domingo, 21 de dezembro de 2014

Um GENERAL que devia ser exemplo para a generalidade

BOAS FESTAS PARA TODOS
....mesmo para os que não as mereçam!...

Nasci na Beira Baixa, num meio rural, de baixos recursos materiais, longe de quase tudo, onde os horizontes não chegavam à maioria das mordomias – já as havia – que a sociedade vai proporcionando aos mais favorecidos, desde que o mundo é mundo.

Apreciei e ambicionei ser protagonista das vidas de heróis e santos. 

Por isso aprendi a gostar de História e de Literatura, que relatavam vidas de sucesso, de valores, não de utopias. 

Vi fechar negócios com apertos de mão e rejeitar vantagens por cumprimento da palavra dada. 

Vi árvores diversas crescerem de forma diferente em cada ano, mas também as da mesma espécie não cresciam todas da mesma maneira.

Os negócios eram vias para atingir patamares apreciados e desejados - verdadeiros objectivos de vida -. 

As negociatas eram liminarmente rejeitadas, porque ultrapassavam a dignidade e pressupunham sempre uma vítima, versus um beneficiado, gerada indevida, ou injustamente.

Passei ao lado de muitas situações apetitosas, apenas separadas pelos custos de compromissos e alinhamentos duvidosos. 

Vi muitos valores materiais, ao alcance de um simples golpe de mão, serem ignorados porque se não coadunavam com os valores que caldearam a minha matriz genética e a conduta comportamental. 

E, sem ignorar, nem trair os princípios definidos como valores, atingi o topo das carreiras por onde passei. 

Rejeitei determinadas actividades, que admito, mas não perfilho: todas as que não assentavam no trabalho, indo directas aos benefícios e às contrapartidas; as que visavam os fins sem olhar aos meios.

Depois, quando parei e tive mais tempo para pensar, apercebi-me, melhor, das utopias que submergem tudo e todos. 

Hoje tudo está mais perto de todos – menos os valores -. 

Mostram-se, despudoradamente, mordomias a quem as não pode vir a usufruir.

Vende-se a quem se sabe que não vai poder pagar.

Promete-se o que se sabe não poder vir a dar-se.

Apregoa-se a igualdade e a fraternidade numa sociedade de desigualdades gritantes.

O amor e respeito pelo próximo são mais estigmas, para quem os pratica, que exemplos a seguir.

Os telejornais, as grandes reportagens, as manchetes de jornais, as capas de revistas, centram-se nas utopias, convidam à contemplação do inacessível, relatam o sucesso fácil, publicitam as verbas astronómicas de actividades duvidosas, se não, declaradamente, perniciosas para o comum dos cidadãos.

É, por tudo isto que louvo a atitude de um dos beirões mais grados da actualidade, que depois de ser Presidente da República, recusou centenas de milhares de euros que os tribunais lhe atribuíram, como retroactivos, em acumulação com a sua reforma, depois de, já antes, ter recusado o bastão de marechal. 

Bem haja!...

Que o seu exemplo, Sr. General, frutifique!... E sirva de parâmetro para a generalidade!...


segunda-feira, 17 de novembro de 2014

1ªguerra da História

Segundo os dados conhecidos, as primeiras batalhas sobre as quais temos evidências claras, ocorreram entre Lagash e Umma, cidades-estados da antiga Suméria, localizadas no sudeste do actual Iraque, durante uma guerra de fronteiras.

Esta 1ª guerra, de que há provas concretas, terá ocorrido à volta do ano de 2525 a.C., sem prejuízo da existência de indícios de guerras, cerca de 2.700 a.C., na mesma região – antiga Mesopotâmia - mais tarde habitada por Caldeus e Assírios e que hoje correspondem ao Irão, Iraque e Síria.

Como origens dessas batalhas, numa época em que as cidades-estados viviam em constante rivalidade, estão o domínio económico, territorial e político. 

Segundo o historiador John Baires, da Universidade de Oxford, estava também em causa a disputa de matérias-primas, escassas numa região superpovoada: madeiras, cobre e estanho (componentes do bronze, de que faziam armas e instrumentos agrícolas).

A Suméria tinha várias cidades-estados na zona mais fértil, áreas banhadas pelos rios Tigre e Eufrates. 

As disputas, de terras aráveis e de acessos à água, eram resolvidas pela força, segundo o historiador Steven Muhlberger, da Universidade de Missing, no Canadá.

Nesta fase de transição para Estados Organizados, eram capazes de construir muralhas de protecção e mobilizar exércitos numerosos, armados com foices metálicas e escudos de madeira, treinados para lutar, segundo tácticas mais ou menos definidas. 

As sociedades estavam organizadas em torno de reis hereditários, que acumulavam os recursos das cidades, comandavam a produção de armas e convocavam os soldados para a guerra.

A cidade-estado de Lagash, foi descoberta no séc. XIX. 

Nas suas ruínas, encontrou-se uma placa de pedra, conhecida por “Estela dos Abutres”- um fragmento, de um monumento de maiores dimensões, erguido em homenagem ao líder Eannatum, que comandou Lagash, cerca de 2.500 a.C.. 

Além de inscrições, a “estela” (bloco de pedra) possui relevos, mostrando vários aspectos da guerra travada com Umma, tais como soldados mortos, sendo devorados pelos abutres. 

A relíquia histórica está no museu do Louvre, em Paris.

Nas batalhas praticava-se o corpo-a-corpo. 

Os soldados lutavam com machados de batalha de formatos variados, lanças com pontas metálicas e foices especiais (ao contrário das foices da agricultura, tinham a lâmina afiada pela parte externa da curvatura). 

