terça-feira, 17 de janeiro de 2012

Enciclopédia




Em 77 d.C., o sábio romano Plínio, o velho, agrupou, por grandes secções, 2493 temas, na sua História da Natureza. Esta obra, de que se fizeram 43 edições, constituiu uma das mais importantes fontes de consulta até ao ano 1600. 

A primeira enciclopédia alfabética, conhecida, foi compilada no ano 1000, pelo lexicógrafo grego Suidas. Porém, a enciclopédia, como a conhecemos hoje, nasceu de um trabalho editorial, filosófico e científico, aparecido entre 1751 e 1766, empreendido por Denis Diderot e Jean d’Alembert, dentro do espírito da Filosofia da Ilustração. 

O editor Le Breton fez um projecto de tradução da Cyclopaedia, publicada pelo inglês Chambers, entre 1728 e 1742. Diderot, que iniciou a sua actividade, unicamente como tradutor, está, assim, ligado ao projecto de Le Breton. 

Com a publicação do Prospecto de 1750, Diderot auto intitulou-se director de um novo projecto e manifestou a sua ambição de fazer o inventário de todo o conhecimento humano. O seu principal objectivo era opor-se ao dicionário de Trévoux, dos Jesuitas, e favorecer a divulgação da Filosofia da Ilustração. 

Recorreu a autores conhecidos e de renome: Montesquieu, Rousseau, Voltaire, Du Marsais, Buffon e Daubenton, entre outros nomes sonantes na época, ficando assim cobertas as Matemáticas, Teologia, Ciências Naturais, Medicina, Economia. 

O próprio Diderot, encarregou-se da História da Filosofia e da redacção e edição da obra. 

A Enciclopédia está marcada, sobretudo, pelo interesse de Diderot pela tecnologia, se bem que algumas entradas estejam inspiradas noutras enciclopédias e certas definições pareçam arcaicas. 

O destino da obra era o povo e os subscritores eram intelectuais, eclesiásticos, nobres e parlamentares. 

No início do primeiro volume, depois do Discurso preliminar, de d’Alembert, Diderot, no artigo Enciclopédia, define o programa global da obra: o projecto da Enciclopédia era o de reunir todos os conhecimentos adquiridos pela humanidade, o seu espírito, uma crítica dos fanatismos religiosos e políticos e uma apologia da razão e da liberdade de pensamento. 

Liga o projecto enciclopédico com a filosofia, que tem, neste século XVIII, o seu máximo desenvolvimento. As correntes filosóficas que melhor caracterizam a Enciclopédia são o sensualismo e o empirismo, base fundamental da Filosofia da Ilustração. 

Não é, porém, este o objecto de uma folha solta…para isso é necessário um tratado e outra arte… 

Síntese, tanto de saberes, como do saber filosófico, a Enciclopédia de Diderot, engano polémico, catálogo, ou grande obra, ficou como obra única e incontornável.

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