segunda-feira, 23 de dezembro de 2013

Ouro


O ouro (latim aurum,"brilhante") é um elemento químico de nº atómico 79 (79 prótons e 79 elétrons); está situado no grupo onze (IB) da tabela periódica, e de massa atómica 197 u. O seu símbolo é Au (do latim aurum).

Conhecido desde a Antiguidade, o ouro é utilizado de forma generalizada em joalharia, indústria e electrónica, bem como reserva de valor.

Características principais

É um metal de transição, brilhante, amarelo, denso, maleável, dúctil (trivalente e univalente) que não reage com a maioria dos produtos químicos, mas é sensível ao cloro e ao bromo. À temperatura ambiente, apresenta-se no estado sólido. 

Encontra-se em geral no estado puro e em forma de pepitas e depósitos aluvionais. É facilmente manuseável e maleável: com apenas um grama de ouro, é possível obter um fio de 3 km de extensão e 0,005 mm de diâmetro, ou uma lâmina quadrada de 70 cm de lado e 0,1 micron de espessura.

Ao lado: cristais de ouro feitos por reação química de pureza >99,99%.

O ouro puro é demasiado mole para ser utilizado. Por isso é, endurecido formando liga metálica com prata e cobre. O ouro e as suas diversas ligas metálicas são muito empregados em joalharia, fabricação de moedas e como padrão monetário em muitos países. Devido à sua boa condutividade elétrica, resistência à corrosão e uma boa combinação de propriedades físicas e químicas, usa-se em diversas aplicações industriais.

História

Arqueologistas sugerem que o primeiro uso do ouro começou com as primeiras civilizações no Oriente Médio. É possível que tenha sido o primeiro metal utilizado pela humanidade. O mais antigo artefacto em ouro foi encontrado na tumba da Rainha Egípcia Zer. Era conhecido na Suméria e no Egito onde existem hieróglifos de 2600 a.C. que descrevem o metal. É, também, referido em várias passagens no Antigo Testamento.

O ouro foi sempre considerado como um dos metais mais preciosos, tendo o seu valor sido aproveitado, ao longo da História, como padrão para muitas moedas.

Aplicações

O ouro exerce funções críticas em computadores, comunicações, naves espaciais, motores de reacção na aviação, e em diversos outros produtos.

A elevada condutividade eléctrica e resistência à oxidação permitem amplo uso em electro-deposição - cobrir com camada de ouro, por meio electrolítico, as superfícies de conexões eléctricas, assegurando uma conexão de baixa resistência e livre do ataque químico do meio -. 

• Como a prata, o ouro pode formar amálgamas com o mercúrio que, algumas vezes, é empregado em restaurações dentárias.

• O ouro coloidal (nano-partículas de ouro) é uma solução intensamente colorida que está sendo pesquisada para fins médicos e biológicos. Esta forma coloidal também é empregada para criar pinturas douradas em cerâmicas.

• O ácido cloroáurico é empregado em fotografias.

• O isótopo de ouro 198Au, com meia-vida de 2,7 dias, é usado em alguns tratamentos de câncer e em outras enfermidades.

• É empregado para o recobrimento de materiais biológicos, permitindo a visualização através do microscópio eletrónico de varredura (SEM).

• Utilizado como cobertura protectora em muitos satélites porque é um bom reflector de luz infravermelha.

Simbologia do ouro

O ouro é usado como símbolo de pureza, valor, realeza e ostentação. O principal objectivo dos alquimistas era produzir ouro a partir de outras substâncias, como o chumbo.

Muitas competições distinguem o vencedor com medalha de ouro, o segundo com medalha de prata , e o terceiro com medalha de bronze = cobre (os três pertencentes ao mesmo grupo (11) da tabela periódica dos elementos).

Papel biológico

O ouro não é um elemento químico essencial para nenhum ser vivo. Alguns tiolatos (ou semelhantes) de ouro são empregados como anti-inflamatórios no tratamento de artrites reumatoides e outras enfermidades reumáticas. O funcionamento destes sais de ouro não é bem conhecido. O uso do ouro em medicina é conhecido como crisoterapia.

Abundância e obtenção

Pepita de ouro

Por ser relativamente inerte, pode encontrar-se, como metal, às vezes como pepitas grandes, mas geralmente encontra-se em pequenas inclusões em alguns minerais, como quartzo, rochas metamórficas e depósitos aluviares originados dessas fontes. O ouro está amplamente distribuído, e muitas vezes associado ao quartzo e pirite. É comum como impureza em muito minérios, de onde é extraído como subproduto. Como mineral é encontrado na forma de calaverita, um telureto de ouro.