Os soldados usavam, também, capacetes de cobre, mantos de couro, revestidos com placas de metal, nas partes mais vulneráveis e grandes escudos, de madeira, rectangulares. 

Lutando lado a lado, os soldados podiam juntar os escudos e formar uma parede contra as lanças inimigas.

Os cadáveres dos inimigos derrotados, depois de espoliados, eram abandonados no campo de batalha, para serem consumidos pelos animais selvagens. 

Há também vestígios de grandes pilhas de cadáveres queimados, em pleno campo de batalha.

sábado, 25 de outubro de 2014

Salvé Televisão


A religião, sempre distante, era tida como algo de superior, inatingível para o comum dos mortais; semelhante ao seguro de vida, que de pouco, ou nada, nos serve, enquanto vivos, mas ninguém quer deixar de pagar e aceitar, com receio do que lhe possa suceder quando morrer.

A superstição andava-lhe muito perto e misturavam-se, promiscuamente, uma vez que mesmo que não se acreditasse, não se desmentia. 

E para aqueles que evidenciavam dúvida, logo se lhes aconselhava que… era melhor aceitar, pois…nunca se sabe!...

A justiça, quanto mais longe melhor – segundo o povo – como aquelas coisas que andam a poder de dinheiro e acabam por não satisfazer ninguém: nem quem come, nem quem, sem comer, sofre as dores de barriga, pela fome que passa. Sobra sempre para os mesmos.

A educação, uma das poucas saídas que só serviam para muito poucos: os Seminários, para os protegidos, bem nascidos, ou bem gerados; os que moravam ou tinham alguém nas cidades distantes e os filhos de gente abastada.  

Restava, assim, nos meados do século passado, ao comum das gentes do povo, o consolo dos pobres para que a prole aumentasse e alimentasse o manancial de mão-de-obra. 

De crença bastava-lhes ser tementes e aceitarem… o trabalho, que saciava a fome, tirava o frio ou o calor, em excesso, alimentava a prole e retemperava as forças.

Animais e plantas tomavam, no contexto, uma deificação e redobrar de cuidados; dali vinha o quanto bastasse para comer, beber e parecer. 

A frugalidade era sustentada e aceite – não se invejava, nem se ostentava. 

Acima de todos, alinhados segundo as linhas do destino, estava Deus, longínquo e inatingível, mas consolo e recompensa, quando chegasse a hora.


Naqueles tempos em que as notícias rareavam – havia poucos jornais e mesmo que abundassem não havia tempo nem sabedoria para lê-los; não havia rádios a não ser para transmitir as cerimónias de Fátima e pouco mais. 

As notícias controladas e filtradas pela Censura, eram difundidas como convinha. 

Até que, a partir de 1957 as pessoas passaram a juntar-se em frente das montras e das casas de aparelhos eléctricos. 

SALVÉ TELEVISÃO!...

sábado, 18 de outubro de 2014

domingo, 12 de outubro de 2014

Carta para Garcia




Ao encontrar no meio dos meus livros mais velhos este exemplar de “Uma carta para Garcia”, lembrei as três ocasiões em que fui confrontado com a descrição do episódio, relatado por Elbert Hubbard (1856-1915), jornalista e escritor norte-americano, em 22 de Fevereiro de 1899, na revista Phillistene.

Em 1960, numa aula de Psicologia, foi lido e comentado o episódio e, confesso que nunca mais me esqueci da atitude de Rowan, que, ao receber uma missão, partiu para ela sem pestanejar e com o seu querer e determinação, fez chegar a carta a Garcia.

Mais tarde, na preparação de comando e desempenho operacional, durante o curso para oficial miliciano, foi-nos relatada a pequena história em que o coronel Rowan se saiu a contento, nada mais tendo sido acrescentado que a expressão do dever cumprido.

“Quando rebentou a guerra entre a Espanha e os Estados Unidos da América –1898–, era necessário entrar rapidamente em comunicação com o chefe dos insurrectos cubanos. 

O general Garcia encontrava-se nas montanhas agrestes de Cuba – ninguém sabia onde. 

Nem o correio nem o telégrafo o poderiam alcançar. 

O Presidente dos Estados Unidos da América tinha de assegurar, com a maior urgência, a sua cooperação.”

Foi então que alguém disse ao Presidente William McKinley que conhecia um homem, um jovem coronel, chamado Rowan, capaz de entregar a carta ao general cubano. 

E, quatro dias depois, Rowan “desembarcou, a coberto da noite, num pequeno barco, na costa de Cuba e internou-se, imediatamente, no mato, com a carta guardada num saco de pele, impermeável, e guardado junto do coração. Ao cabo de três semanas saiu pelo outro lado da ilha, depois de atravessar, a pé, um país hostil e de entregar a carta a Garcia”.

A história e as peripécias da viagem serão interessantes e, quiçá, tema para romance de viagens e aventuras, mas Hubbard diz que não pretende relatá-la. 

“O que desejo sublinhar é isto: O Presidente McKinley deu uma carta a Rowan para a entregar a Garcia. Rowan pegou na carta e não perguntou: Onde é que ele se encontra?” 

Ora aí está um homem cuja figura devia ser esculpida em bronze”,diz Hubbard.

Rowan recebe uma missão e, sem fazer perguntas, executa-a, com total autonomia, revelando excelente capacidade de iniciativa e espírito empreendedor. 

Ser competente, ou seja agir com competência, como aconteceu com Rowan, é resultado de saber agir, querer agir e poder agir.

Hoje, os certificados de qualificação apenas provam que as pessoas “sabem agir”; não há garantia de que “possam agir”, ou “queiram agir”. 

Diz Alvin Toffler: Os analfabetos do séc.XXI são os que não sabem aprender, desaprender e reaprender; não mais os que não sabem ler, nem escrever.

quinta-feira, 25 de setembro de 2014

Mundo novo, a sério!



