terça-feira, 19 de junho de 2012

Carta para Garcia


                                                                                                                                                                                           

Ao encontrar no meio dos meus livros mais velhos este exemplar de “Uma carta para Garcia”, lembrei as três ocasiões em que fui confrontado com a descrição do episódio, relatado por Elbert Hubbard (1856-1915), jornalista e escritor norte-americano, em 22 de Fevereiro de 1899, na revista Phillistene. 

Em 1960, numa aula de Psicologia, foi lido e comentado o episódio e, confesso que nunca mais me esqueci da atitude de Rowan, que, ao receber uma missão, partiu para ela sem pestanejar e com o seu querer e determinação, fez chegar a carta a Garcia.

Mais tarde, na preparação de comando e desempenho operacional, durante o curso para oficial miliciano, foi-nos relatada a pequena história em que o coronel Rowan se saiu a contento, nada mais tendo sido acrescentado que a expressão do dever cumprido. 

“Quando rebentou a guerra entre a Espanha e os Estados Unidos da América –1898–, era necessário entrar rapidamente em comunicação com o chefe dos insurrectos cubanos. 

O general Garcia encontrava-se nas montanhas agrestes de Cuba – ninguém sabia onde. 

Nem o correio nem o telégrafo o poderiam alcançar. 

O Presidente dos Estados Unidos da América tinha de assegurar, com a maior urgência, a sua cooperação.” 

Foi então que alguém disse ao Presidente William McKinley que conhecia um homem, um jovem coronel, chamado Rowan, capaz de entregar a carta ao general cubano. 

E, quatro dias depois, Rowan “desembarcou, a coberto da noite, num pequeno barco, na costa de Cuba e internou-se, imediatamente, no mato, com a carta guardada num saco de pele, impermeável, e guardado junto do coração. 

Ao cabo de três semanas saiu pelo outro lado da ilha, depois de atravessar, a pé, um país hostil e de entregar a carta a Garcia”. 

A história e as peripécias da viagem serão interessantes e, quiçá, tema para romance de viagens e aventuras, mas Hubbard diz que não pretende relatá-la. 

“O que desejo sublinhar é isto: O Presidente McKinley deu uma carta a Rowan para a entregar a Garcia. Rowan pegou na carta e não perguntou: "Onde é que ele se encontra?” Ora aí está um homem cuja figura devia ser esculpida em bronze”,diz Hubbard. 

Rowan recebe uma missão e, sem fazer perguntas, executa-a, com total autonomia, revelando excelente capacidade de iniciativa e espírito empreendedor. 

Ser competente, ou seja agir com competência, como aconteceu com Rowan, é resultado de saber agir, querer agir e poder agir.

Hoje, os certificados de qualificação apenas provam que as pessoas “sabem agir”; não há garantia de que “possam agir”, ou “queiram agir”. 

Diz Alvin Toffler: Os analfabetos do séc.XXI serão os que não souberem aprender, desaprender e reaprender; não mais os que não souberem ler, nem escrever.

1 comentário:

Anónimo disse...

Estou de acordo com os procedimentos, mas acrescento que basta "querer agir" para "saber agir" e para "poder agir".
Sem "querer" não se consegue ir a parte nenhuma. Estarei a ver bem, professor José Valente?