A África do Sul é o principal produtor de ouro, extraindo cerca de dois terços de toda a procura mundial deste metal.

O ouro é extraído por um processo denominado lixiviação com cianeto. O uso do cianeto facilita a oxidação do ouro formando-se (CN)22- em dissolução. Para separar o ouro da solução procede-se a redução empregando, por exemplo, o zinco. Tem-se tentado substituir o cianeto por outro ligante devido aos problemas ambientais, porém não são rentáveis e são, igualmente tóxicos.

Espalhado em toda a crosta terrestre em baixa concentração média (5 gr em 1.000 toneladas). As minas de ouro, economicamente rentáveis, produzem acima de 3 gramas por tonelada.

Utilização farmacêutica

O corpo humano não absorve bem o ouro, e seus compostos. Até 50% dos pacientes com artrose, tratados com medicamentos que contém ouro, têm sofrido danos hepáticos e renais.

O ouro como mercadoria

O mercado de ouro, assim como o mercado de acções, integra o grupo dos chamados mercados de risco já que as suas cotações variam segundo a lei da oferta e da procura. 

No mercado internacional, os principais mercados que negociam ouro são Londres e Zurique onde é negociado no mercado de balcão e não via bolsas. Outro grande centro de negócios é a Bolsa de Mercadorias de Nova York (COMEX) onde só se opera em mercado futuro. Há também nesta praça um forte mercado de balcão para o ouro físico.

As operações com ouro no Brasil

No Brasil, o maior volume de comercialização de ouro faz-se na da Bolsa de Mercadorias e Futuros (BM&F), que é a única no mundo que comercializa ouro no mercado físico. As cotações do ouro, no exterior, são feitas em relação à onça troy, que equivale a 31,104 gr. No Brasil, a cotação é feita em reais por grama de ouro puro. O preço do ouro, no Brasil, vincula-se, historicamente, às cotações de Londres e Nova York, refletindo, portanto, as expectativas do mercado internacional. Sofre, entretanto, influência directa das perspectivas do mercado interno e, principalmente, das cotações do dólar flutuante. Assim o preço interno é calculado directamente segundo as variações do preço do dólar no mercado flutuante e dos preços do metal na bolsa de Nova York. O preço do grama do ouro em reais, calculado a partir do preço da onça em dólares (pela cotação do dólar flutuante) fornece um referencial de preços. 

Tradicionalmente, a cotação da BM&F mantém a paridade com este valor referencial variando 2%, em média, para baixo ou para cima. 

Existem dois tipos de investidores no mercado de ouro no Brasil: o investidor tradicional - que utiliza o ouro como reserva de valor -, e o especulador - que está à procura de ganhos imediatos e de olho na relação ouro/dólar/acções, procurando a melhor alternativa do momento. 

No Brasil há dois mercados para o ouro: mercado de balcão e mercado spot nas bolsas . Em qualquer dos casos, a responsabilidade pela qualidade do metal é da fundidora e não do banco, que é apenas o depositário.

Provas de Ouro

São mundialmente reconhecidas as seguintes provas de ouro: 375, 500, 583, 585, 750, 958, 996, 999,9 (usada na indústria aero-espacial). 

Encontra-se com maior frequência a mistura (liga) de ouro com o nº 583. As ligas desta prova podem ter diferentes cores, dependendo da quantidade e composição dos metais. 

Por exemplo, se na liga de ouro da prova nº 583 (58,3% de ouro) contém cerca de 36% de prata e cobre 5,7%, a liga tem um tom de cor ligeiramente verde. Se for 18,3% de prata e 23,4% de cobre, fica com cor de rosa. Se for 8,3% de prata e 33,4% de cobre, uma cor avermelhada. 

Ouro com a prova nº 958 é de três componentes: ouro, prata e cobre e é usado, geralmente, para fazer alianças. Esta liga tem uma cor amarela-forte e é próxima da cor de ouro puro. 

Na liga nº 750 também existe cobre e prata, mas podem ser usados paládio, níquel ou zinco. Tem uma cor amarela-esverdeada, também tons avermelhados e até branca. Esta liga é facilmente difundida, mas se contém mais de 16% de cobre a cor perde gradualmente o seu brilho. 

A liga de prova nº 375 contém: ouro 37,5%, prata 10,0%, cobre 48,7%, paládio 3,8% e é usada para fazer alianças.

