas do pião dele eram bem visíveis nos outros piões da malta. 

Mas, naquele dia, o Guedelhas lançou com quanta força tinha e falhou. Não acertou em nenhum dos dois piões cativos. 

É claro que ninguém fez comentários; é que o traste não era para brincadeiras e não se ensaiava nada para descarregar a sua ira se alguém estivesse a gozar com a sua desgraça. 

Pegou no pião, colocou-o bem no centro da roda e retirou-se para que o Ruço – dono do pião mais perto do risco – pegasse na sua arma, enrolasse a baraça, tomasse posição e atirasse a matar. 

Era lógico que todos quisessem o pião do Guedelhas o maior tempo possível na roda; enquanto lá estivesse não estava a fazer secas nos outros. Mas o gozo era maior que a lógica e todos, quando podiam, não desperdiçavam a oportunidade de atirar ao pião do mau. 

Naquele dia o traste estaria de pior humor e ao ver o seu pião castigado com duas valentes secas e ficar quase no centro, deu um salto e aplicou uma forte punhada nas costas do Ruço. 

Esqueceu-se, pela certa que o adversário não tinha o melhor pião, mas na luta não deixava os créditos por mãos alheias.

Levantou-se num ápice e num movimento brusco, aviou a Guedelhas com dois socos certeiros que lhe provocaram de imediato uma torrente de sangue do nariz. 

Depois apanhou o pião, meteu-o no bolso e disse para o Quincas: esse gajo não joga mais ao pião nesta terra, senão racho-o. Vamos embora e tu, meu traste, vai-te curar…

Estava marcado o terreno. O Guedelhas não voltou a jogar o pião na Serra.

sexta-feira, 31 de agosto de 2012

3 asneiras juntas



Acabo de ver, no rodapé de um programa, num canal da Televisão que temos em Portugal, a seguinte inscrição: “…previlégio dos açoreanos…”. 

Ora, as palavras mencionadas escrevem-se com i e não com e, como se pode constatar em qualquer dicionário elementar. 

A falta de conhecimentos, a ignorância e a iliteracia campeiam, mesmo entre os responsáveis pelos serviços públicos. 

E não se pense que com mais Acordos, mais Decretos, ou mais Verbas, passaremos todos a ser melhor servidos. 

Anos de desleixo, incompetência e falta de rigor, levaram a um estado deplorável de ignorância e iliteracia no que se refere à Língua Portuguesa, mesmo por muitos dos responsáveis pela Cultura, pelo Governo e pelo Ensino. 

Os que teimosamente continuam a escrever e a usar, correctamente, a nossa Língua, são rotulados de puristas, conservadores e datados. 

Chega-se ao desplante de ouvir e ler opiniões de responsáveis de Governos que vamos tendo, defendendo que o que interessa é fazer-se entender. 

Pelos vistos, os erros de ortografia – generalizados em qualquer teste de acesso aos estudos superiores -, são irrelevantes para um candidato a futuro professor de Língua Portuguesa. 

Ao que nós chegámos!... 

Lembro-me do relato de um vizinho com quem me cruzava no prédio, onde ambos morávamos, que, muito incomodado, me dizia: 

Ainda estou a pensar, amigo professor, como é que raio não respeitei a pontuação e não dei a entoação devida, numa frase do programa de rádio, em que sou locutor!... 

Hei-de trazer a gravação e havemos, em conjunto, se estiver de acordo, de analisar bem as razões do meu supervisor. 

É que uma “não conformidade” custa muito a engolir, quando se é profissional!... 

Sabe, nós, os locutores profissionais, estamos na cabina e o supervisor acompanha, no gabinete, tudo o que dizemos e como o dizemos. Aquilo é a sério, caro professor. Temos muito orgulho em ser locutores de primeira! 

Não tenho visto, nem ouvido, aquela designação profissional. Hoje todos são repórteres, jornalistas, e muitas outras coisas, mas, certamente, os supervisores que estavam à coca de qualquer percalço ou erro, para imediatamente o corrigirem, terão acabado. 

Maleitas que o tempo teima em não sarar. 

Generalizou-se, o QI à brasileira, onde as iniciais já não têm o significado clássico, mas antes querem dizer: Quem Indicou. 

E, não sei porquê, veio-me à memória o meu velho professor de Português que costumava testar os caloiros com uma pergunta: 

Olha lá, serás capaz de escrever três asneiras juntas? 

O Casimiro, que chegou ao Colégio já espigadote, olhou o professor nos olhos, coçou a cabeça e, resolutamente, levantou-se e foi escrever no quadro preto: na sará fácel!... 

Ai é, é!..., como acabas de provar!.. 

Vais emendar-te, escrevendo cem vezes: Não será fácil .

sexta-feira, 24 de agosto de 2012

A beleza do simples


Lembro a declaração do júri num concurso de culinária, para justificar a classificação do vencedor, com o seguinte princípio: 

“Para nós, comida boa é a comida sob a perspectiva de nós próprios e do nosso mundo, sem esquecer os outros que irão confirmar, ainda mais, quem somos. 

Cozinhar bem é estar solto, sem vergonha de mostrar a cara, fiéis a nós mesmos, ao nosso grupo, à nossa gente.” 


No preâmbulo de um projecto de desenvolvimento e aproveitamento local, escrevia o arquitecto: 

“O princípio básico para se fazer arquitectura é procurar redescobrir e valorizar os materiais que nos são oferecidos no local, aceitá-los e expô-los, exaltando-os e dando força aos seus elementos mais simples”. 


A decisão do júri dos jogos florais, numa vila da nossa província, em que foi atribuído o primeiro prémio a um concorrente que apresentou uma simples folha de papel com o seu romance, assentou na seguinte declaração: 

“O trabalho premiado responde, completa e cabalmente, aos parâmetros de qualquer obra literária, pois tem princípio, meio e fim; é coerente e perfeitamente inteligível; é claro e de uma beleza inultrapassável; está correctamente redigido, quer morfológica, quer sintacticamente; tem cadência e tempos de acção totalmente síncronos e harmoniosos e envolve na sua inultrapassável singeleza um clima de incerteza e mistério, perfeitamente definidores de um verdadeiro romance”. 

O júri decidiu, não querendo abusar da vossa paciência, fazer a leitura do trabalho premiado, para que todos possam compreender a justeza e acerto da nossa decisão. 

Biografia do autor: Tónio, de 27 anos, do Monte Fundeiro, andou na mestra até ao 2º grau e é moiral de vacada, na herdade de S. Luís. 

Título: Gente simples. 

Texto do romance: Nasceu morto. FIM. 


Os júris dos concursos de culinária, de arquitectura e de literatura, independentemente dos seus atributos e larga competência académica, foram motivados pelos argumentos mais primários e mais próximos das personagens que melhor definiram e representaram a simplicidade das coisas simples. 

E, nas diversas declarações e justificações de voto definiram, magistralmente, a essência da beleza do simples.

segunda-feira, 13 de agosto de 2012

Plutão


  Terra - Lua e, em baixo, à direita Plutão - Caronte

Plutão é um planeta-anão, do sistema solar,  desde que, em 24 de Agosto de 2006, a União Astronómica Internacional – UAI – alterou a sua designação de planeta principal.

Plutão é, agora, visto como o primeiro de uma categoria de objectos trans-neptunianos, cuja designação de “plutoides” foi aprovada, em Paris, pela News Release 0804 da UAI de 11 de Junho de 2008. 

Anteriormente, em Set de 2006, a UAI atribuiu a Plutão o nº 1340340, dos planetas menores, de modo a reflectir a sua condição de planeta-anão.

Localiza-se numa região do Universo conhecida como Cinturão de Kuiper e demora 248 anos terrestres a fazer a translação em volta do Sol.

Tem um satélite maior, chamado Caronte e dois menores, Nix e Hidra, descobertos em 2005.

Plutão foi descoberto em Fev de 1930, no Observatório Lowell, de Flagstaff, Arizona, pelo astrónomo, de 24 anos, Clyde Tombaugh, que foi o primeiro a fotografá-lo.

As características físicas de Plutão são, na maior parte, desconhecidas, devido à dificuldade de investigação e à falta de contacto de qualquer nave espacial terrestre.

Para observar Plutão é indispensável um telescópio especial, através do qual se pode determinar que tem uma cor castanho-clara, ligeiramente amarelada.

Nas décadas posteriores à descoberta de Plutão a sua massa e tamanho eram apenas estimativas; inicialmente pensou-se que era muito maior que a Terra.

