O calendário actual – Gregoriano – foi decretado por Carlos IX, de França, em meados do séc. XVI (1564).
Até então, o ano começava por alturas do equinócio da Primavera, tendo início na última semana de Março (entre 25 e 1 de Abril).
Com o novo calendário o ano passou a começar em 1 de Janeiro, embora com os meios de comunicação da altura e o desenvolvimento das gentes da época, muitos não acreditassem na mudança e continuassem a festejar o novo ano no 1º de Abril.
Estes descrentes, ou ignorantes – chamados tolos de Abril -, passaram a ser objecto de todo o tipo de chacotas, partidas e mentiras, que se têm mantido ao longo dos tempos.
Lembro-me da caixa de electricidade, numa rua da Baixa de Lisboa – já lá vão quase 50 anos –, tapada a preceito com serapilheira e um moço de fretes, ao lado, com ar desalentado, a pedir:
- Ajude aqui, por favor, a pôr isto às costas.
Lembro-me da nota de vinte mil réis presa a um fio de pesca e deixada no chão, para que os figurões, na carvoaria em frente, puxassem a nota sempre que cada transeunte tentava apanhá-la, rabiando atrás dela.
E, da tasca em frente, vinham os risos de gozo e chalaças: guloso!... Deixa isso!... Vai trabalhar, malandro!...
Lembro-me da moeda de cinco escudos pregada no chão com um prego bem comprido e da ginástica dos passantes a tentar apanhá-la. Outra vez os mirones e as risadas.
A maravilha destas pequenas partidas era o espírito com que se gozava e se era objecto de gozo.
Tudo acabava em paródia atrás do balcão da tasca ou da carvoaria, em frente de uns copos, partilhados mesmo com quem se não conhecia.
Ficou o dito: No 1º de Abril vai o tolo onde não deve ir.
Bons tempos!...
Boas gentes!...
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