Não aceito as opiniões dos analistas do “nosso jornal” que, dão a entender que, não sabem quando, o concelho estará deserto.

Não percebo os desígnios que condicionam tais raciocínios, mas não acredito que sejam o bairrismo, o altruísmo, ou a motivação de novos moradores.

O que move cada um, o que pensa, ou mandam pensar, não nos interessa. 

Porém, o que se escreve, é diferente e merece meia dúzia de palavras, com outras tantas reflexões, que, por desconhecimento, ou outras finalidades, os analistas não referem.

Vejamos, por exemplo, uma recente análise em que era apresentado um quadro com os 10 “concelhos com maior quebra percentual de população (2001-2007)”.

O nosso concelho ocupa, nesse quadro, o 6º lugar e é administrado pelo PSD, estando em igualdade com outras autarquias com administrações do PS.

Em todos os concelhos há residentes que não têm no local de residência a morada oficial. Seria interessante juntar esses dados.

Das 4 colunas do artigo, coluna e meia é ocupada com números, comparações absolutas e relativas, de concelhos limítrofes, da totalidade do país.

Depois, uma coluna e meia, com “O que falhou…”, “O que falhou…” em dois extensos parágrafos e “Primeiro porque na década de 90…”, “Depois porque, nos últimos anos..”

Finalmente a “importância da floresta para o concelho…”.

Todavia, embora concordando critica-se e…acaba-se a análise. 

Dirão muitos, mas faltam as sugestões, as ideias, os assuntos inovadores, os bons exemplos, as medidas apresentadas e não aproveitadas pelo poder, os programas de investimento, as reivindicações a apresentar ao poder central, etc..

É também o que pensamos que falta, mas… 

Será isso o que interessa a quem vive no regime do bota abaixo, para subir, com os seus? 

Esta é, quanto a mim, uma das maiores dúvidas do povo. Entenderá o povo o que querem, realmente, os políticos?

Estamos sempre ávidos de poder ler os relatos do que se vai fazendo, do progresso e desenvolvimento das nossas terras, mas começamos a ficar enjoados de tanta roupa suja lavada nas páginas de um jornal que apreciaríamos mais, se fosse mais simples…

Democraticamente, reconhecemos o direito à expressão livre, de todos, mesmo dos que nada mais têm para dizer que mais do mesmo.

Não acreditamos que seja assim, que lá cheguem, os que lá não estão e talvez seja pena que o povo continue a não dispor de todos os dados, quando é chamado a votar.

Têm receio do que dizia um dos expoentes máximos do nosso povo (António Aleixo)?

               Vós que lá do vosso Império
               Proclamais um mundo novo
               Calai-vos, que pode o povo
               Querer um mundo novo, a sério!...

sábado, 6 de setembro de 2014

Verdade, ficção, personagens, histórias e vida…


 A verdade é o que foi, as pessoas e os factos tal e qual como foram, como ficaram na nossa memória, como os nossos olhos a viram e os nossos neurónios a guardaram no recanto apropriado do cérebro.

A ficção constrói-se, dá-se-lhe vida e move-se com o que fica gravado do passado. 

Alguns, mais afortunados, procuram-na no futuro – uma espécie de projecção lida no espelho da imaginação em que, invariavelmente, entre muitos figurantes, estamos sempre nós próprios, como ponto de referência -.

A ficção é o motor da nossa imaginação, a força impulsionadora da nossa inércia, a tinta das nossas imagens do futuro, projectadas do passado. 

É lá que encontramos as pessoas de quem escrevemos – não fossem elas parte da nossa vida -. 

Mais chegadas ou, simplesmente, meras conhecidas, foram elas que criaram os nossos protótipos, que alimentam os nossos projectos, que dão alma e estrutura às personagens dos nossos contos, vulgarmente chamados de histórias. 

Quase sempre gente de família, ou conhecidos, pois a árvore genealógica, mais ou menos rebuscada, é uma só.

Contar a vida dos outros implica correr muitos riscos; temos, forçosamente, que nos respaldar na nossa – verídica ou fictícia, real ou imaginária, que tivémos ou que gostaríamos de ter tido -. 

Mas o passado não é vida, serve-lhe de substracto e sustenta-a. 

Mas, vida, como muito bem disse o poeta, é “ai que mal soa”. 

E, sendo assim, será o espaço entre o passado e o futuro, naturalmente fugaz, mais ido que tido.

É por isso que a ficção é uma arte tão difícil de praticar, contrariamente ao que pensam muitos, menos avisados ou pouco apetrechados. 

Embora comparável a um quadro, lido sobre o futuro, assenta em bases voláteis e suposições, por natureza pessoais e de difíceis contornos. 

Já o quadro, respeitando, ou não, as normas e preceitos da beleza, as características dos materiais utilizados, as formas mais heterodoxas, ou totalmente abstractas, qualquer um pode pintar. 

E não vem mal ao mundo se no final resultar um borrão de cores sobre a tela que a poucos dirá qualquer coisa.

E, então, o que somos nós?

A essência fugaz e naturalmente efémera de cada momento, o substracto do que fomos, emergente dos cenários que ajudámos a constituir e em cuja existência participámos, ou a ficção do futuro que construímos passo a passo, no universo em que nos movemos?

Os contos que escrevemos são o retrato do momento e, por isso, quando relidos, algum tempo depois de escritos, parecem-nos desajustados, desafiam-nos a alterá-los, criam-nos dúvidas. 

É que, quando por eles perpassou a vida, algo mudou desde que haviam sido escritos. 

E se há coisa que a escrita não consegue retratar é a realidade da ficção, ou a ficção da realidade. 

