As “histórias de gente simples” com que temos ocupado muito do nosso tempo e engenho, são casos singulares, vividos e relatados por gente simples, que não definem a linha divisória entre a ficção e a realidade, quer do “escriba”, quer das personagens.
Sempre gostámos de ouvir os que gostam de “dizer” e, não raro, estimulámos os que, pensando que ninguém os quereria ouvir, se habituaram a estar calados.
Mas, chegámos à conclusão que nas pessoas mais simples há grandes ensinamentos e exortamos todos a dar o testemunho de um longo caminho andado, não para criar santos ou heróis, mas para apontar exemplos e sinais das raízes sobre que nascemos e crescemos.
Extrapolando para o colectivo de um povo, facilmente se entende que seria difícil prescindir da sua História, que é, ao fim de contas, a apresentação de uma versão, o mais científica possível, dos factos mais relevantes do seu passado.
Ora, aqui, ao contrário das personagens, segue-se um destino, que uma gesta colectiva percorreu, unida por um sentimento pátrio, e dando consistência a uma nação.
Não se relatam “histórias de gente simples” mas factos e feitos de uma colectividade, unida por laços diversos e vista sob diversas interpretações.
No nosso caso – História de Portugal – encontramos muitos pontos coincidentes e, também, muitas e diversas interpretações, derivadas das conveniências políticas, económicas, ideológicas, e muitas outras não determinadas.
Todos aprendemos e eu próprio ensinei, a História oficial que os pequenos compêndios resumiam aos factos mais relevantes das principais figuras, que, na Nação Portuguesa, mais influência tiveram.
Se folhearmos os livrinhos oficiais veremos que a importância dos factos crescia na primeira dinastia, decrescia dos finais do reinado de D. Pedro I, revigorava-se com a Ínclita Geração e os Descobrimentos e atingia um dos pontos mais baixos com a perda da independência. Retomava fulgor na quarta dinastia e seguia aos saltos até se falar, um pouco, no Estado Novo, como convinha.
Assim se ocupava algum tempo do horário da então quarta classe do ensino primário.
No ensino liceal só se ensinava História de Portugal nalgumas alíneas do 7º ano, ficando, como é evidente, a grande maioria dos portugueses, não analfabetos, com apenas um ano de estudo da História de Portugal e no ensino primário.
Este grave erro ainda não foi corrigido e, quem não se ensina a amar, respeitar e defender o que tem como origem, nunca poderá amá-lo, respeitá-lo e defendê-lo.
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