Ao encontrar no meio dos meus livros mais velhos este exemplar de “Uma carta para Garcia”, lembrei as três ocasiões em que fui confrontado com a descrição do episódio, relatado por Elbert Hubbard (1856-1915), jornalista e escritor norte-americano, em 22 de Fevereiro de 1899, na revista Phillistene.
Em 1960, numa aula de Psicologia, foi lido e comentado o episódio e, confesso que nunca mais me esqueci da atitude de Rowan, que, ao receber uma missão, partiu para ela sem pestanejar e com o seu querer e determinação, fez chegar a carta a Garcia.
Mais tarde, na preparação de comando e desempenho operacional, durante o curso para oficial miliciano, foi-nos relatada a pequena história em que o coronel Rowan se saiu a contento, nada mais tendo sido acrescentado que a expressão do dever cumprido.
“Quando rebentou a guerra entre a Espanha e os Estados Unidos da América –1898–, era necessário entrar rapidamente em comunicação com o chefe dos insurrectos cubanos.
O general Garcia encontrava-se nas montanhas agrestes de Cuba – ninguém sabia onde.
Nem o correio nem o telégrafo o poderiam alcançar.
O Presidente dos Estados Unidos da América tinha de assegurar, com a maior urgência, a sua cooperação.”
Foi então que alguém disse ao Presidente William McKinley que conhecia um homem, um jovem coronel, chamado Rowan, capaz de entregar a carta ao general cubano.
E, quatro dias depois, Rowan “desembarcou, a coberto da noite, num pequeno barco, na costa de Cuba e internou-se, imediatamente, no mato, com a carta guardada num saco de pele, impermeável, e guardado junto do coração.
Ao cabo de três semanas saiu pelo outro lado da ilha, depois de atravessar, a pé, um país hostil e de entregar a carta a Garcia”.
A história e as peripécias da viagem serão interessantes e, quiçá, tema para romance de viagens e aventuras, mas Hubbard diz que não pretende relatá-la.
“O que desejo sublinhar é isto: O Presidente McKinley deu uma carta a Rowan para a entregar a Garcia. Rowan pegou na carta e não perguntou: "Onde é que ele se encontra?” Ora aí está um homem cuja figura devia ser esculpida em bronze”,diz Hubbard.
Rowan recebe uma missão e, sem fazer perguntas, executa-a, com total autonomia, revelando excelente capacidade de iniciativa e espírito empreendedor.
Ser competente, ou seja agir com competência, como aconteceu com Rowan, é resultado de saber agir, querer agir e poder agir.
Hoje, os certificados de qualificação apenas provam que as pessoas “sabem agir”; não há garantia de que “possam agir”, ou “queiram agir”.
Diz Alvin Toffler: Os analfabetos do séc.XXI serão os que não souberem aprender, desaprender e reaprender; não mais os que não souberem ler, nem escrever.
1 comentário:
Estou de acordo com os procedimentos, mas acrescento que basta "querer agir" para "saber agir" e para "poder agir".
Sem "querer" não se consegue ir a parte nenhuma. Estarei a ver bem, professor José Valente?
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