quinta-feira, 2 de agosto de 2012

Queijo / memória



Aprendemos, em diversas fontes, que o queijo é um óptimo complemento alimentar. 

A sua importância e valor derivam da sua facilidade de transporte, longa durabilidade e alto teor de gordura, proteína, cálcio e fósforo.

Nestes atributos do queijo estão os principais factores que ajudam o cérebro a desenvolver a faculdade de conservar ideias, ou noções, anteriormente adquiridas – a memória –. 

Antes disso, desde criança, sempre ouvi dizer: 

Como te hás-de lembrar? Comes muito queijo! 

E pensava o que aconteceria à minha memória, já que comia bastante queijo. 

Mas, como tinha muito boa memória, acabei por não ligar, embora tenha continuado a interrogar-me sobre a razão de tal crença popular. 

Cientificamente nada parece existir; pelo menos não conhecemos nada escrito nesse sentido. 

Já na literatura encontramos várias referências à velha crendice que separa queijo e memória: 

O padre Manuel Bernardes, na “Nova Floresta”, diz: “há também memória artificial, da qual uma parte consiste na abstinência…. como os lacticínios….” 

Mestre João Ribeiro esclarece no seu “Folclore”: “É crença popular que os lacticínios, especialmente o queijo, são alimentos que prejudicam a memória”. 

Pereira da Costa, no “Vocabulário Pernambucano”, e Eduardo Campos, folclorista cearense, na “Medicina Popular”, referem que quem come casca de queijo, ficará “esquecido”, de memória fraca. 

José Lins do Rego, no livro “Meus verdes anos” escreve: “Botava a cartilha e a tabuada por baixo do travesseiro… E não comia queijo. Queijo fazia ficar rude …”. 

José da Fonseca Lebre, nas suas “Locuções e modos de dizer usados na província da Beira Alta” regista: “Homem, parece-me que tu comes muito queijo. Em certos dias pareces-me bruto. Então, é lá coisa que se compreenda, um disparate desse lote?” 

Na “Feira de Anexins”, obra póstuma de D. Francisco Manuel de Melo, nas suas desengraçadas metáforas sobre a memória, escreveu: “Você está em França, tem memória de galo. / - Tome anacardina. / - Basta que eu não coma queijo. / - Se eu o comera, já pensara que me morria.”. 

Sem nada concluir, finalizamos com uma recomendação, baseada nas propriedades do queijo: coma queijo; o cálcio, as proteínas e o fósforo, protegem o esmalte dentário. O queijo aumenta a salivação, livrando os dentes de açúcares e ácidos e exercendo um efeito anti-bacteriano na cavidade bucal.

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