Também existe uma vasta utilização de "ouro branco", que contém: 

Na liga de ouro de nº 583: prata 23,7-28,7%, paládio 13,0-18%, ou níquel 17%, zinco 8,7% e cobre 16%; 

Na liga de ouro nº 750: prata 7,0-15,0%, paládio até 14%, níquel até 4%, zinco até 2,4% ou níquel 7,5-16,5%, zinco 2,0-5,0% e cobre até 15%.

quarta-feira, 18 de dezembro de 2013

O tempo e a maneira


Diga-me uma coisa, senhor professor!...: 

Então para escrever uma lauda destas, não demora muito tempo, pois não!?... 

É que a gente nunca fôramos mandados à Mestra que, quando eu fui garoto, aqui deu escola. E uma das coisas que ainda gostava de ser capaz de fazer, antes de morrer, era apresentar assim umas ideias que trago na cabeça vai para um ror de anos e de várias maneiras.

Vem ao propósito uma práctica que numa das Quaresmas o padre de fora deitou do púlpito, sobre o tempo em que as coisas se fazem e a maneira como são feitas:

 Todos sabemos que o tempo não é igual para todos: começa ao vir a este mundo, ou a tempo ou fora de tempo; no tempo bom ou com frio e fome. Já quanto a maneiras também é cada coisa de seu feitio: uns são paridos como outro qualquer animal e outros nascem rodeados de médicos e enfermeiras, cercados de cuidados e aconchegos.

E se Deus, que é Deus e pode tudo, nasceu lá num palheirito e foi aquecido pelo burro e pela vaca, que para ele o tempo devia estar frio como para qualquer outro, naqueles dias de Natal, como podemos nós não aceitar o que a sorte nos guardou para nós? E estes nós, somos todos; os que pensam que podem fugir, tropeçam e caem.

Eu não ponho em causa o que todos temos de mais certo, como dizia um velho que havia aqui na terra e eu ainda cheguei a conhecer, a quem chamavam o ministro, talvez porque fosse muito examinado e gostasse de dar doutrinas. 

Dizia ele: tenho a certeza absoluta que nasci e hei-de morrer!...Mais nada!

Às vezes, acrescentava: tão certo como eu dizê-lo é poder garantir que ainda ninguém foi capaz de me contrariar, ou chamar-me mentiroso. 

Mas, quanto ao tempo e à maneira também ainda ninguém me soube esclarecer. É que mesmo os que estudaram muito ainda não foram capazes de alterar a ordem natural das coisas que umas vezes se resolvem pela força e outras pela falta dela.


Estas são algumas das coisas que gostava de poder ter escrito, senhor professor. 

Se não, um dia, como dizemos do ministro, hão-de dizer que eu dizia…e mais nada!.

quarta-feira, 11 de dezembro de 2013

Carrilhão


Um carrilhão é um instrumento musical de percussão, formado por um teclado que controla um conjunto de sinos de tamanhos variados. 

Os carrilhões são normalmente alojados em torres de igrejas ou conventos e são dos maiores instrumentos do mundo.

Os carrilhões apareceram no século XV, na Flandres, quando os construtores de sinos conseguiram aperfeiçoar a sua arte de modo a conseguirem que cada sino reproduzisse um tom exacto. 

A maior concentração de carrilhões antigos situa-se na Bélgica, Holanda e nas regiões do norte da França, Alemanha e Polónia, onde eram colocados como símbolos de orgulho das cidades mais ricas e como demonstração do seu status.

Como cada nota é produzida por um único sino, a amplitude musical do carrilhão é determinada pelo número de sinos que este possui. 

Com menos de 23 sinos (2 oitavas), o instrumento não é considerado um verdadeiro carrilhão. Em média, os carrilhões têm 47 sinos (4/5 oitavas), enquanto os maiores possuem 77 sinos (6 oitavas).

Sentado numa cabine por baixo do carrilhão, o carrilhonista pressiona as teclas com a mão protegida ou com o pulso. 

As teclas accionam alavancas e fios que ligam directamente aos badalos dos sinos; tal como no piano, o carrilhonista pode fazer variar a intensidade da nota de acordo com a força aplicada na pressão da respectiva tecla. 

Em conjunto com as teclas manuais, os sinos maiores, possuem também pedais que oferecem a possibilidade das notas graves, serem tocadas de duas maneiras diferentes.

Outro tipo de carrilhão é o Carrilhão Sinfónico ou de Orquestra. Estes carrilhões são formados por tubos ocos de diferentes tamanhos, soando diferentes alturas de notas. 

