Não vamos pronunciar-nos sobre Direito Contratual,
antes vamos analisar o significado de expressões correntes; “contrato
leonino” e “parte de leão” e a origem dessas designações.
O quadro, reproduzido ao lado, intitulado “O leão e
outros animais”, editado em Londres em 1687, por Francis Barlow, ilustra uma
das fábulas de Esopo e Fedro, que, na tradução de Fernando Leal, diz:
Fábula: O leão e os outros animais.
«Uma ovelha, uma cabra e uma
novilha trataram com um leão fazer igual partilha da caça que apanhassem no
sertão.
Um veado caiu no laço que lhe
armou a cabra esperta.
Mandou ela chamar os
associados: veio o leão, rugiu, fez do preso animal quatro bocados e disse:
“A conta é certa; pertence-me o
primeiro por me chamar leão; o segundo quinhão, por ser forte, o terceiro
também, por ser valente. E, se alguém tocar no quarto, dá-me um banquete mais
farto, prova-me as garras e o dente”».
Todos nós, somos parte de inúmeros contratos de que
nem sequer nos apercebemos: com os nossos fornecedores de bens essenciais, com
as empresas a quem encomendamos qualquer serviço, com os vendedores de tudo o
que compramos, etc. etc.. Por certo, presumem sempre esses contratos a defesa
das partes contratuais e o respeito de um conjunto de princípios estipulados
nas leis que, como é óbvio, o comum dos cidadãos ignora.
Ignorar não significa, contudo, acreditar ou
aceitar, independentemente de submeter-se. Porém, acabado de assinar um
contrato, logo a esmagadora maioria dirá: percebi o conteúdo do contrato, só
que aquelas letrinhas miudinhas que sempre acompanham as apólices e que usam
termos de significado não conhecido do público em geral…
E, maiores são as suspeições dos contratos que são
feitos pelas entidades públicas em que os interesses do Estado, entenda-se
daquilo que todos nós teremos que custear se houver penalização ou prejuízo,
nem sempre são defendidos. E depois, quando ouvimos falar dos muito propalados “contratos leoninos”, nos arrepiamos
ao ler ou escutar que uma obra adjudicada por X, acabou por ser paga por n
vezes X. Só temos o conforto de isso ser pago por muitos, como se costuma
dizer.
… E a dúvida: será esta resignação confortante a
DEMOCRACIA?...
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