quarta-feira, 11 de abril de 2012

Vulgar de Lineu…



Os herbários são colecções de fungos e plantas, previamente secos, identificados e catalogados, com uma etiqueta para cada exemplar e uma quantidade de informação que pode ser usada por diferentes pessoas, tais como estudantes de diversas disciplinas, aficionados da Botânica e cientistas. 

Calcula-se que existam, no mundo, cerca de 800 000 espécies de plantas, embora muito poucas tenham sido exploradas. Só 250 000 são conhecidas, numeradas e descritas. Quanto aos fungos, os estudos são mais escassos, pois apenas se conhecem 75 000, o que representa 5% do milhão e meio que, se estima, existem na Terra. 

Através da História pode-se analisar o contacto e a experiência que o homem tem tido com as plantas que formam o seu ambiente, o que lhe permitiu conhecê-las e diferençá-las, bem como utilizá-las como alimento, como remédio e alívio das enfermidades e até como componentes dos ritos e cerimónias religiosas. Numas plantas o homem encontrou prazer e proveito, noutras, prejuízos e males, inclusive causas de morte. 

O interesse pelas plantas vem aumentando, desde tempos imemoriais: na Mesopotâmia e, mais tarde, no antigo Egipto, desenvolveram-se colecções de plantas vivas, os chamados jardins botânicos, cuja origem se desconhece, e de que o de Babilónia foi uma das sete maravilhas do mundo antigo -. 

Mais tarde, no Renascimento, apareceram, na Europa, os primeiros jardins botânicos - Pisa, Pádua, Florença -. 

São, também, referenciados, nessa altura, jardins, do mesmo tipo, nos centros culturais da América - planaltos mexicano e andino -, os quais desapareceram a partir da conquista desses povos. 

Com o passar do tempo tornou-se evidente que era necessário conhecer e conservar as plantas e os fungos, como forma de dominar o meio em que vivemos e, também, para poder aproveitá-los, tirando deles todos os benefícios possíveis. 

A dificuldade de manter tão grande número de plantas vivas, em grandes áreas, deu origem às colecções de “plantas secas”- os herbários – que proporcionam material de estudo, com menor exigência de espaço e mais baixo custo de manutenção. 

Luca Ghini, no séc. XVI, foi o primeiro promotor dos herbários, que tiveram por palco, Pisa e Bolonha. 

A partir de 1500, o elevado número de plantas recolhidas pelos “exploradores”, assim como o descobrimento de muitas espécies novas, criaram a necessidade de desenvolver um sistema que lhes desse nome e as ordenasse: coube ao italiano, Andrea Cesalpino, fazer a conservação dos exemplares, numerando e classificando as plantas, de acordo com seus traços morfológicos. 

Destacamos, o “nosso Garcia de Horta”, entre outros, para chegar, já em pleno séc. XVIII, ao motivo desta pequena crónica: Carl von Linné (mais conhecido por Lineu), botânico e zoólogo sueco que deixou o seu nome ligado ao sistema, por ele inventado, que classifica as plantas e que se baseia, fundamentalmente, nas características do número, posição e longitude relativa dos estames, e, o mais importante, estabeleceu um método uniforme para designar as espécies por meio dos nomes latinos, método que, ainda hoje, se aceita. 

Lineu viveu numa época em que se considerava a existência de um mundo natural fixo, dotado de ordem, no momento da sua criação. 

Parecia, pois, que a observação cuidadosa de todas as partes daquele mundo, daria a pauta de tal ordenamento. Foi com esta ideia que Lineu, e seus discípulos, prosseguiram a exploração botânica. Fizeram numerosas viagens pelas Américas, mares do Sul e do Oriente. 

Depois deles, muitos outros investigadores continuaram com os mesmos fins e depositaram muitíssimas espécies nos herbários da Europa. 

Graças ao sistema de Lineu, todas essas espécies, animais e vegetais puderam ser, convenientemente, classificadas e arquivadas. 

Durante o séc. XIX, no apogeu da Teoria da Evolução, as colecções botânicas receberam novos impulsos e os cientistas da época quiseram, não só conhecer que espécies havia, mas também saber como se haviam diferençado e relacioná-las em grupos. 

Todavia, as teorias de Lineu foram vulgarmente aceites e aplicadas por todos os que lhe sucederam. 

Eram tratados de coisas …o vulgar de Lineu….

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