quarta-feira, 25 de janeiro de 2012

O priolo



 
Trata-se de um símbolo ornitológico da ilha de S. Miguel. É uma ave endémica dos Açores e única no Mundo – o que, em biologia, significa que se trata de uma ave que se cria numa região muito restrita, da qual é indígena -. 

O Priolo é uma espécie pertencente ao género Phyrrhula, de distribuição predominantemente asiática. 

Durante o séc. XIX chegou a ser uma praga para os agricultores de S. Miguel, tendo mesmo sido instituído um prémio por cada ave que fosse apresentada, morta ou viva (dados de 1843 a 1848). 

As aves comiam todos os botões florais das árvores frutícolas, sobretudo das laranjeiras. 

A zona de habitat natural da ave corresponde aos concelhos mais orientais da ilha de S. Miguel – Povoação e Nordeste -, principalmente nas serras da Tronqueira e Pico da Vara, onde predominava a floresta endémica Laurissilva, que tem vindo a retrair-se devido à plantação extensiva de criptomérias, bem como à invasão e expansão de plantas exóticas, principalmente o incenso, a conteira e a cletra. 

Actualmente os Priolos existentes – estão referenciados de 500 a 800 casais -, ingerem sete tipos de alimentos, provenientes de trinta e oito plantas diferentes. Comem, entre outras coisas, sementes, frutos e flores, com preferência pelas amoras, bagas de uva da serra e as flores de azevinhos. 

Ainda no séc. XIX, grassou uma doença que destruiu a maior parte dos laranjais da ilha e as aves foram-se tornando cada vez mais difíceis de observar. Muitos coleccionadores capturavam-nas para serem expostas em museus. 

É a ave mais ameaçada de extinção, na Europa, e está considerada como espécie em Perigo de Extinção

Por tal motivo houve necessidade urgente de se criar uma Zona de Protecção Especial (ZPE), que passou de 2.000 para 6.000 hectares, apoiada pelo projecto LIFE/PRIOLO que esteve em execução entre 2003 e 2008, coordenado pela SPE (Sociedade Portuguesa para o Estudo das Aves) e apoiado, em grande parte, pela Comissão Europeia. 

O Priolo (Pyrrhula murina) era considerado uma subespécie do dom-fafe dos Açores (Pyrrhula pyrrhula). 

Nessa altura foram separadas em duas espécies distintas, havendo todavia biólogos que não reconhecem a separação. 

Trata-se de uma ave com aspecto robusto, que mede entre 15 e 17 cm e pesa cerca de 30 gramas. Tem uma coroa negra, na cabeça, o bico é curto e forte, em forma cónica, de cor preta, bem como as asas e a cauda. 

Segundo vários estudos, de diversos ornitólogos, existem 46 espécies de aves, nos Açores, das quais, 33 nidificam, regularmente nas ilhas do Arquipélago. 

Porém, como curiosidade, diga-se que não existe, nas ilhas, qualquer ave de rapina diurna chamada Açor, sendo a única de tal espécie o Milhafre.

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