quarta-feira, 23 de outubro de 2013

Os alfabetos


A escrita constitui uma das grandes conquistas da Humanidade; são enormes e inúmeras as transformações por que passaram os diversos sistemas de signos usados para exprimir, graficamente, a linguagem.

Um longo caminho foi percorrido, desde os 20.000 ideogramas, simples e compostos, usados na Suméria (baixa Mesopotâmia) há 5.000 anos, até às vinte e poucas letras dos alfabetos actuais.

Nesta breve análise não vamos estudar a evolução da escrita; faremos apenas uma breve análise aos diversos alfabetos, cuja criação foi a grande conquista da escrita.

A palavra “alfabeto”, de origem latina (alfhabetum), é constituída pelas 2 primeiras letras do alfabeto grego (alfa e beta). 

Vamos, porém, um pouco mais atrás, no tempo.

O alfabeto fenício, com 3.000 anos, tem apenas 22 signos e parece basear-se na escrita do proto-Sinai (anterior ao séc. XV a.C.). 

A possibilidade de escrever qualquer palavra com 22 signos confere ao alfabeto fenício a chave da sua expansão; esta simplicidade tornou-o no mais difundido dos alfabetos antigos. 

A partir do séc. X a.C. foi adoptado pelos Arameus, Nabateus, Sírios, Persas e Hebreus, defendendo alguns autores que dele deriva o alfabeto árabe.

A adopção do alfabeto fenício pelos Gregos, cerca do séc. VIII a.C., foi o facto de maior transcendência para a nossa civilização. 

Chegaram, todavia, no séc. VI a.C., diversos aperfeiçoamentos e transformações, ao alfabeto grego clássico que acabou composto por 24 letras – vogais e consoantes –.

Deste alfabeto surgiram escritas de populações não helénicas (etruscos, lícicos). 

Já na Idade Média, formar-se-iam, a partir do grego, o alfabeto gótico e os alfabetos eslavos. 

A partir do alfabeto etrusco e outras escritas itálicas, formou-se o alfabeto latino, cujos primeiros documentos datam do final do séc. VII a.C. 

Por volta do séc. I a.C., o alfabeto latino encontra-se perfeitamente constituído, constando dele as nossas actuais 23 letras. 

Com o Império Romano, o alfabeto latino impôs-se em todo o mundo ocidental, a maior parte do qual eram colónias romanas. 

Também em Portugal é com ele que escrevemos.

Terminamos com a última quadra do poema “O edital”, do grande Augusto Gil, como exemplo da boa escrita e de quanto vale o seu ensino…

-Olhai, amigos, quanto pode o ensino…
Sois homens, alguns pais, e até avós;
Pois só por saber ler, este menino
É já maior do que nenhum de vós!

                                                               Augusto Gil

quarta-feira, 16 de outubro de 2013

História da sanita



A sanita é um tema como qualquer outro, só que bastante importante. O saber não ocupa lugar e não há idade para aprender.

Há mais de 4.000 anos, já em Creta, no palácio de Cnossos, se aplicava uma espécie de sanita. Tinha uma cisterna, uma pia e um canal de descarga de água. 

Todavia, a generalização do processo foi muito lenta, embora não sendo cretinos os de Creta (são cretenses).

Depois, os Romanos, não utilizavam dispositivos individuais; tinham assentos corridos, com várias aberturas, para os diversos utentes, e, por baixo, uma vala comum, com água corrente, encaminhava os dejectos até ao depósito apropriado.

Há apenas dois séculos que as fossas sépticas, providas de sifão, servem as casas particulares.

Durante quatro milénios os despejos eram atirados à rua, após aviso prévio. 

Ficou célebre o grito “vai água!...”, simultâneo com o arremessar de toda a espécie de dejectos, pela janela, ou porta fora.

Os pioneiros deste processo de mudança higiénica foram os ingleses.

O poeta John Harington desenvolveu, em 1597, o “water closet” de válvula, baptizando-o de Ajax, e promovendo a sua instalação no palácio da rainha Isabel I, em Richmond.

Em 1775, ou seja, passados quase dois séculos, John Cummins, patenteou um w.c. de cisterna, que viria a ser aperfeiçoado, poucos anos depois, por Samuel Prosse, com a sua válvula esférica.

Menos de um século depois, em meados do século XIX, os serviços ingleses de Saúde Pública publicaram a célebre acta que obrigava a instalar um serviço sanitário, em todas as casas que se construíssem, no futuro.

Nos finais do século XIX, segundo referências de 1890, a postura inglesa estava adoptada em toda a Europa. Pelo menos a ideia era aceite em todos os países deste continente. 

Em Portugal o saneamento básico há-de chegar um dia, esperamos que ainda este séc. XXI, a todo o território; são apenas dois séculos de diferença para o decreto dos ingleses… 

Mas também uma coisa inventada por um poeta talvez não fosse para levar muito a sério!...

O sistema recebeu, pelo mundo, as mais variadas designações, de um modo geral de acordo com o local onde era instalado.

Na Inglaterra o povo continuou a chamar-lhe john, em homenagem ao poeta inglês, John Harington que foi, indiscutivelmente, o seu criador.

terça-feira, 8 de outubro de 2013

Sebastiões

A etimologia do nome Sebastião, gramaticalmente clara, deixa algumas hipóteses e histórias do domínio popular. 

É muito forte a devoção ao Mártir S. Sebastião, e poderá ser a origem de muitos nomes.

Segundo José Pedro Machado (Dicionário Onomástico Etimológico da Língua Portuguesa), Sebastião chegou à Língua Portuguesa, através da latinização do grego Sebastianós, na forma Sebastianu-. 

A palavra grega significa “augusto, venerável”.

Na Língua Portuguesa tem tido diversas variantes, sendo a mais corrente, e muito vulgar “Sabachão”. 

E, sendo um nome bastante vulgar, falemos, agora, de Sebastiões (mais do que um Sebastião, ou seja, o nome no plural).

Se o étimo latino de Sebastião é Sebastianu-, a haver plural, teríamos, por correspondência com o latim Sebastianos, o português Sebastiãos. 

Mas se João permite o plural Joões, apesar da etimologia que faria supor Joães (Johanne >Johannes > Joães), diremos que Sebastiões é, não só forma possível, mas até preferencial. 

De facto os nomes próprios, acabados em –ão, têm tendência a formar um plural, não etimológico, em –ões. 

Passemos, agora à força do uso da língua e dos costumes e usos populares: 

Quando o encarregado do Registo Civil perguntou ao ganhão, que se apresentou para registar 2 netos gemeos, se os ditos eram masculinos ou femininos, o velho deu um salto e exclamou: 

“Qual Marcolinos, qual Forminos!... Sabachões, como os avões!... 
E hão-de ser ganhões dos mesmos patrões!... 

Mas eu explico: Um Sabachão Manel e outro Manel Sabachão

E, por bondade e compreensão do empregado no Registo Civil, lá ficaram os registos de Sebastião Manuel e Manuel Sebastião.

Como curiosidade acrescentemos que, nos últimos anos, tem sido muito usado o nome Sebastião nos rapazes que nasceram nalguns países.

Em 2008 – foi o 98º nome mais usado nos Estados Unidos. 

Em 2007 – foi o 86º nome mais usado na Inglaterra e País de Gales; o 38º na Suécia; o 37º na Noruega e o 5º na Nova Gales do Sul e Austrália. 

Em 2006 – foi o 5º nome mais usado no Chile. 

Nota: Não temos estatísticas dos Registos, em Portugal; agradecemos a sua ajuda, estimado leitor.