Os carrilhões são dispostos no sentido vertical, pendurados de maneira gradual, de acordo com os seus tamanhos. A batida no carrilhão é feita através de uma baqueta, batendo esta baqueta na extremidade superior do carrilhão. Os sons destes carrilhões assemelham-se muito a sinos de igrejas e são usados nas orquestras para produzir efeitos especiais.

Em Portugal existem vários carrilhões. Dois no Palácio Nacional de Mafra, um na torre da Igreja dos Clérigos no Porto, outro na torre da Sé Catedral de Leiria e um outro em Alverca, na Igreja da Paróquia de S. Pedro de Alverca.

Os carrilhões do Convento de Mafra são dos mais antigos da Europa. 

Foram mandados construir em 1730, em Antuérpia, na Bélgica, por D. João V que, por ter achado o preço baixo, mandou construir dois. 

Cada carrilhão é composto por 57 sinos, pesando o maior cerca de 10 mil quilos e o conjunto, mais de 200 toneladas.

terça-feira, 3 de dezembro de 2013

Palácio Nacional de Mafra



Mandado construir no séc.XVIII pelo rei D. João V, em cumprimento de um voto para obter sucessão, no casamento com Dª Maria Ana de Áustria, ou pela cura de uma doença de que sofria, o Palácio Nacional de Mafra é o mais importante monumento barroco de Portugal.

Construído com pedra lioz da região, o edifício de 68 metros de altura, ocupa quase 4 hectares (37.790m2). 

Tem 1.200 divisões, mais de 4.700 portas e janelas, 156 escadarias e 29 pátios e saguões. 

Para recheio do palácio real o rei encomendou obras de escultura e pintura a mestres italianos e portugueses. 

Os paramentos e alfaias religiosas são obras de mestres franceses e italianos. 

Da Flandres vieram 2 carrilhões com 92 sinos – o maior conjunto no mundo – (actualmente 114 sinos).

A construção, iniciada em 17 de Novembro de 1717, chegou a empregar, simultaneamente, 52.000 trabalhadores e, no final, muito para além dos inicialmente previstos, acabou por abrigar 330 frades, um Palácio Real, uma das maiores e mais belas bibliotecas da Europa, com um valioso acervo de 36.000 volumes – abrangendo todas as áreas de estudo do séc. XVIII -, decorada com mármores preciosos, madeiras exóticas e incontáveis obras de arte.

A completar toda esta magnificência alardeada pelo rei D. João V – só possível devido ao ouro do Brasil -, mandou o rei construir a imponente basílica, que foi consagrada no 41º aniversário do monarca – em 22 de Outubro de 1730, um domingo a que se seguiram festas de oito dias -.

Embora nunca tendo sido residência permanente da família real o Palácio-Convento de Mafra teve a atenção dos sucessores de D. João V. 

No reinado do filho, D. José, foi ali criada uma importante escola de escultura que, sob a direcção do mestre italiano Alessandro Giusti, produziu os retábulos de mármore da basílica. 

Também D. João VI – cujo Paço preferido era Mafra – encomendou, já nos finais do séc. XVIII, pinturas rurais para diversas salas e um novo conjunto de órgãos para a basílica.

A Real Tapada de Mafra, também criada por D. João V, em 1747, com o objectivo de proporcionar um adequado envolvimento ao monumento, não podia deixar de corresponder à grandiosidade do Palácio-Convento. 

Numa área de 1.187 hectares – 819 dos quais cobertos de floresta -, rodeada por um muro de alvenaria - pedra e cal -, com 3 portas, num perímetro de 21 Km. Em 1828, 2 muros dividiram a Tapada em 3 áreas isoladas.

O Convento foi incorporado na Fazenda Nacional em 30 de Maio de 1834 – extinção das Ordens Religiosas em Portugal – e desde 1841 até à actualidade foi acupado por diversos regimentos militares, sendo, desde 1890, sede da Escola Prática de Infantaria (convento e 1ª tapada de 360 ha).

Nos últimos tempos da Monarquia o Palácio foi visitado diversas vezes pela casa real, que ali ia fazer estadias passageiras, celebrar festas religiosas, ou caçar nas tapadas.

Decretado Monumento Nacional Dec. de 10.01.1907 e o Palácio Real transformado em museu pelo Dec. de 16.06.1910, abrindo como tal em 1911, com o nome de Palácio Nacional de Mafra.