Escrever é materializar o pensamento, partilhar o que de melhor podemos oferecer.
É transpor a barreira da realidade, gravar com as teclas do computador ou da máquina de escrever, com o lápis e a borracha, a esferográfica ou o gravador e fazer uso pleno da liberdade, da simplicidade e da cidadania do mundo, concedidas pelos outros seus semelhantes.
O escritor, no seu mundo, é invulnerável, lunático, galáctico e demora, às vezes, a pousar na terra e respirar, tornando-se terráqueo, naturalmente como “homo scriptionis”, vulgo escritor.
Parte, sem rumo, ignorando o destino.
Desconhecendo portos e abrigos, expõe-se a contrariedades e contratempos de toda a ordem; mas avança, escreve e no seu percurso, comove, agrada, ignora, critica, esquece as horas do dia, ou da noite, e, dificilmente faz coincidir o seu despertar, ou adormecer, com o dos outros.
Tem ritmos próprios.
O escritor amadurece, envelhece, toma cores pesadas, cabelos mais compridos e patilhas mais gordas, mas gostamos dele – como espuma dos nossos pensamentos, tempero da vida, pluralização de cada um de nós –.
Seduz-nos e arrasta-nos pelos seus livros.
Dizia o poeta que chegará o dia em que não haverá mais poesia.
Assim como já acabaram as histórias, porque se esgotaram as personagens, nesse dia todos serão poetas.
Todavia, até que esse desiderato não chegue, justifiquemos os escritores, fantasiemos os livros das estantes das bibliotecas, cheias de amigos: altos, baixos, gordos, fininhos, com nomes complicados, ou membros de uma qualquer colecção ou enciclopédia.
No final de contas é preciso é ler livros.
Os livros cada vez serão melhores, cada vez mais duráveis, tendendo para a imortalidade; serão, não obstante, cada vez menos lidos e consultados, versus internet, cada vez mais alargada e democratizada.
Mas, enquanto o Mundo for mundo, os livros serão.
Exortamos, com entusiasmo e confiança, cada um dos nossos contemporâneos, para três objectivos:
- Oferecer livros às crianças;
- Ler e reler bons livros, especialmente bem escritos,e
- Escrever.
Objectivos simples e compensadores que ajudam a realização de qualquer ser humano.
Aceitá-los e prossegui-los é gratificante e tranquilizador.
Saibamos ser felizes.
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