Nós, os escritores de histórias, apenas queremos que elas sejam lidas e relidas e, sobretudo, revividas!...



sábado, 30 de agosto de 2014

Ler um livro


Ao contrário do que dizia o filósofo grego – Plínio, de seu nome –, os espíritos imortais fugiram das estantes das bibliotecas, sacudiram poeiras e algumas teias de aranha e pairam no virtual, chegando num simples clic ao visor de qualquer “note book”, mesmo de baixo custo.

A memória que tanto cuidado nos dava quando estudámos os compêndios escolares, tantas atenções merecia e tanto era enaltecida, terá perdido a importância? 

Creio que não, continua a ser base indispensável da estrutura do saber. 

Mas a massa cinzenta necessária ao ensino de há décadas, é libertada para outras actividades do intelecto.

Hoje temos muito saber acumulado, disponível sem intervenção da memória; embora provavelmente as sinapses das células nervosas trabalhem em maior complexidade e muito maior quantidade que nos tempos, acima referidos. 

A informação disponível no dia-a-dia, metendo-se pelos olhos dentro, agredindo a capacidade de qualquer criança, espevitando-a, pode equiparar-se à que manipulava qualquer licenciado de então.

Volta a surgir a importância da leitura, estimulante da compreensão rápida, factor de fácil expressão, de capacidade de selecção e de velocidade de reacção e elaboração de decisão. 

Meditemos nas palavras de José Luís Borges: “que outros se gabem dos livros que lhes foi dado escrever; eu gabo-me dos que me foi dado ler…”

Pousando nas brasas do “red-line” da vida moderna, arrefeçamos os nossos observadores e estimulemos o seu sentido crítico – qual advogados do diabo –, lembrando-lhes que para dispormos de todos esses terabytes /nanobytes, de informação, nesses galácticos armazéns de informação avulsa e nem sempre expurgada de joio, alguém trabalhou horas, meses, lustros e, daqui a dias, séculos, para compilar, sistematizar, digitar e digitalizar tudo isso.

A inteligência virará, um dia, digital, virtual, ou outra coisa qualquer, mas a sensibilidade, o riso e o choro, o sopro da vida de uma qualquer personagem, perdurarão e não é líquido poder-se hoje admitir que venham a entrar nos computadores, ou seus sucessores. 

A cultura será tudo isso, mas os livros continuarão a existir e regressarão às estantes, após o desassossego. Leia-os.

sábado, 23 de agosto de 2014

Os Números…

 

Sob o ponto de vista da Matemática, eis uma análise despretensiosa do conceito “os números”, que sempre tem ocupado o homem na sua necessidade de contar.

Depois dos números mais pequenos, que vêm de tempos pré-históricos, chega o passo seguinte, com o aparecimento da escrita – escrever números. 

No início os números eram representados por sinais iguais que se repetiam, uns a seguir aos outros, até ao número desejado. 

A dificuldade de ler números grandes trouxe a separação desses sinais em conjuntos de dez e, posteriormente, criou-se um símbolo para dez grupos de dez, ou seja o cem e, assim, sucessivamente. 

Este era o sistema babilónico, cujo conjunto cuneiforme era representado por desenhos de cobaias desenhadas sobre argila.

Os gregos, nomeadamente Pitágoras, inventaram os números irracionais. 

Os hindus, nos anos 500, inventaram o zero, chamando-lhe “sunya”que queria dizer vazio. 

A invenção foi um grande avanço, já que os espaços deixados vazios entre os números geravam muitas confusões. 

Os árabes, no séc. VIII, aproveitaram o símbolo zero e chamaram-lhe “céfer”, que significa vazio. 

Este termo deu origem à palavra portuguesa zero, e às castelhanas cero e cifra.

Leonardo Fibonacci (1170-1240), matemático italiano, foi o primeiro a escrever sobre os números árabes, no ocidente. 

Depois de percorrer todo o norte de África, onde aprendeu a numeração árabe, e a notação posicional – o zero -, escreveu um livro em 1202, “liber abaci” (o livro do ábaco) que serviu para introduzir os números árabes na Europa. 

Porém a numeração romana ainda prevaleceu no ocidente por mais três séculos.

O matemático italiano Gerónimo Cardano (1501-1575) demonstrou, em 1545, que as dívidas e casos similares se podiam tratar com os números negativos. 

Até então os matemáticos pensavam que todos os números tinham que ser maiores que zero.

Na Antiguidade contavam-se apenas vários milhares; quando queriam exprimir quantidades muito grandes diziam “centos de milhares” ou “mais que as estrelas”. 

A palavra milhão, derivada do latim, onde significava “grande milhar”, que equivale a mil milhares, vem da Idade Média, época em que o comércio se expandiu e obrigou a utilizar uma palavra especial. 

Os biliões e os triliões vieram mais tarde.

Em 1646, John Napie (Neper ou Neperius), inventou os logaritmos – número que indica a potência a que se tem de elevar um dado para que resulte um 3º também conhecido -.

O inglês John Wallis (1616-1703) deu sentido a nºs imaginários e nºs complexos.

Em 1744, o suíço, Leonhard Euler (1701-1783) descobriu os nºs transcendentais – que nunca constituirão uma solução para qualquer equação algébrica que possa escrever-se.

Em 1845, o matemático irlandês William Rowan Hamilton (1815-1865) começou a trabalhar com números hipercomplexos a que chamou quaternos, ou quaternários. 

E….Ficamos por aqui, embora com muito para acrescentar.

terça-feira, 12 de agosto de 2014

Valores, utopias e exemplos

 

Nasci na Beira Baixa, num meio rural, de baixos recursos materiais, longe de quase tudo, onde os horizontes não chegavam à maioria das mordomias – já as havia – que a sociedade vai proporcionando aos mais favorecidos, desde que o mundo é mundo.

