quarta-feira, 7 de dezembro de 2011

Abre-latas



As pequenas coisas, como o simples abre-latas, ainda que utilitárias, são, normalmente esquecidas e quando precisamos delas é que reconhecemos a falta que nos fazem.

A primeira curiosidade relacionada com o abre-latas reside no facto de só ter sido inventado mais de cinquenta anos depois do aparecimento das latas de conservas, inventadas em 1810, na Inglaterra, por Peter Durand e logo nos anos seguintes difundidas no mercado americano.

Os primeiros grandes utentes das latas de conserva foram os soldados britânicos, que, em 1812, passaram a levar latas de conserva nas suas mochilas.

Para abri-las usavam a baioneta da espingarda, ou, em última instância, um tiro.

Doze anos mais tarde, em 1824, o explorador inglês William Parry fez uma expedição ao Ártico, levando carne de vaca enlatada.

As latas, eram enormes, muito pesadas, com grossas paredes de ferro e tinham como recomendação: “corte a lata, à volta da parte superior, com um martelo e um cinzel”. 
Anos mais tarde, em 1850, criou-se uma embalagem mais ligeira e com rebordo na parte superior.

Tinha chegado a altura de se pensar num abre-latas e coube ao norte-americano Ezra J. Warner o registo da primeira patente.

Tratava-se de um utensílio entre a foice e a baioneta, cuja grande lâmina, curva e pontiaguda, se introduzia no rebordo da lata e se fazia deslizar junto da sua periferia.

O manejo deste abre-latas era algo difícil e perigoso e por isso acabou por cair no esquecimento.

A lata de conserva com chave foi inventada, em 1866, pelo novayorquino J. Osterhoudt.

Foi recebida como um invento milagroso, pois tornava desnecessário o abre-latas.

Porém, a maior parte das fábricas não estava preparada para produzir a lata com chave e continuou pendente a criação do abre-latas, que, poucos anos depois, em 1870, foi patenteado por William W. Lyman, que apresentou um utensílio baseado numa roda cortante que deslizava ao redor do rebordo da lata.

Este abre-latas de Lyman foi recebido com entusiasmo e teve um enorme êxito.

Foi depois aperfeiçoado e, em 1925, a companhia Star Can Opener, acoplou-lhe uma roda dentada, chamada “roda alimentadora” que fazia rodar a embalagem.

Dali se chegou ao abre-latas eléctrico, lançado no mercado em finais de 1931.

Porém, o ciclo do abre-latas parece aproximar-se do fim; hoje a maior parte das latas, com o sistema de abertura fácil, dispensa os abre-latas.

Restam as prateleiras dos museus para preservar e mostrar as magníficas e artísticas peças que a indústria foi desenvolvendo em pouco mais de cinquenta anos de vida.





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