segunda-feira, 23 de junho de 2014

O novo milénio



A discussão à volta do começo de cada século reanima-se cada cem anos e, particularmente, neste caso, tão especial, que nos cabe viver, em que nos interrogamos sobre o instante em que começará, também, o novo milénio.

As pessoas emocionam-se, fortemente, ante a iminência da chegada do ano 2000. 

Todavia, a fixação por este número é apenas um caso especial da atracção que exerce nos seres humanos a “quantidade redonda”, sobretudo os múltiplos de 5 e de 10. 

Tal é devido à circunstância, absolutamente fortuita, de termos cinco dedos em cada mão e dez no total e daí derivar o facto dos nossos sistemas métricos estarem, geralmente, baseados no número 10. 

Em várias culturas subsiste a numeração baseada no 20, o que se deve a usarem também os dedos dos pés, para contagens. 

No entanto, se só tivéssemos tido oito dedos, em ambas as mãos, teríamos desenvolvido um sistema baseado no 8, denominado, tecnicamente “octal”, como o que se emprega em vários procedimentos de computação electrónica. 

Em tal sistema, o próximo ano 2000 representar-se-ia com o número 4952, enquanto o mesmo ano 2000, no sistema “octal”, já teria passado há muito, pois correspondeu ao nosso ano 1024.

Os anos, que correspondem ao tempo em que a Terra dá uma volta ao redor do Sol, são numerados pelos seres humanos, e, cada civilização, decidiu dar-lhes um número a partir de um começo arbitrário. 

Também o dia do início de cada ano resulta de uma convenção e não corresponde a nenhum facto astronómico. 

A Terra já deu mais de 5000 milhões de voltas ao Sol, mas os humanos começaram a contá-las há uns 6000 anos, ao surgirem as primeiras civilizações.

A Era Cristã - a mais utilizada neste momento - impôs-se, sobretudo, pelo predomínio político e tecnológico do Ocidente e não por qualquer razão mística. 

Este registo foi adoptado no ano 540 d.C. quando o Papa Vigílio I designou o monge Dionísio para que calculasse, com exactidão, o ano do nascimento de Cristo. 

Naquela época estava em uso a Era contada a partir do ano da fundação de Roma e Dionísio determinou que Cristo nascera em 25 de Dezembro, do ano 753 da Era Romana, pelo que 754 se considerou o “ano um” da nova Era. 

Por toda a Europa ordenaram-se as trocas de calendários e documentos e o ano em uso mudou de 1294, da Era Romana, para 540, da nova Era, chamada Cristã.

Não houve “ano zero”, porque este conceito matemático era desconhecido de Dionísio e do comum das pessoas cultas, sendo apenas manejado por alguns matemáticos, de Alexandria. 

Mas resultou que Dionísio se enganou na conta; determinou-se, com exactidão, que Herodes – o Grande – morreu no ano 4 a.C., pelo que Cristo teve de ter nascido antes que tivesse podido ocorrer a matança dos Inocentes. 

Assim, na realidade, a data do Seu nascimento deve fixar-se antes da Era Cristã. 

Não se fez a correcção, pois seria ocioso e devido aos problemas que isso implicaria.

O que acabamos de dizer significa que os “charlatães”, que anunciam o fim do mundo para o ano 2000, estão equivocados, já que o autêntico ano 2000 foi em 1994, verdadeiro bimilénio do nascimento de Jesus Cristo e, que se saiba, o Mundo não terminou no ano 1000, nem em nenhum outro, que se tenha já anunciado como o “fim dos tempos”.

Realçamos o facto de não ter existido ”ano Zero”, como não há “dia Zero”, em cada mês, nem “século Zero”, nem “milénio Zero”. 

Os primeiros 100 anos – 1º século – da nossa Era cumpriram-se, justamente, no ano 100, tendo então começado o segundo século, no ano 101. 

De modo análogo, o século XX começou em 1901 e o século XXI começará no ano 2001 o que quer dizer que o 3º milénio se iniciará, também, nesse ano. 

O ano 2000 é o “ano secular” do século XX, no qual este se completa. 

Será, também, o “ano milenar”, em que se completará o segundo milénio da nossa Era.

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