Nas “Leituras para o Ensino
Primário – Quarta classe”, a parceria de autores Augusto C. Pires de Lima e
Américo Pires de Lima privilegia as pequenas histórias, as fábulas e os textos
de cariz eminentemente educativo e formativo, como estipulava o Decreto de
Março de 1932, sobre os livros a autorizar oficialmente, como leituras, no
Ensino Primário.
Um dos Mestres mais citados e
transcritos, nesta sétima edição, é o grande poeta Afonso Lopes Vieira que, no
seu refúgio de S. Pedro de Moel, tão bem soube ouvir e dar voz aos encantos da
Natureza.
Deliciados com a sua poesia, não resistimos à transcrição do pequeno
poema “O sapo”, da sua obra “Animais nossos amigos”.
I
Não há jardineiro
assim,
Não há hortelão
melhor,
Para uma horta ou
jardim,
Para os tratar
com amor.
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IV
Mas as flor’s
ficam zangadas,
Choram, e dizem
por fim:
- Então
el’traz-nos guardadas,
E depois
pagam-lhe assim?!
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II
Por isso ficam
zangadas
As flores se se
faz mal
A quem as traz
bem guardadas
Com seu cuidado
leal.
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V
E, vendo à noite
passar
O sapo, cheio de
medo,
As flores, pr’ó
consolar,
Chamam-lhe lindo
em segredo.
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III
E ao pobre sapo,
que é cheio
De amor pela
terra amiga,
Dizem-lhe muitos
que é feio,
E há quem o mate
e persiga!
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Animais nossos Amigos
Afonso Lopes Vieira
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E, para
terminar esta folha, uma breve apostilha do grande António Feliciano de
Castilho:
“Que afortunado, que invejável não terá de ser o País onde, desde o
palácio até às chocas, todos os homens, todas as mulheres e todas as crianças,
sem excepção, souberem ler, e amarem a leitura, e onde em cada casa se
encontrar uma pequena biblioteca, não dourada por fora, mas verdadeiramente de
ouro por dentro, para o espírito, para o coração, para a saúde e para a
fortuna!”
Castilho
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