sábado, 25 de maio de 2013

Picota



Desde tempos imemoriais a necessidade de puxar a água dos poços para a superfície levou à utilização de diversos processos desenvolvidos pelo espírito e invenção do homem, por forma a minorar o esforço.

Um dos engenhos mais difundidos, vem do tempo das primeiras civilizações e aparece referido num selo de Sargão, na Mesopotâmia, datado de 2.000 a.C..

Depois, a grande divulgação da picota terá sido feita pelos Árabes, que estiveram entre nós, na Península Ibérica, por mais de sete séculos, até ao séc. XV.

As picotas têm, de um modo geral uma estrutura e aspecto transversal às diferentes civilizações e regiões do Globo Terrestre, tendo, todavia, as três partes fundamentais, nomes diversos, segundo as regiões: 

Na Beira Alta o pau enterrado no chão e bem fixado na vertical, com uma bifurcação na parte superior, chama-se esteio, gancha ou galhada

Na Beira Baixa, esta peça chama-se pegão

O pau que bascula sobre o esteio, suportado pelo eixo, pode chamar-se cambo, travessal ou cavaleiro

A vara ou varela, presa na ponta do cambo e na vertical do poço, recebe na parte inferior o balde que desce até à água e, depois de cheio é içado até ao aguadoiro, onde começa a levada, ou onde estão os recipientes para guardar a água.

O contrapeso que auxilia a subida do balde depois de cheio é constituído por pedras furadas presas na parte do cambo oposta à amarração da varela, isto é, na parte de trás da picota, que além de outros e variados nomes, se chama burra, burra de augar (ógar ou ugar), ogadoiro, picanço, esteio, cambo, na região da raia do Sabugal. Na Beira Baixa estão generalizados os nomes de cegonha, engenho e, sobretudo, picota.

Os poucos exemplares que ainda restam, verdadeiros monumentos nacionais, parte integrante da paisagem humanizada até há pouco tempo, irão desaparecer. 

Se havia picota, havia água, havia verde e havia gente; coisas que vão rareando.

Picota, foi o nome popular do pelourinho; talvez por isso, o povo o deteste.

Sem comentários: