segunda-feira, 23 de dezembro de 2013

Ouro


O ouro (latim aurum,"brilhante") é um elemento químico de nº atómico 79 (79 prótons e 79 elétrons); está situado no grupo onze (IB) da tabela periódica, e de massa atómica 197 u. O seu símbolo é Au (do latim aurum).

Conhecido desde a Antiguidade, o ouro é utilizado de forma generalizada em joalharia, indústria e electrónica, bem como reserva de valor.

Características principais

É um metal de transição, brilhante, amarelo, denso, maleável, dúctil (trivalente e univalente) que não reage com a maioria dos produtos químicos, mas é sensível ao cloro e ao bromo. À temperatura ambiente, apresenta-se no estado sólido. 

Encontra-se em geral no estado puro e em forma de pepitas e depósitos aluvionais. É facilmente manuseável e maleável: com apenas um grama de ouro, é possível obter um fio de 3 km de extensão e 0,005 mm de diâmetro, ou uma lâmina quadrada de 70 cm de lado e 0,1 micron de espessura.

Ao lado: cristais de ouro feitos por reação química de pureza >99,99%.

O ouro puro é demasiado mole para ser utilizado. Por isso é, endurecido formando liga metálica com prata e cobre. O ouro e as suas diversas ligas metálicas são muito empregados em joalharia, fabricação de moedas e como padrão monetário em muitos países. Devido à sua boa condutividade elétrica, resistência à corrosão e uma boa combinação de propriedades físicas e químicas, usa-se em diversas aplicações industriais.

História

Arqueologistas sugerem que o primeiro uso do ouro começou com as primeiras civilizações no Oriente Médio. É possível que tenha sido o primeiro metal utilizado pela humanidade. O mais antigo artefacto em ouro foi encontrado na tumba da Rainha Egípcia Zer. Era conhecido na Suméria e no Egito onde existem hieróglifos de 2600 a.C. que descrevem o metal. É, também, referido em várias passagens no Antigo Testamento.

O ouro foi sempre considerado como um dos metais mais preciosos, tendo o seu valor sido aproveitado, ao longo da História, como padrão para muitas moedas.

Aplicações

O ouro exerce funções críticas em computadores, comunicações, naves espaciais, motores de reacção na aviação, e em diversos outros produtos.

A elevada condutividade eléctrica e resistência à oxidação permitem amplo uso em electro-deposição - cobrir com camada de ouro, por meio electrolítico, as superfícies de conexões eléctricas, assegurando uma conexão de baixa resistência e livre do ataque químico do meio -. 

• Como a prata, o ouro pode formar amálgamas com o mercúrio que, algumas vezes, é empregado em restaurações dentárias.

• O ouro coloidal (nano-partículas de ouro) é uma solução intensamente colorida que está sendo pesquisada para fins médicos e biológicos. Esta forma coloidal também é empregada para criar pinturas douradas em cerâmicas.

• O ácido cloroáurico é empregado em fotografias.

• O isótopo de ouro 198Au, com meia-vida de 2,7 dias, é usado em alguns tratamentos de câncer e em outras enfermidades.

• É empregado para o recobrimento de materiais biológicos, permitindo a visualização através do microscópio eletrónico de varredura (SEM).

• Utilizado como cobertura protectora em muitos satélites porque é um bom reflector de luz infravermelha.

Simbologia do ouro

O ouro é usado como símbolo de pureza, valor, realeza e ostentação. O principal objectivo dos alquimistas era produzir ouro a partir de outras substâncias, como o chumbo.

Muitas competições distinguem o vencedor com medalha de ouro, o segundo com medalha de prata , e o terceiro com medalha de bronze = cobre (os três pertencentes ao mesmo grupo (11) da tabela periódica dos elementos).

Papel biológico

O ouro não é um elemento químico essencial para nenhum ser vivo. Alguns tiolatos (ou semelhantes) de ouro são empregados como anti-inflamatórios no tratamento de artrites reumatoides e outras enfermidades reumáticas. O funcionamento destes sais de ouro não é bem conhecido. O uso do ouro em medicina é conhecido como crisoterapia.

Abundância e obtenção

Pepita de ouro

Por ser relativamente inerte, pode encontrar-se, como metal, às vezes como pepitas grandes, mas geralmente encontra-se em pequenas inclusões em alguns minerais, como quartzo, rochas metamórficas e depósitos aluviares originados dessas fontes. O ouro está amplamente distribuído, e muitas vezes associado ao quartzo e pirite. É comum como impureza em muito minérios, de onde é extraído como subproduto. Como mineral é encontrado na forma de calaverita, um telureto de ouro.

A África do Sul é o principal produtor de ouro, extraindo cerca de dois terços de toda a procura mundial deste metal.

O ouro é extraído por um processo denominado lixiviação com cianeto. O uso do cianeto facilita a oxidação do ouro formando-se (CN)22- em dissolução. Para separar o ouro da solução procede-se a redução empregando, por exemplo, o zinco. Tem-se tentado substituir o cianeto por outro ligante devido aos problemas ambientais, porém não são rentáveis e são, igualmente tóxicos.

Espalhado em toda a crosta terrestre em baixa concentração média (5 gr em 1.000 toneladas). As minas de ouro, economicamente rentáveis, produzem acima de 3 gramas por tonelada.

Utilização farmacêutica

O corpo humano não absorve bem o ouro, e seus compostos. Até 50% dos pacientes com artrose, tratados com medicamentos que contém ouro, têm sofrido danos hepáticos e renais.

O ouro como mercadoria

O mercado de ouro, assim como o mercado de acções, integra o grupo dos chamados mercados de risco já que as suas cotações variam segundo a lei da oferta e da procura. 

No mercado internacional, os principais mercados que negociam ouro são Londres e Zurique onde é negociado no mercado de balcão e não via bolsas. Outro grande centro de negócios é a Bolsa de Mercadorias de Nova York (COMEX) onde só se opera em mercado futuro. Há também nesta praça um forte mercado de balcão para o ouro físico.

As operações com ouro no Brasil

No Brasil, o maior volume de comercialização de ouro faz-se na da Bolsa de Mercadorias e Futuros (BM&F), que é a única no mundo que comercializa ouro no mercado físico. As cotações do ouro, no exterior, são feitas em relação à onça troy, que equivale a 31,104 gr. No Brasil, a cotação é feita em reais por grama de ouro puro. O preço do ouro, no Brasil, vincula-se, historicamente, às cotações de Londres e Nova York, refletindo, portanto, as expectativas do mercado internacional. Sofre, entretanto, influência directa das perspectivas do mercado interno e, principalmente, das cotações do dólar flutuante. Assim o preço interno é calculado directamente segundo as variações do preço do dólar no mercado flutuante e dos preços do metal na bolsa de Nova York. O preço do grama do ouro em reais, calculado a partir do preço da onça em dólares (pela cotação do dólar flutuante) fornece um referencial de preços. 

Tradicionalmente, a cotação da BM&F mantém a paridade com este valor referencial variando 2%, em média, para baixo ou para cima. 

Existem dois tipos de investidores no mercado de ouro no Brasil: o investidor tradicional - que utiliza o ouro como reserva de valor -, e o especulador - que está à procura de ganhos imediatos e de olho na relação ouro/dólar/acções, procurando a melhor alternativa do momento. 

No Brasil há dois mercados para o ouro: mercado de balcão e mercado spot nas bolsas . Em qualquer dos casos, a responsabilidade pela qualidade do metal é da fundidora e não do banco, que é apenas o depositário.

Provas de Ouro

São mundialmente reconhecidas as seguintes provas de ouro: 375, 500, 583, 585, 750, 958, 996, 999,9 (usada na indústria aero-espacial). 

Encontra-se com maior frequência a mistura (liga) de ouro com o nº 583. As ligas desta prova podem ter diferentes cores, dependendo da quantidade e composição dos metais. 

Por exemplo, se na liga de ouro da prova nº 583 (58,3% de ouro) contém cerca de 36% de prata e cobre 5,7%, a liga tem um tom de cor ligeiramente verde. Se for 18,3% de prata e 23,4% de cobre, fica com cor de rosa. Se for 8,3% de prata e 33,4% de cobre, uma cor avermelhada. 

Ouro com a prova nº 958 é de três componentes: ouro, prata e cobre e é usado, geralmente, para fazer alianças. Esta liga tem uma cor amarela-forte e é próxima da cor de ouro puro. 

Na liga nº 750 também existe cobre e prata, mas podem ser usados paládio, níquel ou zinco. Tem uma cor amarela-esverdeada, também tons avermelhados e até branca. Esta liga é facilmente difundida, mas se contém mais de 16% de cobre a cor perde gradualmente o seu brilho. 

A liga de prova nº 375 contém: ouro 37,5%, prata 10,0%, cobre 48,7%, paládio 3,8% e é usada para fazer alianças.

Também existe uma vasta utilização de "ouro branco", que contém: 

Na liga de ouro de nº 583: prata 23,7-28,7%, paládio 13,0-18%, ou níquel 17%, zinco 8,7% e cobre 16%; 

Na liga de ouro nº 750: prata 7,0-15,0%, paládio até 14%, níquel até 4%, zinco até 2,4% ou níquel 7,5-16,5%, zinco 2,0-5,0% e cobre até 15%.

quarta-feira, 18 de dezembro de 2013

O tempo e a maneira


Diga-me uma coisa, senhor professor!...: 

Então para escrever uma lauda destas, não demora muito tempo, pois não!?... 

É que a gente nunca fôramos mandados à Mestra que, quando eu fui garoto, aqui deu escola. E uma das coisas que ainda gostava de ser capaz de fazer, antes de morrer, era apresentar assim umas ideias que trago na cabeça vai para um ror de anos e de várias maneiras.

Vem ao propósito uma práctica que numa das Quaresmas o padre de fora deitou do púlpito, sobre o tempo em que as coisas se fazem e a maneira como são feitas:

 Todos sabemos que o tempo não é igual para todos: começa ao vir a este mundo, ou a tempo ou fora de tempo; no tempo bom ou com frio e fome. Já quanto a maneiras também é cada coisa de seu feitio: uns são paridos como outro qualquer animal e outros nascem rodeados de médicos e enfermeiras, cercados de cuidados e aconchegos.

E se Deus, que é Deus e pode tudo, nasceu lá num palheirito e foi aquecido pelo burro e pela vaca, que para ele o tempo devia estar frio como para qualquer outro, naqueles dias de Natal, como podemos nós não aceitar o que a sorte nos guardou para nós? E estes nós, somos todos; os que pensam que podem fugir, tropeçam e caem.

Eu não ponho em causa o que todos temos de mais certo, como dizia um velho que havia aqui na terra e eu ainda cheguei a conhecer, a quem chamavam o ministro, talvez porque fosse muito examinado e gostasse de dar doutrinas. 

Dizia ele: tenho a certeza absoluta que nasci e hei-de morrer!...Mais nada!

Às vezes, acrescentava: tão certo como eu dizê-lo é poder garantir que ainda ninguém foi capaz de me contrariar, ou chamar-me mentiroso. 

Mas, quanto ao tempo e à maneira também ainda ninguém me soube esclarecer. É que mesmo os que estudaram muito ainda não foram capazes de alterar a ordem natural das coisas que umas vezes se resolvem pela força e outras pela falta dela.


Estas são algumas das coisas que gostava de poder ter escrito, senhor professor. 

Se não, um dia, como dizemos do ministro, hão-de dizer que eu dizia…e mais nada!.

quarta-feira, 11 de dezembro de 2013

Carrilhão


Um carrilhão é um instrumento musical de percussão, formado por um teclado que controla um conjunto de sinos de tamanhos variados. 

Os carrilhões são normalmente alojados em torres de igrejas ou conventos e são dos maiores instrumentos do mundo.

Os carrilhões apareceram no século XV, na Flandres, quando os construtores de sinos conseguiram aperfeiçoar a sua arte de modo a conseguirem que cada sino reproduzisse um tom exacto. 

A maior concentração de carrilhões antigos situa-se na Bélgica, Holanda e nas regiões do norte da França, Alemanha e Polónia, onde eram colocados como símbolos de orgulho das cidades mais ricas e como demonstração do seu status.

Como cada nota é produzida por um único sino, a amplitude musical do carrilhão é determinada pelo número de sinos que este possui. 

Com menos de 23 sinos (2 oitavas), o instrumento não é considerado um verdadeiro carrilhão. Em média, os carrilhões têm 47 sinos (4/5 oitavas), enquanto os maiores possuem 77 sinos (6 oitavas).

Sentado numa cabine por baixo do carrilhão, o carrilhonista pressiona as teclas com a mão protegida ou com o pulso. 

As teclas accionam alavancas e fios que ligam directamente aos badalos dos sinos; tal como no piano, o carrilhonista pode fazer variar a intensidade da nota de acordo com a força aplicada na pressão da respectiva tecla. 

Em conjunto com as teclas manuais, os sinos maiores, possuem também pedais que oferecem a possibilidade das notas graves, serem tocadas de duas maneiras diferentes.

Outro tipo de carrilhão é o Carrilhão Sinfónico ou de Orquestra. Estes carrilhões são formados por tubos ocos de diferentes tamanhos, soando diferentes alturas de notas. 

Os carrilhões são dispostos no sentido vertical, pendurados de maneira gradual, de acordo com os seus tamanhos. A batida no carrilhão é feita através de uma baqueta, batendo esta baqueta na extremidade superior do carrilhão. Os sons destes carrilhões assemelham-se muito a sinos de igrejas e são usados nas orquestras para produzir efeitos especiais.

Em Portugal existem vários carrilhões. Dois no Palácio Nacional de Mafra, um na torre da Igreja dos Clérigos no Porto, outro na torre da Sé Catedral de Leiria e um outro em Alverca, na Igreja da Paróquia de S. Pedro de Alverca.

Os carrilhões do Convento de Mafra são dos mais antigos da Europa. 

Foram mandados construir em 1730, em Antuérpia, na Bélgica, por D. João V que, por ter achado o preço baixo, mandou construir dois. 

Cada carrilhão é composto por 57 sinos, pesando o maior cerca de 10 mil quilos e o conjunto, mais de 200 toneladas.

terça-feira, 3 de dezembro de 2013

Palácio Nacional de Mafra



Mandado construir no séc.XVIII pelo rei D. João V, em cumprimento de um voto para obter sucessão, no casamento com Dª Maria Ana de Áustria, ou pela cura de uma doença de que sofria, o Palácio Nacional de Mafra é o mais importante monumento barroco de Portugal.

Construído com pedra lioz da região, o edifício de 68 metros de altura, ocupa quase 4 hectares (37.790m2). 

Tem 1.200 divisões, mais de 4.700 portas e janelas, 156 escadarias e 29 pátios e saguões. 

Para recheio do palácio real o rei encomendou obras de escultura e pintura a mestres italianos e portugueses. 

Os paramentos e alfaias religiosas são obras de mestres franceses e italianos. 

Da Flandres vieram 2 carrilhões com 92 sinos – o maior conjunto no mundo – (actualmente 114 sinos).

A construção, iniciada em 17 de Novembro de 1717, chegou a empregar, simultaneamente, 52.000 trabalhadores e, no final, muito para além dos inicialmente previstos, acabou por abrigar 330 frades, um Palácio Real, uma das maiores e mais belas bibliotecas da Europa, com um valioso acervo de 36.000 volumes – abrangendo todas as áreas de estudo do séc. XVIII -, decorada com mármores preciosos, madeiras exóticas e incontáveis obras de arte.

A completar toda esta magnificência alardeada pelo rei D. João V – só possível devido ao ouro do Brasil -, mandou o rei construir a imponente basílica, que foi consagrada no 41º aniversário do monarca – em 22 de Outubro de 1730, um domingo a que se seguiram festas de oito dias -.

Embora nunca tendo sido residência permanente da família real o Palácio-Convento de Mafra teve a atenção dos sucessores de D. João V. 

No reinado do filho, D. José, foi ali criada uma importante escola de escultura que, sob a direcção do mestre italiano Alessandro Giusti, produziu os retábulos de mármore da basílica. 

Também D. João VI – cujo Paço preferido era Mafra – encomendou, já nos finais do séc. XVIII, pinturas rurais para diversas salas e um novo conjunto de órgãos para a basílica.

A Real Tapada de Mafra, também criada por D. João V, em 1747, com o objectivo de proporcionar um adequado envolvimento ao monumento, não podia deixar de corresponder à grandiosidade do Palácio-Convento. 

Numa área de 1.187 hectares – 819 dos quais cobertos de floresta -, rodeada por um muro de alvenaria - pedra e cal -, com 3 portas, num perímetro de 21 Km. Em 1828, 2 muros dividiram a Tapada em 3 áreas isoladas.

O Convento foi incorporado na Fazenda Nacional em 30 de Maio de 1834 – extinção das Ordens Religiosas em Portugal – e desde 1841 até à actualidade foi acupado por diversos regimentos militares, sendo, desde 1890, sede da Escola Prática de Infantaria (convento e 1ª tapada de 360 ha).

Nos últimos tempos da Monarquia o Palácio foi visitado diversas vezes pela casa real, que ali ia fazer estadias passageiras, celebrar festas religiosas, ou caçar nas tapadas.

Decretado Monumento Nacional Dec. de 10.01.1907 e o Palácio Real transformado em museu pelo Dec. de 16.06.1910, abrindo como tal em 1911, com o nome de Palácio Nacional de Mafra.

segunda-feira, 25 de novembro de 2013

Alecrim


alecrim (Rosmarinus officinalis) é um arbusto  vulgar, na zona mediterrânica, entre 0 e 1500 m de altitude, em solos calcários.

Devido ao seu aroma típico, em Latim era rosmarinus, que significava orvalho do mar.

Como qualquer outro nome vernáculo, o nome alecrim é por vezes usado para referir outras espécies, nomeadamente o rosmaninho, que possui exactamente o étimo rosmarinus

No entanto estas espécies de plantas, alecrim e rosmaninho, pertencem a dois géneros distintos, Rosmarinus e Lavandula, apresentando diferenças as morfologias das duas espécies, em particular, a forma, coloração e inserção da flor.

Descrição - Arbusto muito ramificado, sempre verde, com hastes lenhosas, folhas pequenas e finas, opostas, lanceoladas. A parte inferior das folhas é de cor verde-acinzentada, enquanto a superior é verde brilhante. 

As flores reúnem-se em espiguilhas terminais e são de cor azul ou esbranquiçada. O fruto é um aquénio – seco, monospérmico, indeiscente, com semente erecta -. Floresce quase todo o ano e não necessita de cuidados especiais nos jardins. 

Toda a planta exala um aroma forte e agradável.

Utilizada com fins culináriosmedicinais e religiosos, a sua essência também é utilizada em perfumaria - na produção da água-de-colônia -, pois contém taninoóleo essencialpinenocânfora e outros princípios activos que lhe conferem propriedades excitantes, tónicas e estimulantes.

A sua flor é muito apreciada pelas abelhas produzindo assim um mel de extrema qualidade. É vulgar a plantação de alecrim perto dos apiários, para influenciar o sabor do mel.

Cultivo - Devido à sua atractividade estética e razoável tolerância à seca, é utilizado em arquitectura paisagista, especialmente em áreas com clima mediterrânico. É considerada fácil de cultivar para jardineiros principiantes, tendo uma boa tolerância a pragas.

O alecrim é facilmente podado em diferentes formas e tem sido utilizado em topiária – arte de formar várias configurações, através das plantas -. 

Quando cultivado em vasos, deverá ser mantido de preferência aparado, de forma a evitar o crescimento excessivo e a perda de folhas nos seus ramos interiores e inferiores, o que poderá torná-lo um arbusto sem forma e rebelde. Apesar disso, quando cultivado em jardim, o alecrim pode crescer até um tamanho considerável e continuar uma planta atraente.

Pode ser propagado a partir de uma planta já existente, através do corte de um ramo novo com cerca de 10 a15 cm, retirando algumas folhas da base e plantando directamente no solo.

Entre as variedades seleccionadas para uso em jardim, referimos: Albus - flores brancas, Arp - folhas verde-claro, fragrância a limão, Aureus - folhas com pintas amarelas, Benenden Blue - folhas estreitas, verde-azulado-escuro, Blue Boy - anã, folhas pequenas, Golden Rain - folhas verdes, com raios amarelos, Irene - ramagem laxa, rastejante, Lockwood de Forest – selecção rastejante de Tuscan Blue, Ken Taylor – arbustiva, Majorica Pink - flores cor-de-rosa, Miss Jessop's Upright - alta, erecta, Pinkie - flores cor-de-rosa, Prostratus, Pyramidalis (também conhecida como Erectus) - flores azul-pálido, Roseus - flores cor-de-rosa, Salem - flores azul-pálido, resistente ao frio e semelhante à Arp, Severn Sea - baixa, espalhando-se e enraizando-se pelo solo, com ramos em arco; flores violeta profundo, Tuscan Blue - erecta.

Plantio - Deve ser plantado preferencialmente na Primavera ou no Verão. O ideal é por meio de mudas, mas pode ser plantado através de sementes. Neste caso a planta demora bastante tempo para se desenvolver. 

Deve regar-se a planta, levemente, apenas quando o solo estiver seco a mais de 2 cm de profundidade.

Utilização culinária – Fresco (preferencialmente), ou seco. É utilizado na preparação de avescaça, carne de porco, salsichas, linguiças e batatas assadasNa Itália utiliza-se em assados de carneirocabrito e vitela. Em churrascos, espalha-se um punhado sobre as brasas do carvão , perfumando a carne e difundindo um agradável odor no ambiente. Usa-se em sopas e molhos.

Aplicações medicinais - Flor do Alecrim - A medicina popular recomenda o alecrim, como um estimulante, às pessoas débeis, e como analgésico, adstringente, antidepressivo, antirreumático, antisséptico e antiespasmódico. Usa-se, ainda,  para combater febres intermitentes e a febre tifóide.

Uma tosse pertinaz desaparecerá com infusões de alecrim, que também se recomendam às pessoas cujo estômago seja preguiçoso. 

Tem propriedades carminativas – expulsão de gases intestinais -, emenagogas – provoca ou favorece a menstruação -, desinfetantes e aromáticas, registando-se, recentemente, uma importância crescente na aromoterapia. É relaxante muscular, activador da memória e fortalecedor dos músculos cardíacos. Favorece a concentração mental e estimula a capacidade de memória.

Estudos recentes têm evidenciado a importância do alecrim no combate à Doença de Alzheimer e na protecção das células contra os radicais livres que favorecem o surgimento do câncer e doenças cardíacas, entre outras.

Tradicionalmente usado para combater pulgas e piolhos, bem como o tratamento de problemas capilares.

Uma infusão de alecrim faz-se com quatro gramas de folhas numa chávena de água a ferver. Toma-se depois das refeições. Possui grande quantidade de hesperidina - um bioflavanóide com efeitos anti-nociceptivos – contra agentes nocivos ao nível da pele ou mucosas – comprovados, contra a gota -.

Utilização religiosa – Nos templos e igrejas, o alecrim é queimado, como incenso, desde a mais remota  antiguidade. Na Igreja Ortodoxa Grega, o seu óleo é utilizado, até aos nossos dias, para unção.

Nos cultos de afro-religiões, como Umbanda e Candomblé, é utilizado em banhos e como incenso.

O povo costuma esfregar folhas de alecrim nas mãos e depois cheirá-las. Garantem os utilizadores de tal práctica que não há dor de cabeça que resista e coisas que há mito tempos andavam longe da memória surgem como que por milagre.

Lembro-me de uma Professora da escola da minha aldeia que pendurava, regularmente, ramos de alecrim nos quatro cantos da sala de aula. Gabava-se que os seus alunos eram bastante bons nas contas e nas disciplinas que envolviam mais memória, devido a essas plantas.


E, já que o alecrim é uma planta tão vulgar, porque não acreditar nos velhos hábitos da minha professora e esfregar umas folhas de alecrim nas mãos, aproveitando-lhes, depois, o aroma? 

E, já agora, verifique se demora menos tempo a fazer as palavras cruzadas, ou a completar o sudoku de nível mais difícil? 

quinta-feira, 7 de novembro de 2013

Curral tradicional na Beira Alta raiana

O curral situava-se, normalmente, em frente da casa. 

Bem murado, por paredes altas, de pedra seca. 

Entrava-se nele por uma larga abertura com portões de ferro, de madeira chapeada com folha metálica, ou apenas de madeira. Nas casas menos abastadas a entrada no curral era apenas protegida por cancelas. E havia até alguns completamente abertos.

As giestas e a lenha iam para um monte num canto do curral, ou eram colocada nas “tchapanas” (choupanas). 

Os carros de vacas, carroças das burras, arados, grades, rastras, corças (zorras grosseiras) e outras ferramentas e alfaias agrícolas, arrumavam-se também no curral, junto dos sêtos de caniço ou madeira (usados à frente e na retaguarda dos carros de vacas) e os estadulhos que só se usavam nas carradas de palhas, fenos e ramas de árvores.

No Verão, ou quando o calor do sol quebrava o frio, as vacas, cabras e ovelhas saíam das cortes e iam ajudando a enriquecer o estrume que à medida que ia estando pronto se juntava num canto, antes de ser carrejado para as terras de cultivo e lameiros.

O estrume, saído da “lóije” ou da corte do gado, amontoava-se na parte mais baixa do curral. 

Era um dos lugares predilectos das galinhas que, depois de debicarem as viandas que lhes deitavam, ali se entretinham, a rapar, para descobrir vermes e outros bichitos com que se iam satisfazendo, nos intervalos das idas e vindas ao bebedouro, onde molhavam o bico.

Essas pias eram de granito, mas havia algumas de ferro, que, ao que se dizia, foram deixadas pelos franceses das Invasões Francesas. Eram restos de munições dos canhões.

Até meados do século passado, as galinhas e até os porcos, andavam livremente na rua que, na testada de cada casa, estava juncada com palha, rama, mato e outros restos de plantas. 

Ao anoitecer todo o “vivo” sabia onde devia ir ter, recolhendo às cortes e aos poleiros.

Pelos anos oitenta, foram proibidas as estrumeiras nas vias públicas e a GNR começou a multar os proprietários dos porcos e galinhas encontrados na rua. 

Alteraram-se, assim, os hábitos; muitas ruas foram calcetadas e posteriormente asfaltadas. 

Em muitas localidades foram feitas redes de esgotos, canalizações de água ao domicílio e todas as casas construídas ou modificadas passaram a ter, obrigatoriamente, casa de banho, ou, pelo menos, retrete.

Os poleiros onde dormiam as galinhas e as cortelhas dos porcos situavam-se debaixo das escaleiras que davam acesso aos balcões do piso de cima, ou numa pequena construção autónoma, ligada ao curral. 

Nestes casos o poleiro era sobreposto à cortelha.

Ao lado da habitação e, não raro, como continuação desta, erguia-se o cabanal. 

Era uma construção que abrigava a corte (para vacas, burra ou cavalo), o palheiro (para palha e feno) ou servia de arrecadação. 

Tinha, por vezes, uma cozinha onde se faziam as refeições e se preparavam as viandas para o “vivo”. 

Podia albergar o poleiro e a cortelha.

As aberturas por onde as galinhas entravam e saiam do poleiro eram pequenas e, à tarde ou à noite, depois delas entrarem, era fechada com uma pedra pesada para evitar a entrada das raposas. 

No poleiro fazia-se o “linheiro”, onde se conservava sempre um ovo: o “indês”. 

Actualmente os currais são logradouros, a corte é a adega e a cabana do carro a garagem. 

Outros tempos.

sexta-feira, 1 de novembro de 2013

Agiotagem

       
Os princípios basilares de qualquer país atravessam, transversalmente, os mais elementares preceitos e normas de vida em sociedade e da preservação dos direitos humanos.

Qualquer cartilha constitucional, de qualquer país, segue, na essência, as mesmas doutrinas filosóficas e sociais. Nunca se viu uma ditadura que, na boca dos seus dirigentes, não seja a mais pura das democracias. 

Passando do plano teórico e retórico ao prático e real, vemos que as noções básicas e nobres, que sempre caracterizaram os portugueses e outros povos, tais como a simplicidade, honradez e dignidade, a par do humanismo, bom senso e lucidez, estão a ser trocadas, menosprezadas e até achincalhadas.

Os dirigentes e candidatos a qualquer coisa, aceitam, com aparente plena tranquilidade de consciência, que o futuro do filho do operário será diferente do do filho do quadro superior, ou do endinheirado. 

A diferenciação dos cuidados médicos, educação, enquadramento social, preparação académica e profissional, com curso superior garantido, mesmo que seja pelo dinheiro da família. 

Mantêm-se, em Portugal, quase quarenta anos após a criação das grandes esperanças, a inércia e o poder; na essência, o “status quo”, que garanta a estabilidade social.

A agiotagem prolifera numa sociedade cada vez mais fechada. Os negócios escuros, ou não completamente claros, movimentam um submundo, desprezível do ponto de vista ideológico mas, economicamente, condicionador de grande fatia da economia global.

A tradicional “cunha” está aí, para lavar e durar. 

A enorme mole de funcionários públicos já não tem caracterização condigna, está a ser implacavelmente substituída por quadros técnicos, e deixados os resistentes entregues a si próprios, em muitos casos, de esquema em esquema, de avaliação em avaliação, até que surja um ponto de arrumação.

Os pilares básicos da ordem social, nomeadamente a família, são ignorados, ou atacados. 

As acções de educação e alfabetização de adultos e apoio a reformados e inválidos, são atropeladas por apoio a tóxico-dependentes, criminosos e marginais e pelo controlo de grupos com capacidade de intervenção política e peso eleitoral.

Surgem então os eternos candidatos a qualquer coisa, sob a forma de subsídio, emprego – não confundir com trabalho –, cargo político, administrativo, governamental. 

Depois vêm os que detendo qualquer influência – ou tal fazendo crer –, estão sempre dispostos a ajudar quem precisa, a conseguir isto ou aquilo, a furar os esquemas da burocracia…A troco de… 

A agiotagem chegou aos sindicatos, talvez melhor dizendo aos sindicalistas, que vão ao despudor de cobrar, aos trabalhadores, altas percentagens das indemnizações, por extinção de postos de trabalho, em empresas extintas.

quarta-feira, 23 de outubro de 2013

Os alfabetos


A escrita constitui uma das grandes conquistas da Humanidade; são enormes e inúmeras as transformações por que passaram os diversos sistemas de signos usados para exprimir, graficamente, a linguagem.

Um longo caminho foi percorrido, desde os 20.000 ideogramas, simples e compostos, usados na Suméria (baixa Mesopotâmia) há 5.000 anos, até às vinte e poucas letras dos alfabetos actuais.

Nesta breve análise não vamos estudar a evolução da escrita; faremos apenas uma breve análise aos diversos alfabetos, cuja criação foi a grande conquista da escrita.

A palavra “alfabeto”, de origem latina (alfhabetum), é constituída pelas 2 primeiras letras do alfabeto grego (alfa e beta). 

Vamos, porém, um pouco mais atrás, no tempo.

O alfabeto fenício, com 3.000 anos, tem apenas 22 signos e parece basear-se na escrita do proto-Sinai (anterior ao séc. XV a.C.). 

A possibilidade de escrever qualquer palavra com 22 signos confere ao alfabeto fenício a chave da sua expansão; esta simplicidade tornou-o no mais difundido dos alfabetos antigos. 

A partir do séc. X a.C. foi adoptado pelos Arameus, Nabateus, Sírios, Persas e Hebreus, defendendo alguns autores que dele deriva o alfabeto árabe.

A adopção do alfabeto fenício pelos Gregos, cerca do séc. VIII a.C., foi o facto de maior transcendência para a nossa civilização. 

Chegaram, todavia, no séc. VI a.C., diversos aperfeiçoamentos e transformações, ao alfabeto grego clássico que acabou composto por 24 letras – vogais e consoantes –.

Deste alfabeto surgiram escritas de populações não helénicas (etruscos, lícicos). 

Já na Idade Média, formar-se-iam, a partir do grego, o alfabeto gótico e os alfabetos eslavos. 

A partir do alfabeto etrusco e outras escritas itálicas, formou-se o alfabeto latino, cujos primeiros documentos datam do final do séc. VII a.C. 

Por volta do séc. I a.C., o alfabeto latino encontra-se perfeitamente constituído, constando dele as nossas actuais 23 letras. 

Com o Império Romano, o alfabeto latino impôs-se em todo o mundo ocidental, a maior parte do qual eram colónias romanas. 

Também em Portugal é com ele que escrevemos.

Terminamos com a última quadra do poema “O edital”, do grande Augusto Gil, como exemplo da boa escrita e de quanto vale o seu ensino…

-Olhai, amigos, quanto pode o ensino…
Sois homens, alguns pais, e até avós;
Pois só por saber ler, este menino
É já maior do que nenhum de vós!

                                                               Augusto Gil

quarta-feira, 16 de outubro de 2013

História da sanita



A sanita é um tema como qualquer outro, só que bastante importante. O saber não ocupa lugar e não há idade para aprender.

Há mais de 4.000 anos, já em Creta, no palácio de Cnossos, se aplicava uma espécie de sanita. Tinha uma cisterna, uma pia e um canal de descarga de água. 

Todavia, a generalização do processo foi muito lenta, embora não sendo cretinos os de Creta (são cretenses).

Depois, os Romanos, não utilizavam dispositivos individuais; tinham assentos corridos, com várias aberturas, para os diversos utentes, e, por baixo, uma vala comum, com água corrente, encaminhava os dejectos até ao depósito apropriado.

Há apenas dois séculos que as fossas sépticas, providas de sifão, servem as casas particulares.

Durante quatro milénios os despejos eram atirados à rua, após aviso prévio. 

Ficou célebre o grito “vai água!...”, simultâneo com o arremessar de toda a espécie de dejectos, pela janela, ou porta fora.

Os pioneiros deste processo de mudança higiénica foram os ingleses.

O poeta John Harington desenvolveu, em 1597, o “water closet” de válvula, baptizando-o de Ajax, e promovendo a sua instalação no palácio da rainha Isabel I, em Richmond.

Em 1775, ou seja, passados quase dois séculos, John Cummins, patenteou um w.c. de cisterna, que viria a ser aperfeiçoado, poucos anos depois, por Samuel Prosse, com a sua válvula esférica.

Menos de um século depois, em meados do século XIX, os serviços ingleses de Saúde Pública publicaram a célebre acta que obrigava a instalar um serviço sanitário, em todas as casas que se construíssem, no futuro.

Nos finais do século XIX, segundo referências de 1890, a postura inglesa estava adoptada em toda a Europa. Pelo menos a ideia era aceite em todos os países deste continente. 

Em Portugal o saneamento básico há-de chegar um dia, esperamos que ainda este séc. XXI, a todo o território; são apenas dois séculos de diferença para o decreto dos ingleses… 

Mas também uma coisa inventada por um poeta talvez não fosse para levar muito a sério!...

O sistema recebeu, pelo mundo, as mais variadas designações, de um modo geral de acordo com o local onde era instalado.

