A vida está cheia de utopias e dogmas, sendo
que é utópico o que se imagina como sendo perfeito, ideal, porém, imaginário; e
dogmático o que é tido como ponto fundamental e indiscutível de uma crença ou
doutrina, sendo, pois, uma verdade absoluta, definitiva e imutável.
Nas várias décadas que levamos de vida – uma
partícula, se comparada com a eternidade -, vemos nascer e morrer utopias e
desmoronarem-se dogmas.
Na política, na religião, na ciência e no simples dia a
dia, não faltam exemplos do que acabamos de dizer.
Daí o apuramento do sentido
crítico, a dúvida metódica e a dificuldade de embarcar em qualquer teoria ou
doutrina, sem o mínimo de garantias ou a menor base de sustentação.
Lembro-me da primeira definição de célula que
há mais de meio século ouvi a um professor de anatomia:
"São os milhões de pequeníssimos
componentes do nosso corpo, sendo a actividade de cada uma, incomparavelmente
superior à da maior petroquímica do mundo em plena laboração."
E tudo
isso provém de um óvulo fecundado por um espermatozoide – origem da vida.
Agora, sentado no sofá, vendo televisão, lendo
os milhares de amigos que repousam nas estantes, em meu redor, consultando o
computador, o telemóvel ou o simples tablet digital, vejo o Mundo encurtar-se,
ao contrário do que me foi revelado nos anos de colégio – era a Dona Elisa que
nô-lo mostrava nas aulas de História e de Geografia, ou o Dr. Baptista nas
Ciências Naturais.
Depois, vejo a minha neta, que nos seus sete
anos, lê e escreve em línguas portuguesa e francesa, abre o Skype e conversa
com a tia que está na Suíça e pesquisa os desertos da Austrália; ou vê os DVD do
homem sobre a Lua; ou a NASA a corrigir a rota de uma sonda a milhões de
quilómetros da Terra.
Leio também um velho relatório, em que, há
pouco mais de vinte anos, propus a substituição gradual do sistema informático “main-fraim”
por computadores pessoais, sendo severamente acusado de utópico.
Todavia, uma
década depois havia mais de duas centenas de PC na Empresa.
Lembro a primeira vez que o Comendador – meu
patrão, ao tempo – me entregou um artigo sobre nano-tecnologia.
Tudo hoje se
cria e destrói à velocidade da luz e… de utopias, estou imunizado.
Porém,
quanto a dogmas restam-me o da criação da vida e o de Deus… Ambos aceites, sem
reticências…
(Homenagem à Srª Dª Elisa, minha profª no
Colégio D. Pedro V, de Mação, falecida há poucos dias )
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