Apreciei e ambicionei ser protagonista das vidas de heróis e santos. 

Por isso aprendi a gostar de História e de Literatura, que relatavam vidas de sucesso, de valores, não de utopias. 

Vi fechar negócios com apertos de mão e rejeitar vantagens por cumprimento da palavra dada. 

Vi árvores diversas crescerem de forma diferente em cada ano, mas também as havia da mesma espécie com progressos completamente diferentes.

Os negócios eram vias para atingir patamares apreciados e desejados - verdadeiros objectivos de vida -. 

As negociatas eram liminarmente rejeitadas, porque ultrapassavam a dignidade e pressupunham sempre uma vítima, versus um beneficiado, gerada indevida, ou injustamente.

Passei ao lado de muitas situações apetitosas, apenas separadas pelos custos de compromissos e alinhamentos duvidosos. 

Vi muitos valores materiais, ao alcance de um simples golpe de mão, serem ignorados porque se não coadunavam com os valores que caldearam a minha matriz genética e a conduta comportamental. 

E, sem ignorar, nem trair os princípios definidos como valores, atingi o topo das carreiras por onde passei. 

Rejeitei determinadas actividades, que admito, mas não perfilho: todas as que não assentavam no trabalho, indo directas aos benefícios e às contrapartidas; as que visavam os fins sem olhar aos meios.

Depois, quando parei e tive mais tempo para pensar, apercebi-me, melhor, das utopias que submergem tudo e todos. 

Hoje tudo está mais perto de todos – menos os valores -. 

Mostram-se, despudoradamente, mordomias a quem as não pode vir a usufruir, vende-se a quem se sabe que não vai poder pagar, promete-se o que se sabe não poder vir a dar-se, apregoa-se a igualdade e a fraternidade numa sociedade de desigualdades gritantes e onde o amor e respeito pelo próximo são mais estigmas, para quem os pratica, que exemplos a seguir.

Os telejornais, as grandes reportagens, as manchetes de jornais, as capas de revistas, centram-se nas utopias, convidam à contemplação do inacessível, relatam o sucesso fácil, publicitam as verbas astronómicas de actividades duvidosas, se não, declaradamente, perniciosas para o comum dos cidadãos.


É, por tudo isto que louvo a atitude de um dos beirões mais grados da actualidade, que depois de ser Presidente da República, recusou centenas de milhares de euros que os tribunais lhe atribuíram, como retroactivos, em acumulação com a sua reforma, depois de, já antes, ter recusado o bastão de marechal.

 Que o seu exemplo frutifique, Sr. General.

 Bem haja!...

quarta-feira, 30 de julho de 2014

Liber…(dade, tário, tino)


Todos reconhecem – pelo menos qualquer compêndio assim define – que a liberdade tem limites e, por isso, é necessário interpretá-la. 

O mais vulgarizado dos princípios é o que determina como termo da liberdade de cada um o exacto ponto em que começa a liberdade alheia. 

Muitos desses limites estão, mesmo, contemplados nas leis protectoras e reguladoras das liberdades. 

Alguns em leis fundamentais de diversos países.

Já o libertário, geralmente associado à ideia de anarquista e o libertino, filosoficamente tido como o ímpio, irreligioso, ou incrédulo – no sentido de não crente –, têm muito mais liberdade, pois as suas convicções, em sentido ideológico, não colidem com a liberdade dos outros.

A Sociedade organizada e civilizada tolera os ignorantes; todavia não os elege como heróis e, muito menos, não os proclama exemplos de sabedoria.

Quando um ébrio ignorante, em plena praça pública, desata a debitar vitupérios, contra tudo e contra todos, ou é desprezado por inimputável, ou detido por ofender a Ordem e Moral públicas. 

Porém, se um Prémio Nobel de Medicina, por exemplo, se lembrar de pôr em causa os teoremas de Pitágoras, ou de Euclides, os Princípios de Arquimedes, ou de Pascal, proclama-se como respeitável, porque a sua liberdade lhe permite dizer, ou escrever, o que muito bem entender. 

Arroga-se o direito de expressar, livremente, a sua ignorância, arrogância, loucura, e por aí fora, até onde lhe apetecer.

E como classificaremos, então, a prova de exame do aluno que tem toda a liberdade de debitar a mais pura ignorância, exprimindo-se como entender, pondo em causa, inclusive, tudo o que o seu desconhecimento não tem capacidade de analisar e criticar? 

Haverá algum estatuto que legitime o que é disparate, no consenso geral?

Mas voltemos ao Prémio Nobel, que nos habituámos a ver como um semi-deus, um poço de sabedoria, um sábio omnisciente e infalível. 

Depois lembremos a lição de Apeles que mostrou ao sapateiro/sábio que não devia subir além da chinela…

Meditemos no princípio de Peter, que, inexoravelmente, demonstra que todos tendemos para a incompetência e, para finalizar, tenhamos a certeza de que quando o centro de gravidade da Torre de Pisa, sair da vertical da base de sustentação, ela cairá.

Toda a vida tenho vindo a aprender; sou dos que não herdaram “back ground” como trampolim de partida e, a pulso, cheguei aos patamares de Peter. 

Mas os poços de sabedoria onde sempre gostei mais de beber foram, e são ainda, os da gente simples: sem lodo e com alguma profundidade. 

Gente que não precisa de invocar a sua liberdade para dizer o que pensa e usa o bom senso para não ofender, escandalizar e menosprezar os semelhantes. 

Gente que, se gosta e acredita, ama; todavia, se tem dúvidas ou é traída, despreza e abomina. 

Gente que não sabe ler diplomas, ou reconhecer prémios, mas detecta e sente o afecto, a dignidade, a honradez e, sobretudo…a autenticidade.

segunda-feira, 21 de julho de 2014

Língua Portuguesa

Lembro-me das aulas de Português, no Colégio D. PedroV, em Mação, em que o Sr. Prof. Lalanda nos dava muitos conselhos e regras e explicava que sem sabermos a nossa Língua, nada mais conseguiríamos aprender, correctamente.

Entre vários apontamentos que chegaram até aos nossos dias, numas “Sebentas” deixadas sob o peso do pó lá nas gavetas da minha casa, na Serra, descobri, há pouco, as 5 primeiras regras do “Português”, ditadas pelo Sr. Prof. Lalanda:

1.      Usar e abusar do Dicionário.

2.    Na leitura e interpretação, nunca passar por cima dum palavra cujo significado se desconhece. Se não tivermos um Dicionário à mão, tomar nota e fazer a consulta logo que se chegue a casa; neste caso escrever, 3 vezes, a palavra e o significado.

3.    Ler devagar e não passar por cima de frases que nos causem dúvidas; quanto mais leituras dos nossos bons escritores, mais conhecimento da Língua Portuguesa. Quem mais lê, melhor escreve.

4.      Na escrita usar palavras vulgares; nunca qualquer termo cujo significado nos causa dúvidas.

5.      Usar e abusar das regras da pontuação, da concordância e da clareza.


Notas: Tive vários Professores de “Português”ao longo de uma vida de aprendizagem e, eu próprio, ensinei muitos alunos. Todavia, não encontrei melhores Prontuários, nem melhores regras, que as do grande mestre no ensino da Língua Portuguesa, que tive o privilégio de ter naqueles seis anos, em Mação. 

O prof. Lalanda, tinha muito orgulho nas notas conseguidas pelos seus alunos, nos exames feitos no Liceu Nacional de Santarém e várias vezes comentámos um 19,7 que um aluno conseguiu na prova de "Português". O que teria levado o prof. que corrigiu a prova a retirar 0,3 valores à nota máxima?  

quinta-feira, 10 de julho de 2014

Máquina de costura



Havia, lá em casa, uma velha máquina, que minha mãe recebera quando terminou o “corte e costura” que fez na “mestra”. 

No fundo negro do corpo da máquina, além de umas flores, sobressaía o nome “Singer”, em letras douradas. 

Na máquina foi confeccionada a roupa para toda a família e uma ou outra peça encomendada por alguma vizinha. 

Falamos, diga-se, dos anos quarenta do já pretérito século XX.

Anos mais tarde, ao aprender inglês, veio-me à ideia aquela palavra “singer”, que, pensava eu, quereria dizer cantor, uma vez que “to sing” significa cantar. 

Porém, ou porque não me quadrasse bem, ou porque sempre gostei de saber mais, sobre certas coisas simples, investiguei e, à guisa de curiosidade, aqui fica o resultado:

A industrialização, no séc. XVIII, trouxe a mecanização da fiação e da tecelagem, mas a milenar arte da costura continuou a fazer-se à mão, por batalhões de costureiras e alfaiates. 

Só no séc. XIX se aperfeiçoou a máquina de costura, como tantas outras com o objectivo de aliviar as tarefas domésticas e paralelamente desenvolver a indústria.

Em 1810, Balthazar Krems, operário alemão de uma fábrica de artigos de retrosaria, criou a agulha e construiu com ela uma máquina, movida por uma alavanca, que dava pontos em cadeia, fixando duas telas. 

Em 1830, o alfaiate francês Barthélemy Thimonnier construiu uma máquina parecida, com a qual obteve enorme êxito, a ponto de instalar uma fábrica em Paris, com 80 máquinas, para confeccionar uniformes para o exército. 

No ano seguinte as máquinas foram destruídas, por uma manifestação de alfaiates, que temiam pela sua subsistência.

Dois anos depois, em 1833, o norte-americano Walter Hunt – conhecido como o homem que inventou o imperdível –, criou uma máquina de pespontar, movida por uma manivela e que já trabalhava com dois fios, formando um ponto entrelaçado. 

O invento foi vendido ao nova-iorquino George Arrowsmith, em 1834, que nunca o comercializou, por falta de capital.

Sucederam-se os inventos e patentes, nos próximos vinte anos, até que, em 1854, Wilson inventou a barra dentada situada por baixo da tela para fazê-la avançar, regularmente, depois de cada ponto. 

Entretanto neste período, em 1851, o mecânico de Nova York, Isaac Merritt Singer patenteou uma máquina de sua invenção, para pespontar, accionada por um pedal. 

Uma roda dentada fazia avançar a tela, entre pontos e um calcador mantinha os tecidos no seu lugar. A agulha movia-se, verticalmente...

O sócio de Singer, advogado Edward Clark, iniciou um sistema de vendas a prazo, em 1856. 

Comprada a pronto, uma Singer custava 50 dólares; a prazo, com 5 dólares de entrega inicial e 3 dólares por mês, chegava a 100 dólares. 

Em 1858, Singer produziu o modelo portátil “Familiar”; as suas máquinas anteriores passaram a modelos industriais. 

Singer abriu fábricas na Europa, onde obteve êxitos idênticos e, quando morreu, em 1875, as suas empresas foram avaliadas em 13 milhões de dólares.

domingo, 29 de junho de 2014

António Aleixo


A sátira e a ironia aparecem tão bem jogadas nas quadras de António Aleixo que revelam, pelo menos, o domínio de certos enquadramentos e raciocínios lógicos, indiciadores de treino intelectual e muita leitura.

A simplicidade com que se exprime e o rigor cirúrgico com que manipula e resume as ideias, evidenciam largas horas de leitura e, sabendo nós que um dos livros que mais utilizava era o dicionário, grande domínio das palavras.

A maior profundidade é alcançada em quadras e, até mesmo, em versos isolados, que nada mais fazem, depois, que dar cor aos quadros que pintam. 

E, na simplicidade e beleza dessas imagens, na realidade e clareza dessas observações, reside a subtileza da sua obra, em que raramente se lê uma palavra menos comum, ou de difícil compreensão.

Algumas pérolas:

A mosca

          Uma mosca sem valor
          Poisa com a mesma alegria
          Na careca de um doutor
          Como em qualquer porcaria.

Ironia

          Julgando um dever cumprir
          Sem descer no meu critério
          Digo verdades a rir
          Aos que me mentem a sério.

Trocadilho

          Entre leigos ou letrados
          Fala só de vez em quando
          Que nós às vezes calados
          Dizemos mais que falando

Jogo de palavras

          P’ra não fazeres ofensas
          E teres dias felizes
          Não digas tudo o que pensas
          Mas pensa tudo o que dizes.

Imponderabilidade

          Quem prende a água que corre
          É por si próprio enganado.
          O ribeirinho não morre
          Vai correr para outro lado.

Destino, fatalidade

          Vinho que vai p’ra vinagre
          Não retrocede o caminho.
          Só por obra de milagre
          Pode, de novo, ser vinho.

segunda-feira, 23 de junho de 2014

O novo milénio



A discussão à volta do começo de cada século reanima-se cada cem anos e, particularmente, neste caso, tão especial, que nos cabe viver, em que nos interrogamos sobre o instante em que começará, também, o novo milénio.

As pessoas emocionam-se, fortemente, ante a iminência da chegada do ano 2000. 

Todavia, a fixação por este número é apenas um caso especial da atracção que exerce nos seres humanos a “quantidade redonda”, sobretudo os múltiplos de 5 e de 10. 

Tal é devido à circunstância, absolutamente fortuita, de termos cinco dedos em cada mão e dez no total e daí derivar o facto dos nossos sistemas métricos estarem, geralmente, baseados no número 10. 

Em várias culturas subsiste a numeração baseada no 20, o que se deve a usarem também os dedos dos pés, para contagens. 

No entanto, se só tivéssemos tido oito dedos, em ambas as mãos, teríamos desenvolvido um sistema baseado no 8, denominado, tecnicamente “octal”, como o que se emprega em vários procedimentos de computação electrónica. 

Em tal sistema, o próximo ano 2000 representar-se-ia com o número 4952, enquanto o mesmo ano 2000, no sistema “octal”, já teria passado há muito, pois correspondeu ao nosso ano 1024.

Os anos, que correspondem ao tempo em que a Terra dá uma volta ao redor do Sol, são numerados pelos seres humanos, e, cada civilização, decidiu dar-lhes um número a partir de um começo arbitrário. 

Também o dia do início de cada ano resulta de uma convenção e não corresponde a nenhum facto astronómico. 

A Terra já deu mais de 5000 milhões de voltas ao Sol, mas os humanos começaram a contá-las há uns 6000 anos, ao surgirem as primeiras civilizações.

A Era Cristã - a mais utilizada neste momento - impôs-se, sobretudo, pelo predomínio político e tecnológico do Ocidente e não por qualquer razão mística. 

Este registo foi adoptado no ano 540 d.C. quando o Papa Vigílio I designou o monge Dionísio para que calculasse, com exactidão, o ano do nascimento de Cristo. 

Naquela época estava em uso a Era contada a partir do ano da fundação de Roma e Dionísio determinou que Cristo nascera em 25 de Dezembro, do ano 753 da Era Romana, pelo que 754 se considerou o “ano um” da nova Era. 

Por toda a Europa ordenaram-se as trocas de calendários e documentos e o ano em uso mudou de 1294, da Era Romana, para 540, da nova Era, chamada Cristã.

Não houve “ano zero”, porque este conceito matemático era desconhecido de Dionísio e do comum das pessoas cultas, sendo apenas manejado por alguns matemáticos, de Alexandria. 

Mas resultou que Dionísio se enganou na conta; determinou-se, com exactidão, que Herodes – o Grande – morreu no ano 4 a.C., pelo que Cristo teve de ter nascido antes que tivesse podido ocorrer a matança dos Inocentes. 

Assim, na realidade, a data do Seu nascimento deve fixar-se antes da Era Cristã. 

Não se fez a correcção, pois seria ocioso e devido aos problemas que isso implicaria.

O que acabamos de dizer significa que os “charlatães”, que anunciam o fim do mundo para o ano 2000, estão equivocados, já que o autêntico ano 2000 foi em 1994, verdadeiro bimilénio do nascimento de Jesus Cristo e, que se saiba, o Mundo não terminou no ano 1000, nem em nenhum outro, que se tenha já anunciado como o “fim dos tempos”.

Realçamos o facto de não ter existido ”ano Zero”, como não há “dia Zero”, em cada mês, nem “século Zero”, nem “milénio Zero”. 

Os primeiros 100 anos – 1º século – da nossa Era cumpriram-se, justamente, no ano 100, tendo então começado o segundo século, no ano 101. 

De modo análogo, o século XX começou em 1901 e o século XXI começará no ano 2001 o que quer dizer que o 3º milénio se iniciará, também, nesse ano. 

O ano 2000 é o “ano secular” do século XX, no qual este se completa. 

Será, também, o “ano milenar”, em que se completará o segundo milénio da nossa Era.

domingo, 15 de junho de 2014

PRESENTE!...


