A mula é um animal híbrido, resultante do cruzamento de um jumento (Equus africanus asinus) com uma égua (Equus caballus).
É estéril; um ponto final na biologia dos equídeos, pois resulta do cruzamento de espécies diferentes: cavalos e burros, com nº diferente de cromossomas (64 e 62).
Resultante desse cruzamento a mula (63 cromossomas) é estéril.
Nos últimos 5 séculos, apenas foram registados 60 casos de mulas não estéreis.
Já os romanos tinham um aforismo, para classificar acontecimentos impossíveis: “cum mula peperit”- quando a mula parir.
Até que ela pariu e começou a História e as histórias em volta deste pacato animal, que até virou adjectivo.
Agrupa características positivas de duas raças, que lhe conferem apetência para o transporte de cargas e utilização em zonas de topografia acidentada.
Em Portugal é usada nos trabalhos agrícolas, como animal de tiro, de carga e de transporte.
Bem mais rico é o historial de um dos progenitores da mula: o burro – do Latim “burrus”- vermelho.
Tido como símbolo de pouca inteligência e teimosia, precisamente pela origem do seu nome.
Esta associação de vermelho com a falta de inteligência vem dos dicionários antigos –vulgarmente com capas vermelhas– dando a ideia de que os burros eram sedentos de sabedoria.
Nada a ver!...
Os burros são animais muito valentes.
Quando se assustam, não fogem! Apenas zurram com força!
É o único animal, do seu tamanho, que não retrocede perante o leão.
É, por isso, usado em África, para proteger os rebanhos.
Dada a precisão do coice e a violência da mordidela, os cães recuam diante dos burros.
O burro, ou asno, foi domesticado, pela 1ª vez, na Etiópia e Somália, há 6.000 anos.
Foi usado, como meio de transporte, muito antes dos cavalos, originários da Ásia e criados pela sua carne.
Com os burros deu-se a primeira grande expansão do comércio, aproveitando este animal dócil, capaz de levar mercadorias com o peso de mais de um terço do seu próprio peso.
Nos últimos 10.000 anos, de 148 mamíferos de grande porte (mais de 45 kg), da Terra, só 15 foram domesticados.
E destes, só 7 se adaptaram a animais de carga para zonas montanhosas: cavalo, camelo, bactriano, lama, alpaca, burro e yak.
Na área rural da Índia o leite de burra é muito utilizado como alimento infantil.
Análises recentes revelam que o leite de burra é muito rico em oligossacarídeos, carbohidratos com potentes qualidades imunoestimulantes.
Há até quem lhe reconheça efeitos semelhantes ao Viagra.
Parabéns Cleópatra!...
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