quarta-feira, 7 de dezembro de 2011

“Picaretos” do Tejo


(A propósito da reportagem do dr. Carlos Gueifão, no Voz da Minha Terra  - Set 2008)
 
Li, e reli, a entrevista que fizeste ao Tio Manuel Pires Fontes e não sei bem porquê – penitencio-me por estes deslizes – já acabei a leitura noutras coordenadas, uma vez que a imaginação venceu a realidade e a barca do Ti Fontes me transportou a outras latitudes e longitudes…

São como as outras histórias, também de gente simples, que sempre sabemos onde começam, mas já não nos deixam tão certos do final de cada uma, ou de cada personagem.

Sempre um final imprevisível, como tudo…menos a morte, como diz o povo e com inteira razão.

É que ficamos tão absorvidos, tão vulneráveis, tão sensibilizados com o destino de cada cena, meio real, meio fictícia – não, não era isto que queríamos dizer, pois nada é fictício na gente simples –, talvez meio natural, meio feérico, que nos leva ao longo do fio condutor – pé no firme, pé no vazio –, e nos impele através do pensamento – esse sim, ingovernável e independente do substrato de cada um –.  

Bem hajam, senhores Directores do “nosso” Jornal – são apontamentos de reportagem desse género, que ainda dão realismo ao que já não o é, ou, em breve, deixará de sê-lo –.

É consolador, e para mim estimulante, que sobre esses ainda “picaretos” do nosso Concelho, o “Correio da Manhã”, o “Mirante” e diversos “blogues” se tenham debruçado e produzido reportagens, nos últimos anos que são para nós um suave bálsamo e um incentivo para escrever o que escrevemos, falando de modo a não esconder e muito menos ocultar, ou adulterar, a verdade das nossas terras e gentes.

Bem hajam, também, os que a respeito das nossas histórias de gente simples nos têm incentivado, quer elogiando, quer criticando, quer invectivando.

Alguns até nos dizem que não se dão com esses “de blogs” mas um livrito, não muito caro, ainda tinham esperança de poder ler. E até gostavam de poder mostrar como foi a vida no seu tempo.

Vamos encontrando nos recantos da nossa memória e nas capacidades da nossa imaginação, o substrato para fazer o que nos recreia, nos empolga e nos orgulha das nossas origens.

É que, mesmo sem nada que fazer, não nos sobra o tempo, felizmente. 

Sempre que falamos de alguém, ou com alguém, que não tínhamos na frente há muitos anos, revivemos.

O tempo parece mais veloz e menos monótono.

Torna-se mais curto.





Sem comentários: