quarta-feira, 18 de abril de 2012

Armona / Camaleões



Estive uns dias na ilha da Armona, onde não ia há mais de trinta anos e pude ver e fotografar camaleões. 

Não via estes répteis sáurios, desde que estive na guerra, em terras da Guiné, nos anos sessenta. 

Em todos estes anos não mais lembrei aquela espécie de lagarto, cuja principal particularidade é a mudança de cor. 

Do camaleão, espécie protegida, em vias de extinção na Europa, restam alguns exemplares no Sotavento Algarvio e no sul de Espanha. 

Com o passar dos anos, fui assistindo às atrocidades que todos conhecem e o Algarve dos princípios dos anos 70, sustentável e agradável, transformou-se no que é hoje – uma selva de betão –. 

Gostaria, porém, de realçar a Ilha da Armona, onde a febre do betão ainda não chegou, embora espreite do outro lado da Ria Formosa, na cidade de Olhão e sua envolvência. 

É esta pequena ilhota, constituída por uma alongada ínsua de terreno arenoso, um dos últimos recantos da natureza, em estado quase virgem, que faz a costa entre Olhão e a Fuzeta, dando continuidade à Ria Formosa que desde o Ancão até Cabanas de Tavira, merece a nossa visita. 

Na Armona, há que louvar o esforço de contenção da construção e a proibição do uso de veículos motorizados. 

No passadiço de pouco mais de dois metros de largura e mil e poucos metros entre a ponte-cais, na ria, e o restaurante do “Canas, agora dos Belgas”, à entrada das dunas da praia, passa toda a vida da ilha. 

De noite, o peso do silêncio e a quietude são quebrados pelas vozes das pessoas e o cantar dos grilos. 

De dia a calma é perturbada pelo caminhar das gentes e pelo ruído característico das rodas dos tróleis, sobre o cimento do passadiço. 

Os bandos de pardais, nas árvores de maior porte, anunciam a alvorada e o pôr-do-sol. Nas árvores mais altas reúnem-se, os bandos para disputar os ramos. 

A flora é pobre, própria de terreno arenoso, carente de matéria orgânica. Árvores isoladas junto das casas e vegetação exótica. 

A fauna é constituída por aves ribeirinhas e, permita-se, um destaque para o camaleão, que ainda ali resiste.

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