O ouro (latim aurum,"brilhante") é um elemento químico de nº atómico 79 (79 prótons e 79 elétrons); está situado no grupo onze (IB) da tabela periódica, e de massa atómica 197 u. O seu símbolo é Au (do latim aurum).
Conhecido desde a Antiguidade, o ouro é utilizado de forma generalizada em joalharia, indústria e electrónica, bem como reserva de valor.
Características principais
É um metal de transição, brilhante, amarelo, denso, maleável, dúctil (trivalente e univalente) que não reage com a maioria dos produtos químicos, mas é sensível ao cloro e ao bromo. À temperatura ambiente, apresenta-se no estado sólido.
Encontra-se em geral no estado puro e em forma de pepitas e depósitos aluvionais. É facilmente manuseável e maleável: com apenas um grama de ouro, é possível obter um fio de 3 km de extensão e 0,005 mm de diâmetro, ou uma lâmina quadrada de 70 cm de lado e 0,1 micron de espessura.
Ao lado: cristais de ouro feitos por reação química de pureza >99,99%.
O ouro puro é demasiado mole para ser utilizado. Por isso é, endurecido formando liga metálica com prata e cobre. O ouro e as suas diversas ligas metálicas são muito empregados em joalharia, fabricação de moedas e como padrão monetário em muitos países. Devido à sua boa condutividade elétrica, resistência à corrosão e uma boa combinação de propriedades físicas e químicas, usa-se em diversas aplicações industriais.
História
Arqueologistas sugerem que o primeiro uso do ouro começou com as primeiras civilizações no Oriente Médio. É possível que tenha sido o primeiro metal utilizado pela humanidade. O mais antigo artefacto em ouro foi encontrado na tumba da Rainha Egípcia Zer. Era conhecido na Suméria e no Egito onde existem hieróglifos de 2600 a.C. que descrevem o metal. É, também, referido em várias passagens no Antigo Testamento.
O ouro foi sempre considerado como um dos metais mais preciosos, tendo o seu valor sido aproveitado, ao longo da História, como padrão para muitas moedas.
Aplicações
O ouro exerce funções críticas em computadores, comunicações, naves espaciais, motores de reacção na aviação, e em diversos outros produtos.
A elevada condutividade eléctrica e resistência à oxidação permitem amplo uso em electro-deposição - cobrir com camada de ouro, por meio electrolítico, as superfícies de conexões eléctricas, assegurando uma conexão de baixa resistência e livre do ataque químico do meio -.
• Como a prata, o ouro pode formar amálgamas com o mercúrio que, algumas vezes, é empregado em restaurações dentárias.
• O ouro coloidal (nano-partículas de ouro) é uma solução intensamente colorida que está sendo pesquisada para fins médicos e biológicos. Esta forma coloidal também é empregada para criar pinturas douradas em cerâmicas.
• O ácido cloroáurico é empregado em fotografias.
• O isótopo de ouro 198Au, com meia-vida de 2,7 dias, é usado em alguns tratamentos de câncer e em outras enfermidades.
• É empregado para o recobrimento de materiais biológicos, permitindo a visualização através do microscópio eletrónico de varredura (SEM).
• Utilizado como cobertura protectora em muitos satélites porque é um bom reflector de luz infravermelha.
Simbologia do ouro
O ouro é usado como símbolo de pureza, valor, realeza e ostentação. O principal objectivo dos alquimistas era produzir ouro a partir de outras substâncias, como o chumbo.
Muitas competições distinguem o vencedor com medalha de ouro, o segundo com medalha de prata , e o terceiro com medalha de bronze = cobre (os três pertencentes ao mesmo grupo (11) da tabela periódica dos elementos).
Papel biológico
O ouro não é um elemento químico essencial para nenhum ser vivo. Alguns tiolatos (ou semelhantes) de ouro são empregados como anti-inflamatórios no tratamento de artrites reumatoides e outras enfermidades reumáticas. O funcionamento destes sais de ouro não é bem conhecido. O uso do ouro em medicina é conhecido como crisoterapia.
Abundância e obtenção
Pepita de ouro
Por ser relativamente inerte, pode encontrar-se, como metal, às vezes como pepitas grandes, mas geralmente encontra-se em pequenas inclusões em alguns minerais, como quartzo, rochas metamórficas e depósitos aluviares originados dessas fontes. O ouro está amplamente distribuído, e muitas vezes associado ao quartzo e pirite. É comum como impureza em muito minérios, de onde é extraído como subproduto. Como mineral é encontrado na forma de calaverita, um telureto de ouro.
A África do Sul é o principal produtor de ouro, extraindo cerca de dois terços de toda a procura mundial deste metal.