Na Inglaterra o povo continuou a chamar-lhe john, em homenagem ao poeta inglês, John Harington que foi, indiscutivelmente, o seu criador.

terça-feira, 8 de outubro de 2013

Sebastiões

A etimologia do nome Sebastião, gramaticalmente clara, deixa algumas hipóteses e histórias do domínio popular. 

É muito forte a devoção ao Mártir S. Sebastião, e poderá ser a origem de muitos nomes.

Segundo José Pedro Machado (Dicionário Onomástico Etimológico da Língua Portuguesa), Sebastião chegou à Língua Portuguesa, através da latinização do grego Sebastianós, na forma Sebastianu-. 

A palavra grega significa “augusto, venerável”.

Na Língua Portuguesa tem tido diversas variantes, sendo a mais corrente, e muito vulgar “Sabachão”. 

E, sendo um nome bastante vulgar, falemos, agora, de Sebastiões (mais do que um Sebastião, ou seja, o nome no plural).

Se o étimo latino de Sebastião é Sebastianu-, a haver plural, teríamos, por correspondência com o latim Sebastianos, o português Sebastiãos. 

Mas se João permite o plural Joões, apesar da etimologia que faria supor Joães (Johanne >Johannes > Joães), diremos que Sebastiões é, não só forma possível, mas até preferencial. 

De facto os nomes próprios, acabados em –ão, têm tendência a formar um plural, não etimológico, em –ões. 

Passemos, agora à força do uso da língua e dos costumes e usos populares: 

Quando o encarregado do Registo Civil perguntou ao ganhão, que se apresentou para registar 2 netos gemeos, se os ditos eram masculinos ou femininos, o velho deu um salto e exclamou: 

“Qual Marcolinos, qual Forminos!... Sabachões, como os avões!... 
E hão-de ser ganhões dos mesmos patrões!... 

Mas eu explico: Um Sabachão Manel e outro Manel Sabachão

E, por bondade e compreensão do empregado no Registo Civil, lá ficaram os registos de Sebastião Manuel e Manuel Sebastião.

Como curiosidade acrescentemos que, nos últimos anos, tem sido muito usado o nome Sebastião nos rapazes que nasceram nalguns países.

Em 2008 – foi o 98º nome mais usado nos Estados Unidos. 

Em 2007 – foi o 86º nome mais usado na Inglaterra e País de Gales; o 38º na Suécia; o 37º na Noruega e o 5º na Nova Gales do Sul e Austrália. 

Em 2006 – foi o 5º nome mais usado no Chile. 

Nota: Não temos estatísticas dos Registos, em Portugal; agradecemos a sua ajuda, estimado leitor.

segunda-feira, 30 de setembro de 2013

A mula



A mula é um animal híbrido, resultante do cruzamento de um jumento (Equus africanus asinus) com uma égua (Equus caballus). 

É estéril; um ponto final na biologia dos equídeos, pois resulta do cruzamento de espécies diferentes: cavalos e burros, com nº diferente de cromossomas (64 e 62).

Resultante desse cruzamento a mula (63 cromossomas) é estéril. 

Nos últimos 5 séculos, apenas foram registados 60 casos de mulas não estéreis. 

Já os romanos tinham um aforismo, para classificar acontecimentos impossíveis: “cum mula peperit”- quando a mula parir

Até que ela pariu e começou a História e as histórias em volta deste pacato animal, que até virou adjectivo.

Agrupa características positivas de duas raças, que lhe conferem apetência para o transporte de cargas e utilização em zonas de topografia acidentada. 

Em Portugal é usada nos trabalhos agrícolas, como animal de tiro, de carga e de transporte. 

Bem mais rico é o historial de um dos progenitores da mula: o burro – do Latim “burrus”- vermelho

Tido como símbolo de pouca inteligência e teimosia, precisamente pela origem do seu nome. 

Esta associação de vermelho com a falta de inteligência vem dos dicionários antigos –vulgarmente com capas vermelhas– dando a ideia de que os burros eram sedentos de sabedoria. 

Nada a ver!...

Os burros são animais muito valentes. 

Quando se assustam, não fogem! Apenas zurram com força! 

É o único animal, do seu tamanho, que não retrocede perante o leão

É, por isso, usado em África, para proteger os rebanhos. 

Dada a precisão do coice e a violência da mordidela, os cães recuam diante dos burros.

O burro, ou asno, foi domesticado, pela 1ª vez, na Etiópia e Somália, há 6.000 anos. 

Foi usado, como meio de transporte, muito antes dos cavalos, originários da Ásia e criados pela sua carne. 

Com os burros deu-se a primeira grande expansão do comércio, aproveitando este animal dócil, capaz de levar mercadorias com o peso de mais de um terço do seu próprio peso.

Nos últimos 10.000 anos, de 148 mamíferos de grande porte (mais de 45 kg), da Terra, só 15 foram domesticados. 

E destes, só 7 se adaptaram a animais de carga para zonas montanhosas: cavalo, camelo, bactriano, lama, alpaca, burro e yak.

Na área rural da Índia o leite de burra é muito utilizado como alimento infantil. 

Análises recentes revelam que o leite de burra é muito rico em oligossacarídeos, carbohidratos com potentes qualidades imunoestimulantes. 

Há até quem lhe reconheça efeitos semelhantes ao Viagra. 

Parabéns Cleópatra!...