Porém, após a descoberta de Caronte, em 1978, foi possível determinar a massa do sistema Plutão-Caronte, pela simples aplicação da formulação newtoniana da terceira Lei de Kepler. 

O diâmetro de Plutão foi calculado quando o planeta-anão foi ocultado por Caronte. 

A massa de Plutão é menos de 20% da da Lua (ver, na imagem, comparação Terra-Lua e Plutão-Caronte – em baixo à direita -).

Se os humanos vivessem no tempo de Plutão, nunca chegariam ao 1º ano de vida (248 anos) e um homem de 70Kg, na Terra, pesaria apenas 4Kg, em Plutão.

Um sinal de rádio, transmitido à velocidade da luz, leva cerca de 4,5 horas, da Terra a Plutão.

Imaginemos um modelo reduzido em que o Sol fosse uma bola de futebol (22 cm de diâmetro). 

A essa escala, a Terra estaria a 23,6 metros e seria uma esfera com 2 mm de diâmetro. A Lua ficaria a 5 cm da Terra e teria 0,5 mm de diâmetro. Plutão ficaria a 931 metros do Sol, com 0,36 mm de diâmetro. A estrela mais próxima, a Próxima Centauro, estaria a 6332 Km do Sol e a estrela Sírio a 13150 Km do Sol.

A cerca de 257 000 Km/hora, da Terra à Lua seria 1h e ¼; até ao Sol, 3 meses; até Saturno, 7 meses e até Plutão e deixar o sistema solar, 2 anos e meio. 

A partir dali, 17 600 anos até à estrela mais próxima e 35 000 anos até Sírio.   

quinta-feira, 2 de agosto de 2012

Queijo / memória



Aprendemos, em diversas fontes, que o queijo é um óptimo complemento alimentar. 

A sua importância e valor derivam da sua facilidade de transporte, longa durabilidade e alto teor de gordura, proteína, cálcio e fósforo.

Nestes atributos do queijo estão os principais factores que ajudam o cérebro a desenvolver a faculdade de conservar ideias, ou noções, anteriormente adquiridas – a memória –. 

Antes disso, desde criança, sempre ouvi dizer: 

Como te hás-de lembrar? Comes muito queijo! 

E pensava o que aconteceria à minha memória, já que comia bastante queijo. 

Mas, como tinha muito boa memória, acabei por não ligar, embora tenha continuado a interrogar-me sobre a razão de tal crença popular. 

Cientificamente nada parece existir; pelo menos não conhecemos nada escrito nesse sentido. 

Já na literatura encontramos várias referências à velha crendice que separa queijo e memória: 

O padre Manuel Bernardes, na “Nova Floresta”, diz: “há também memória artificial, da qual uma parte consiste na abstinência…. como os lacticínios….” 

Mestre João Ribeiro esclarece no seu “Folclore”: “É crença popular que os lacticínios, especialmente o queijo, são alimentos que prejudicam a memória”. 

Pereira da Costa, no “Vocabulário Pernambucano”, e Eduardo Campos, folclorista cearense, na “Medicina Popular”, referem que quem come casca de queijo, ficará “esquecido”, de memória fraca. 

José Lins do Rego, no livro “Meus verdes anos” escreve: “Botava a cartilha e a tabuada por baixo do travesseiro… E não comia queijo. Queijo fazia ficar rude …”. 

José da Fonseca Lebre, nas suas “Locuções e modos de dizer usados na província da Beira Alta” regista: “Homem, parece-me que tu comes muito queijo. Em certos dias pareces-me bruto. Então, é lá coisa que se compreenda, um disparate desse lote?” 

Na “Feira de Anexins”, obra póstuma de D. Francisco Manuel de Melo, nas suas desengraçadas metáforas sobre a memória, escreveu: “Você está em França, tem memória de galo. / - Tome anacardina. / - Basta que eu não coma queijo. / - Se eu o comera, já pensara que me morria.”. 

Sem nada concluir, finalizamos com uma recomendação, baseada nas propriedades do queijo: coma queijo; o cálcio, as proteínas e o fósforo, protegem o esmalte dentário. O queijo aumenta a salivação, livrando os dentes de açúcares e ácidos e exercendo um efeito anti-bacteriano na cavidade bucal.