O ouro é extraído por um processo denominado lixiviação com cianeto. O uso do cianeto facilita a oxidação do ouro formando-se (CN)22- em dissolução. Para separar o ouro da solução procede-se a redução empregando, por exemplo, o zinco. Tem-se tentado substituir o cianeto por outro ligante devido aos problemas ambientais, porém não são rentáveis e são, igualmente tóxicos.
Espalhado em toda a crosta terrestre em baixa concentração média (5 gr em 1.000 toneladas). As minas de ouro, economicamente rentáveis, produzem acima de 3 gramas por tonelada.
Utilização farmacêutica
O corpo humano não absorve bem o ouro, e seus compostos. Até 50% dos pacientes com artrose, tratados com medicamentos que contém ouro, têm sofrido danos hepáticos e renais.
O ouro como mercadoria
O mercado de ouro, assim como o mercado de acções, integra o grupo dos chamados mercados de risco já que as suas cotações variam segundo a lei da oferta e da procura.
No mercado internacional, os principais mercados que negociam ouro são Londres e Zurique onde é negociado no mercado de balcão e não via bolsas. Outro grande centro de negócios é a Bolsa de Mercadorias de Nova York (COMEX) onde só se opera em mercado futuro. Há também nesta praça um forte mercado de balcão para o ouro físico.
As operações com ouro no Brasil
No Brasil, o maior volume de comercialização de ouro faz-se na da Bolsa de Mercadorias e Futuros (BM&F), que é a única no mundo que comercializa ouro no mercado físico. As cotações do ouro, no exterior, são feitas em relação à onça troy, que equivale a 31,104 gr. No Brasil, a cotação é feita em reais por grama de ouro puro. O preço do ouro, no Brasil, vincula-se, historicamente, às cotações de Londres e Nova York, refletindo, portanto, as expectativas do mercado internacional. Sofre, entretanto, influência directa das perspectivas do mercado interno e, principalmente, das cotações do dólar flutuante. Assim o preço interno é calculado directamente segundo as variações do preço do dólar no mercado flutuante e dos preços do metal na bolsa de Nova York. O preço do grama do ouro em reais, calculado a partir do preço da onça em dólares (pela cotação do dólar flutuante) fornece um referencial de preços.
Tradicionalmente, a cotação da BM&F mantém a paridade com este valor referencial variando 2%, em média, para baixo ou para cima.
Existem dois tipos de investidores no mercado de ouro no Brasil: o investidor tradicional - que utiliza o ouro como reserva de valor -, e o especulador - que está à procura de ganhos imediatos e de olho na relação ouro/dólar/acções, procurando a melhor alternativa do momento.
No Brasil há dois mercados para o ouro: mercado de balcão e mercado spot nas bolsas . Em qualquer dos casos, a responsabilidade pela qualidade do metal é da fundidora e não do banco, que é apenas o depositário.
Provas de Ouro
São mundialmente reconhecidas as seguintes provas de ouro: 375, 500, 583, 585, 750, 958, 996, 999,9 (usada na indústria aero-espacial).
Encontra-se com maior frequência a mistura (liga) de ouro com o nº 583. As ligas desta prova podem ter diferentes cores, dependendo da quantidade e composição dos metais.
Por exemplo, se na liga de ouro da prova nº 583 (58,3% de ouro) contém cerca de 36% de prata e cobre 5,7%, a liga tem um tom de cor ligeiramente verde. Se for 18,3% de prata e 23,4% de cobre, fica com cor de rosa. Se for 8,3% de prata e 33,4% de cobre, uma cor avermelhada.
Ouro com a prova nº 958 é de três componentes: ouro, prata e cobre e é usado, geralmente, para fazer alianças. Esta liga tem uma cor amarela-forte e é próxima da cor de ouro puro.
Na liga nº 750 também existe cobre e prata, mas podem ser usados paládio, níquel ou zinco. Tem uma cor amarela-esverdeada, também tons avermelhados e até branca. Esta liga é facilmente difundida, mas se contém mais de 16% de cobre a cor perde gradualmente o seu brilho.
A liga de prova nº 375 contém: ouro 37,5%, prata 10,0%, cobre 48,7%, paládio 3,8% e é usada para fazer alianças.
Também existe uma vasta utilização de "ouro branco", que contém:
Na liga de ouro de nº 583: prata 23,7-28,7%, paládio 13,0-18%, ou níquel 17%, zinco 8,7% e cobre 16%;
Na liga de ouro nº 750: prata 7,0-15,0%, paládio até 14%, níquel até 4%, zinco até 2,4% ou níquel 7,5-16,5%, zinco 2,0-5,0% e cobre até 15%.
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