Sou da geração dos que fizeram a Guerra Colonial que tantos sacrifícios pediu, aos jovens da nossa Pátria, e tão pouco lhes deu, em troca, votando-os ao mais ignóbil esquecimento e ostracismo. 

Nem há figura jurídica para enquadrar os EX-COMBATENTES.

É, por isso, que, junto convosco, CAMARADAS, digo PRESENTE!... Ao recordar e homenagear aqueles que deram tudo!...

Todavia, não se pense que apenas os que deram a vida, no teatro das operações, morreram em consequência da Guerra. 

Muitos outros viram carreiras cortadas, saúde arruinada, família desfeita, morte prematura, em resultado daqueles fatídicos anos.

Também, por esses, eu venho dizer PRESENTE!...

Dos 130 homens que comigo, e sob o meu comando, percorreram as matas da Guiné, 3 caíram no terreno e 40 dos que voltaram, morreram, já, antes dos 70 anos de idade. 

Muitas terão sido as causas dessas mortes, mas, não tenhamos dúvidas, as sequelas da guerra são evidentes – não é normal que num grupo de 130 homens, saudáveis aos vinte anos, quase um terço morra antes de completar 70 anos –.

Por aqueles que, muitas vezes, não tiveram sequer meios para comprar medicamentos e cuidados de saúde, indispensáveis à continuação da vida, dizemos PRESENTE!...

E, de Governo em Governo, todos vão esperando que estes números aumentem; até que todos morram e ninguém mais se lembre deles.

É por isso, CAMARADAS, que aqueles que aprenderam o significado da solidariedade e da amizade em condições tão adversas, que selaram com sangue sentimentos tão nobres como a luta pela vida e a preservação da espécie, não podem aceitar que a nossa Pátria tenha meios para tudo e quase todos, incluindo aqueles que nunca nada fizeram, ou muito fizeram contra as normas estabelecidas e os direitos dos seus semelhantes e, para os que por ELA lutaram…NADA!...

Contra este estado de coisas, exorto-vos, CAMARADAS, a dizer PRESENTE!...

Já que ninguém, com poderes, se preocupa; já que nenhum Governo deste País reconhece as doenças adquiridas, ou com causas nas condições que a Pátria pôs à disposição destes seus filhos, quando deles se serviu, peço-vos que ajudem a minorar o sofrimento de muitos CAMARADAS que, já desiludidos, aguardam…o fim. 

Para eles e por eles, PRESENTE!...

Alferes-Miliciano, louvado por diversos graus da hierarquia militar, condecorado com Cruz de Guerra de 2ª classe (prata), galardoado com o Prémio Governador da Guiné, por acções em combate – 

Felizmente, vivo!....

domingo, 8 de junho de 2014

INTERNET- Visão em1999, e 15 anos depois.

…para gozo de entusiastas e ponderação de dirigentes….Dez1999.

O Departamento Norte-americano de Defesa, em conjunto com empresas e universidades, criou, nos finais dos anos 60 – em plena “guerra-fria” – uma rede de comunicações, a que chamou ARPANET. 

O objectivo do então novo sistema era conseguir sobreviver a uma guerra nuclear.

Felizmente não foi necessária para os fins em vista, mas deu origem a um dos maiores fenómenos de comunicação social da história da Humanidade – a INTERNET –.

Nos 30 anos de existência a World Wide Web não tem tido um desenvolvimento regular: o acelerar dos factos atinge tal proporção que podemos dizer que ninguém poderá prever o que irá passar-se a alguns meses de distância. 

Eis alguns números e factos, sobre o que se passa, nos nossos dias (há 15 anos atrás, entenda-se): 

· Nos EUA, 60 a 70 milhões de adultos, visitam, em cada mês, 800 milhões de “sites”.

· Quase 60% das empresas norte-americanas venderão produtos “on-line”, no ano 2000 – em 98 aquele número rondava os 25% –.

· Os americanos vão atingir, em breve, 10 milhões de redes domésticas.

· A “Cisco”, maior “site” de comércio electrónico, vende 32 milhões de dólares, por dia. 

A “Amazon”, maior livraria “on-line”, detém já todos os troféus de crescimento e recordes de vendas.

· Mais de 80% dos licenciados dos EUA, procuram emprego, “on-line”.

· Os sectores económicos ligados às tecnologias da informação (TI) estão a crescer ao dobro do ritmo de toda a economia. 

Em 30 anos (69 / 99), a quota de gastos empresariais em TI, passou de 3% para mais de 50%, sendo já dos maiores dos EUA, dando origem a ¼ do crescimento económico e empregando mais de 6 milhões de pessoas, com salários quase duplos dos sectores tradicionais.

· Os EUA detêm a maior taxa de utilizadores da Internet – uma em cada seis pessoas – e só nos últimos 6 anos (93 / 99) o crescimento do número de americanos ligados à WWW passou de 3 para 80 milhões, o que representa 40% dos utentes em todo o Mundo (estimados em 200 milhões).

· As empresas que utilizam a Internet apresentam crescimentos 50% mais rápidos que as restantes.

· Quase metade das empresas dos EUA vendem “on-line” e metade das que não estão ainda ligadas pensam fazê-lo até ao fim do próximo ano (2000).

· No final dos próximos 3 anos (2002), o comércio electrónico da Europa ultrapassará o dos EUA. 

Haverá quase 50 milhões de lares europeus, com Internet e, não esqueçamos que mais de metade dos clientes das empresas americanas é do estrangeiro e, destes, a maior quota é europeia.

Os mais recentes estudos apontam para uma probabilidade de compra “on-line”, em língua nativa, 3 vezes superior às compras em línguas estrangeira.

Nota: Por razões de ética profissional não refiro a reacção que este documento provocou nos elementos do Conselho de Administração do Grupo Empresarial em que era Director Comercial.