Acabo de ver, no rodapé de um programa, num canal da Televisão que temos em Portugal, a seguinte inscrição: “…previlégio dos açoreanos…”.
Ora, as palavras mencionadas escrevem-se com i e não com e, como se pode constatar em qualquer dicionário elementar.
A falta de conhecimentos, a ignorância e a iliteracia campeiam, mesmo entre os responsáveis pelos serviços públicos.
E não se pense que com mais Acordos, mais Decretos, ou mais Verbas, passaremos todos a ser melhor servidos.
Anos de desleixo, incompetência e falta de rigor, levaram a um estado deplorável de ignorância e iliteracia no que se refere à Língua Portuguesa, mesmo por muitos dos responsáveis pela Cultura, pelo Governo e pelo Ensino.
Os que teimosamente continuam a escrever e a usar, correctamente, a nossa Língua, são rotulados de puristas, conservadores e datados.
Chega-se ao desplante de ouvir e ler opiniões de responsáveis de Governos que vamos tendo, defendendo que o que interessa é fazer-se entender.
Pelos vistos, os erros de ortografia – generalizados em qualquer teste de acesso aos estudos superiores -, são irrelevantes para um candidato a futuro professor de Língua Portuguesa.
Ao que nós chegámos!...
Lembro-me do relato de um vizinho com quem me cruzava no prédio, onde ambos morávamos, que, muito incomodado, me dizia:
Ainda estou a pensar, amigo professor, como é que raio não respeitei a pontuação e não dei a entoação devida, numa frase do programa de rádio, em que sou locutor!...
Hei-de trazer a gravação e havemos, em conjunto, se estiver de acordo, de analisar bem as razões do meu supervisor.
É que uma “não conformidade” custa muito a engolir, quando se é profissional!...
Sabe, nós, os locutores profissionais, estamos na cabina e o supervisor acompanha, no gabinete, tudo o que dizemos e como o dizemos. Aquilo é a sério, caro professor. Temos muito orgulho em ser locutores de primeira!
Não tenho visto, nem ouvido, aquela designação profissional. Hoje todos são repórteres, jornalistas, e muitas outras coisas, mas, certamente, os supervisores que estavam à coca de qualquer percalço ou erro, para imediatamente o corrigirem, terão acabado.
Maleitas que o tempo teima em não sarar.
Generalizou-se, o QI à brasileira, onde as iniciais já não têm o significado clássico, mas antes querem dizer: Quem Indicou.
E, não sei porquê, veio-me à memória o meu velho professor de Português que costumava testar os caloiros com uma pergunta:
Olha lá, serás capaz de escrever três asneiras juntas?
O Casimiro, que chegou ao Colégio já espigadote, olhou o professor nos olhos, coçou a cabeça e, resolutamente, levantou-se e foi escrever no quadro preto: na sará fácel!...
Ai é, é!..., como acabas de provar!..
Vais emendar-te, escrevendo cem vezes: Não será fácil .
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